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segunda-feira, 19 de março de 2012

O retorno

Semana passada foi muito atribulada com os preparativos para o teste. Na quarta feira terminamos de acertar a fixação dos tanques, colocamos o leme do leme de vento e fizemos a montagem fora do suporte, verificando se todas as peças estavam presentes e encaixavam. Além disso, compramos mantimentos e avisamos à direção da marina sobre nossa pequena aventura.

Na quinta as coisas andaram mais devagar que o planejado, mas fizemos muita coisa. Terminamos de instalar o leme de vento, instalamos uma escada na plataforma de popa (para facilitar entrar e sair do barco), colocamos os guarda mancebos de volta no lugar e a outra boia salva-vidas. Um passo importante foi o içamento, pela primeira vez, das bandeiras no barco.

O que deveria ser uma partida pelo final da manhã se tornou uma partida no meio da tarde. O imediato mais uma vez decidiu praticar acrobacias na hora de soltar as amarras. Acho que ele faz isso para demonstrar agilidade... O vento insistia em jogar o barco contra o pier. Então tive que lembrar das aulas de marinharia para como folgar a proa do barco com o vento contrário. Consegui fazer, o problema foi que o leme não estava reto quando coloquei o barco para adiante e acabamos voltando à posição original. Tivemos a ajuda de algumas pessoas da marina para dar um empurrãozinho na proa para seguir adiante.

Como a quilha não estava toda para baixo, o barco seguiu com uma certa deriva lateral. Após passar a ponte abrimos o jibe, a primeira vela do anjin a ser utilizada. O barco seguiu desequilibrado derivando muito laterlmente. Importante lembrar que o vento estava contra. Depois enrolamos o jibe e desenrolamos a genoa. O barco passou a andar mais rápido e mais desequilibrado. Como não gostamos da próxima ancoragem rio abaixo resolvemos voltar (com vento a favor) para ancorar a poucas centenas de metros da marina. Fiquei feliz pela velocidade do barco ter dobrado com o vento a favor.

A ancoragem foi quase tranquila, exceto por um problema com a corrente da âncora que não está adequada ao guincho do barco. Como não tinha o manual do guicho, utilizei as correntes que vieram com o barco. A corrente desce sem problemas, a dificuldade está na hora de içar pois a corrente eventualmente escorrega, tornando o processo mais demorado e trabalhoso.

A noite foi tranquila e a manhã também. Seguimos rio abaixo com a mestra e genoa, mas com o vento contra. Não teve nenhum través e eu passei o dia frustrado com a velocidade. No contravento estávamos a 1/3 da velocidade do vento, com vento entre os 50 - 20 graus. O barco não anda com vento contra, ele começa a derivar antes, mas é preciso lembrar que a bolina não estava toda para baixo. O recorde de velocidade no dia foi de 6.5 nós em um vento variável com rajadas de 18.

Infelizmente no final da tarde percebemos um problema com o motor. O termômetro acusou um superaquecimento. Ao investigar percebemos que não saia água do escapamento (o motor do barco puxa água salgada, circula-a por um trocador de calor e mistura a água salgada quente com os gases do escapamento). Só que no caso saía só fumaça do escape. Isso aconteceu ao precisar dar uma forte ré para tirar o barco de um princípio de encalhe. Com os ventos fracos e contravento o barco era jogado para fora do canal e eventualmente era preciso usar o motor para voltar ao canal e ao vento mais favorável. Depois de uma dessas o motor apresentou esse problema.

Mais no final da tarde com esse problema de vento contra, canal estreito e confiança excessiva nas boias acabamos encalhando. Como no rio não tem maré não dava para esperar pela maré cheia para sair. Com o guincho da âncora funcionando precariamente e sem motor para dar ré não podíamos fazer muita coisa. A solução foi baixar as velas e chamar um reboque. Como estávamos sem motor, recomendaram trazer o barco de volta à marina. Nosso final de noite foi esperando o barco guinho e depois mantendo o barco no curso do rebocador até à marina. Chegamos de volta de madrugada.

Esse foi um incidente sem maiores consequências, mas que em outras condições poderia ter tido repercussões muito sérias. Além da lista de ajustes e consertos que fizemos tentamos extrair aprendizados para as próximas saídas. Apesar de mais curta que imaginado, a experiência foi muito rica para sinalizar como organizar as tarefas a bordo e o que ainda é preciso trabalhar no barco. O piloto automático, por exemplo, não funcionou. Dessa forma vamos organizando a nossa partida.

2 comentários:

  1. Cada vez mais torcemos mais pra tudo dar certo. BAMP

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  2. Afinal, a melhor maneira de viajar é sentir.
    Sentir tudo de todas as maneiras.
    Sentir tudo excessivamente,
    Porque todas as coisas são, em verdade, excessivas
    E toda a realidade é um excesso, uma violência,
    Uma alucinação extraordinariamente nítida
    Que vivemos todos em comum com a fúria das almas,
    O centro para onde tendem as estranhas forças centrífugas
    Que são as psiques humanas no seu acordo de sentidos."
    Álvaro de Campos
    O importante é ir, assistir ao sol nascer, ouvir os pássaros cantar, ver as águas dos rios correr, morrer e nascer, nascer, nascer... Fiquei feliz, feliz!

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