Enfim chegou o dia.
A travessia do canal é hoje. Corre corre insano por aqui. Acertar coisas no barco, comida e bebida para os tripulantes, documentos, combustível. Ainda tenho muito o que fazer hoje antes dos linehandlers chegarem às 11:00.
Depois passo os detalhes.
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sábado, 30 de junho de 2012
sexta-feira, 29 de junho de 2012
Fotos travessia
Alguns momentos da travessia.
O priimeiro clandestino a gente nunca esquece |
Escondendo as olheiras |
Observando a direção das ondas |
Galão de água (azul), gasoliana (vermelho) e diesel (amarelo) |
Cada simbolo desses é um navio ancorado no porto que o alarme do AIS avisava. O anjin é o barco preto no centro |
a |
água tão clara na marina que dá para exergar o hélice |
anjin na vaga provisória |
idem |
Aleixo ferido
A vida nos trópicos
A semana passou voando, mas com muitos avanços.
O principal é que estou com data para atravessar o canal. No sábado à tarde eu devo dar adeus ao Atlântico, que me acompanha desde minha infância, para dormir em um lago (dejá-vu do Paranoá, imagino). Domingo de manhã será a travessia do lago Gatum e na hora do almoço deverei colocar a quilha no Pacífico. E aí começa um novo capítulo da aventura.
Ontem tive que ir novamente ao centro para comprar umas mangueiras, silicone para vedar os fios no pé do mastro e um terminal para o alternador que tinha soltado na viagem. Só que sem eu planejar, aparece o despachante no barco às 0645 para eu pagar o valor da travessia. E enquanto eu estava no centro aparece o mecânico! Mas deixa eu explicar.
O despachante apareceu aqui porque um americano que estava fazendo a travessia na segunda teve problemas com o motor do barco, superaquecimento. Como o barco não podia se mover ele teve que chamar um reboque do canal. Como precisou chamar o reboque teve que pagar hora extra para o piloto que ia no barco. E como o piloto atrasou teve que pagar um outro transporte para pegá-lo. O coitado morreu em 800 dólares nisso. No dia seguinte ele consertou o problema. Entretanto, logo depois o barco superaqueceu novamente. Repetiu-se todo o procedimento do dia anterior, mais o adicional por ficar parado no meio do lago. Além disso, dessa vez ele chamou mecânicos. E ele teve que pagar para troca dos linehandlers que estavam no barco, por isso que o despachante estava por essas bandas. Muito azar do americano.
Sim, mas o mecânico que eu contratei já estava no barco quando voltei do centro. Ele consertou o vazamento de óleo (ou pele menos tentou). Eu tinha descoberto que era no suporte da base do filtro por onde vazava o óleo. Ele olhado achou que era pela base da bomba injetora, e dali o óleo escorria para a base do filtro. De acordo com ele, ambos não tem juntas, por isso tudo que ele podia fazer era apertar os parafuso. Ele também trouxe de volta meu alternador velho e me mostro um vídeo que ele gravou com os testes que ele fez. Gostei disso. Sobre o regulador que não está funcionando direito ele explicou que a marca não vende no Panamá e nem tem assistência técnica aqui. Recomendou mandar de volta para o fabricante (segunda pessoa que recomenda isso). Ele percebeu que o conta-giros estava conectado errado e corrigiu o problema.
Ontem comecei a montar o Aleixo de volta, mas a chuva não ajudou. Então me concentrei na questão dos tanques. Fui forçado a remover o filtro que existia na linha de entrada porque ele estava dificultando o ar sair dos tanques. Coloquei uma mangueira de maior diâmetro e deixei ela de uma forma que a água não empoça e segue direto para os tanques permitindo o ar sair. Onde havia um "T" na tubulação eu coloquei um Y com chave, assim é possível controlar para qual tanque a água está indo.
Apesar da chuva que caiu quase o dia inteiro, dei uma enxaguada nos colchões para tirar o sal acumulado durante as molhações e tentar eliminar a água salgada que havia se alojado na espuma e mantinha os colchões úmidos. Em breve deverei receber visitas e as instalações precisam estar a altura da importância dos meus convivas.
No final do dia limpei o porão embaixo do motor, removi a mangueira da bomba de porão e deixei a bomba pronta para ser substituida amanhã. Não sei se comentei, mas durante a travessia a bomba deu problema. Acho que ela queimou porque ao recolocarem o motor no lugar, a mangueira ficou roçando o eixo e furou. Assim, a água bombeada voltava ao porão e a bomba não parava nunca, até queimar.
A marina esvaziou ainda mais. Mas hoje à noite tinha alguém escutando música eletrônica alta em algum barco aqui no pier, duvido que seja algum tiozinho.
terça-feira, 26 de junho de 2012
Chegada no Panamá
A aproximação do porto de Cristobal após duas semanas e 1620 milhas náuticas. Uma corrida para chegar na marina ainda com luz.
segunda-feira, 25 de junho de 2012
As soluções econômicas
Há umas semanas critiquei via Facebook os empresários do Rio que estava esfolando os participantes da Rio + 20 cobrando diárias de hotel ultrajantes. Detesto essa abordagem de "vamos cobrar caro do turista porque ele é rico e pode pagar". Isso é muito comum na América Latina onde percebe-se em vários lugares um preço MUITO diferenciado para o nacional e para o turista. Parte-se do princípio que os nacionais são todos muito pobres e o turista é sempre rico por isso está justificado meter a faca nele. É o predomínio da visão de curto prazo. Ninguém lembra do detalhe que se for caro o turista não volta e ainda fala para outros que foi caro.
Os eventos recentes no Panamá deixam isso claro. Hoje paguei US$105,00 por um carimbo no passaporte. Eles chamam de visto, mas foi só um carimbo. Breu argumentou que o Brasil cobra visto dos americanos. Bem, o país faz isso por reciprocidade. E os EUA cobram, de fato, por vistos. Pelo menos o visto para os EUA permite múltiplas entradas e tem validade de dez anos. O carimbo panamenho no meu passaporte já é uma entrada, exige uma taxa de saída, tem validade de um ano e só pode ser usado uma vez. E para complicar, ele pode ser taxado ou não. Dependendo de onde você dê entrada no país não existe essa cobrança para o mesmo carimbo. Outro exemplo foi a autorização de cruzeiro. US$198,00 para o barco estrangeiro e US$13,00 para o barco nacional. Aos cruzeiristas eu recomendo, se possível, evitar o Panamá. E se não der para evitar, que não entrem por Colón. Quem vier de avião não precisa se preocupar.
Acho que estou mal humorado com isso. E eu ficava olhando a burocracia latina..., não que no Brasil seja diferente. Mas é que aqui rolou um deja vu com minha infância: móveis velhos para os usuários, cadeiras menos velhas para os funcionários. Pastas por todos os lados empilhadas em cima de mesas velhas. Um ar condicionado decrépito tentando vencer o calor caribenho. Tudo com nome do funcionário e número de patrimônio escrito com "liquid paper". Em nenhum lugar era possível ver uma tabela de preços. E carimbos, muitos carimbos. Acho que os 105,00 devem ser para comprar carimbos e pastas. Além dos documentos que entreguei para a imigração aqui no posto avançado na marina, precisei entregar cópia de tudo novamente no serviço de imigração. Tive que colocar minha impressão digital em um questionário que pedia minha altura, cor dos olhos, cabelo e pele. Já estava esperando perguntas sobre orientação sexual e doenças.
Mas pensando bem, o serviço de imigração até que é avançado. Cada funcionária tinha um computador (só vi um home lá e não estava uniformizado), as paredes não tinham furos. O prédio da autoridade marítima tinha muito entulho, grandes goteiras, forro do teto caindo, piso muito velho e pouquíssimos móveis, todos com cara de anos 60. Havia um outrora belo elevador com porta pantográfica acumulando poeira. Escada para todos. Que se dane a acessibilidade. Todo turista tem que ser rico, conseguir subir escadas e advinhar o número das salas. No departamento que fui o funcionário datilografava cada autorização de cruzeiro. Cada vez mais acredito que a burocracia panamenha é predominantemente feminina. Havia tempo que eu não via uma máquina de escrever. Pelo menos era elétrica. As outras duas funcionárias repartiam um mesmo computador (com impressora). Na parede um quadro de giz com o nome de embarcações com a partida proibida. E muitas notas escritas a lápis nas paredes. Nesse prédio as salas eram enormes com os poucos móveis lutando para ocupar o espaço. As indefectíveis pastas ocupavam os vazios perto das paredes. Mas os funcionários são gentis, exceto a funcionária da imigração (que conseguiu me surpreender ao sorrir e oferecer uma cópia do recibo dos US$105,00).
Enquanto a cidade do Panamá tem partes modernas e avançadas, Colón tem a cara das salas das repartições públicas. Tudo é acanhado, em várias partes o esgoto corre a céu aberto até chegar em uma boca de lobo (e imagino que dali vá para o mar). Alguns garis tentam dar conta do lixo, mas todo bueiro que vi estava repleto de copos plásticos e embalagens diversas. Imagino o que deve acontecer quando chove forte. Para onde deve ir o exército de ratos e baratas bem nutridos que vivem ali?! Nunca fui a Cuba, mas os prédios do centro entre a Calle 13 e 11 eram o que imagino da terra dos charutos. Paredes desbotadas e arquitetura antiga. A população aqui, aparentemente, tem muito mais negros do que na Cidade do Panamá. Hoje, ao contrário da semana passada, tinha um policial em cada esquina. Alguns deles montados em Mountain Bikes Giant novinhas, bem diferentes das bicicletas genéricas que vejo os policiais usando no Brasil. E há placas dizendo: cuide bem do turista, dele depende o futuro de nossa cidade. Aí eu lembrava dos avisos para ter cuidado com ladrões.O que ninguém fala é que também há pessoas dentro das repartições públicas atrás da carteira dos turistas.
Acho que basta desse tópico. Já desabafei. Depois do visto peguei um táxi para voltar ao centro comercial de onde saí a van. Aproveitei e fui em uma loja de material naútico e comprei a bomba nova de porão, uma nova luz de popa e vi umas outras peças que tenho que medir. Ao voltar para a marina o Paul, o faz tudo daqui que contratei para resolver os problemas, terminou as coisas. Ontem ele trouxe as peças soldadas do leme de vento e colocou tudo no lugar. Depois ele consertou a peça do guincho da âncora que solta o cabo de nylon da polia. Hoje ele apertou os parafusos que suportam a base da roda de leme. A peça fica a quase um metro de profundidade dentro de um pedestal. Na Flórida, o cara que re-instalou o suporte depois de colocar o piloto automático usou várias extensões para conseguir chegar lá, mas o aperto não ficou legal, como ficou claro. O cara daqui soldou uns soquetes em uma barra de inox para conseguir alcançar a cabeça dos parafusos e conseguiu dar um bom aperto. Gostei das soluções dele. Amanhã vou descobrir em quanto vai ficar esses consertos. Mas o cara foi muito profissional e fez um bom serviço. Vi ele perder a paciência algumas vezes (como na hora em que a chave de boca caiu no mar), mas isso faz parte, principalmente embaixo do sol forte.
Agora os trabalhos pendentes estão do meu lado. Remontar o leme de vento, dar uma limpeza geral nas vigias para ver se os vazamentos somem, reinstalar o piloto automático, instalar a bomba de porão e lâmpada de popa. E ainda tenho que dar uma enxaguada nos colchões que estão com vestígios de sal, bolar uma solução para a alimentação dos tanques de água e marcar a travessia do canal.
Os eventos recentes no Panamá deixam isso claro. Hoje paguei US$105,00 por um carimbo no passaporte. Eles chamam de visto, mas foi só um carimbo. Breu argumentou que o Brasil cobra visto dos americanos. Bem, o país faz isso por reciprocidade. E os EUA cobram, de fato, por vistos. Pelo menos o visto para os EUA permite múltiplas entradas e tem validade de dez anos. O carimbo panamenho no meu passaporte já é uma entrada, exige uma taxa de saída, tem validade de um ano e só pode ser usado uma vez. E para complicar, ele pode ser taxado ou não. Dependendo de onde você dê entrada no país não existe essa cobrança para o mesmo carimbo. Outro exemplo foi a autorização de cruzeiro. US$198,00 para o barco estrangeiro e US$13,00 para o barco nacional. Aos cruzeiristas eu recomendo, se possível, evitar o Panamá. E se não der para evitar, que não entrem por Colón. Quem vier de avião não precisa se preocupar.
Acho que estou mal humorado com isso. E eu ficava olhando a burocracia latina..., não que no Brasil seja diferente. Mas é que aqui rolou um deja vu com minha infância: móveis velhos para os usuários, cadeiras menos velhas para os funcionários. Pastas por todos os lados empilhadas em cima de mesas velhas. Um ar condicionado decrépito tentando vencer o calor caribenho. Tudo com nome do funcionário e número de patrimônio escrito com "liquid paper". Em nenhum lugar era possível ver uma tabela de preços. E carimbos, muitos carimbos. Acho que os 105,00 devem ser para comprar carimbos e pastas. Além dos documentos que entreguei para a imigração aqui no posto avançado na marina, precisei entregar cópia de tudo novamente no serviço de imigração. Tive que colocar minha impressão digital em um questionário que pedia minha altura, cor dos olhos, cabelo e pele. Já estava esperando perguntas sobre orientação sexual e doenças.
Mas pensando bem, o serviço de imigração até que é avançado. Cada funcionária tinha um computador (só vi um home lá e não estava uniformizado), as paredes não tinham furos. O prédio da autoridade marítima tinha muito entulho, grandes goteiras, forro do teto caindo, piso muito velho e pouquíssimos móveis, todos com cara de anos 60. Havia um outrora belo elevador com porta pantográfica acumulando poeira. Escada para todos. Que se dane a acessibilidade. Todo turista tem que ser rico, conseguir subir escadas e advinhar o número das salas. No departamento que fui o funcionário datilografava cada autorização de cruzeiro. Cada vez mais acredito que a burocracia panamenha é predominantemente feminina. Havia tempo que eu não via uma máquina de escrever. Pelo menos era elétrica. As outras duas funcionárias repartiam um mesmo computador (com impressora). Na parede um quadro de giz com o nome de embarcações com a partida proibida. E muitas notas escritas a lápis nas paredes. Nesse prédio as salas eram enormes com os poucos móveis lutando para ocupar o espaço. As indefectíveis pastas ocupavam os vazios perto das paredes. Mas os funcionários são gentis, exceto a funcionária da imigração (que conseguiu me surpreender ao sorrir e oferecer uma cópia do recibo dos US$105,00).
Enquanto a cidade do Panamá tem partes modernas e avançadas, Colón tem a cara das salas das repartições públicas. Tudo é acanhado, em várias partes o esgoto corre a céu aberto até chegar em uma boca de lobo (e imagino que dali vá para o mar). Alguns garis tentam dar conta do lixo, mas todo bueiro que vi estava repleto de copos plásticos e embalagens diversas. Imagino o que deve acontecer quando chove forte. Para onde deve ir o exército de ratos e baratas bem nutridos que vivem ali?! Nunca fui a Cuba, mas os prédios do centro entre a Calle 13 e 11 eram o que imagino da terra dos charutos. Paredes desbotadas e arquitetura antiga. A população aqui, aparentemente, tem muito mais negros do que na Cidade do Panamá. Hoje, ao contrário da semana passada, tinha um policial em cada esquina. Alguns deles montados em Mountain Bikes Giant novinhas, bem diferentes das bicicletas genéricas que vejo os policiais usando no Brasil. E há placas dizendo: cuide bem do turista, dele depende o futuro de nossa cidade. Aí eu lembrava dos avisos para ter cuidado com ladrões.O que ninguém fala é que também há pessoas dentro das repartições públicas atrás da carteira dos turistas.
Acho que basta desse tópico. Já desabafei. Depois do visto peguei um táxi para voltar ao centro comercial de onde saí a van. Aproveitei e fui em uma loja de material naútico e comprei a bomba nova de porão, uma nova luz de popa e vi umas outras peças que tenho que medir. Ao voltar para a marina o Paul, o faz tudo daqui que contratei para resolver os problemas, terminou as coisas. Ontem ele trouxe as peças soldadas do leme de vento e colocou tudo no lugar. Depois ele consertou a peça do guincho da âncora que solta o cabo de nylon da polia. Hoje ele apertou os parafusos que suportam a base da roda de leme. A peça fica a quase um metro de profundidade dentro de um pedestal. Na Flórida, o cara que re-instalou o suporte depois de colocar o piloto automático usou várias extensões para conseguir chegar lá, mas o aperto não ficou legal, como ficou claro. O cara daqui soldou uns soquetes em uma barra de inox para conseguir alcançar a cabeça dos parafusos e conseguiu dar um bom aperto. Gostei das soluções dele. Amanhã vou descobrir em quanto vai ficar esses consertos. Mas o cara foi muito profissional e fez um bom serviço. Vi ele perder a paciência algumas vezes (como na hora em que a chave de boca caiu no mar), mas isso faz parte, principalmente embaixo do sol forte.
Agora os trabalhos pendentes estão do meu lado. Remontar o leme de vento, dar uma limpeza geral nas vigias para ver se os vazamentos somem, reinstalar o piloto automático, instalar a bomba de porão e lâmpada de popa. E ainda tenho que dar uma enxaguada nos colchões que estão com vestígios de sal, bolar uma solução para a alimentação dos tanques de água e marcar a travessia do canal.
Trajeto
Pensei que tivesse postado esse link mas não consegui encontrar no blog.
Esse é o link para o Spot adventures, que permite ver trajetos arquivados. Os links anteriores do Spot só permitem visualizar os últimos sete dias.
http://www.findmespot.com/ spotadventures/index.php/view_ adventure?tripid=307423
Esse é o link para o Spot adventures, que permite ver trajetos arquivados. Os links anteriores do Spot só permitem visualizar os últimos sete dias.
http://www.findmespot.com/
domingo, 24 de junho de 2012
A vida como ela é
Registro da travessia, no trecho com mais vento e ondas. Como é a vida a bordo, sem maquiagem, sem firulas.
sábado, 23 de junho de 2012
Os progressos
Bem, algumas coisas aconteceram desde o último post.
Ontem um funcionário do canal apareceu para tomar as medidas do anjin. Deu para perceber que o cara estava com pressa e muito incomodado com o calor. E como no barco não tem ar-condicionado, ele nem quis ficar muito tempo, olhou de longe o banheiro que limpei meticulosamente ontem. Tirou a medida do cockpit ao fundo do barco, mediu a metade da largura, mediu a ancora e perguntou se tinha alguma coisa no fundo do barco. Mostrei o leme de vento que ele deu uma medida e ele testou a buzina spray que tenho a bordo.
Em seguida fomos para o restaurante da marina. Ele olhou os documentos e fez perguntas como quanto de combustível o barco leva, qual o consumo diário, se da posição de comando dá para ver a rotação do motor, quanto de corrente a bordo, se o barco possui radar, gerador e se vou fornecer comida para o piloto do canal (não sei o que acontece se eu disser não...) aí ele mencionou rango de qualidade e bebidas engarrafadas ou em lata. Então perguntei para ele: o que é um rango de qualidade?! Ele disse que não sabia, sugeriu que eu desse um frango assado para o piloto. Como achei a história do frango assado estranha, ele corrigiu e falou que sanduíches eram aceitos. Aí ele perguntou se o banheiro do barco funcionava, se tinha um tanque para águas negras. De dica ele falou para cobrir os painéis solares com um pedaço de madeira para evitar que os pesos que os funcionários do canal usam para arremessar os cabos estraguem alguma coisa. E também explicou que o canal não cobre nenhum dano às embarcações. Todo mundo comenta que a travessia de barcos de lazer pelo canal dá prejuízo. Mas dá para ver que os caras tentam reduzir os custos ao mínimo. A outra coisa que ele falou é que não vai colocar o anjin contra a parede no canal. Como o barco é largo ele acha que a chance de uma turbulência jogar o barco contra a parede é grande. Logo o barco vai no centro, ou ao lado de outros barcos ou de um rebocador.
Ontem de tarde, logo depois que o medidor foi embora, o mecânico apareceu para ver o problema do tanque de combustível que não estava funcionando. Demorou uma semana para o cara aparecer. Fiquei feliz quando o barco parou de funcionar com o mecânico a bordo. Detesto esses problemas que quando o mecânico aparece o problema some para logo depois voltar. Bem, no final das contas, depois de testar o tanque, suspiro, linha de alimentação, etc e não achar nenhum defeito, o cara descobriu o problema. Eu estava usando a transmissão na posição errada. Bem, pelo menos resolveu, mas fiquei me sentindo meio bobo.
Hoje de manhã o cara que está consertando o leme de vento apareceu às 07:00. Estava naquela estado dormindo-acordado. Os mosquitos continuam me dando uma canseira por aqui, o que faz a noite não ser tão tranquila. O barco tem telas contra insetos, mas eu acho que ou eles já estão dentro do barco ou entram junto comigo quando levanto a tela. Mas voltando ao cara, ele tomou várias medidas e já está soldando uma base nova para o Aleixo, bem como modificando a posição de um dos suportes para seguir as instruções do fabricante.
Ah, hoje enchi os tanques de água e o sistema de pressurização voltou a funcionar normalmente... estranho, talvez tivesse ar na tubulação. Coloquei o motor para funcionar para identificar se o vazamento de óleo que descobri na vinda persiste e ver o funcionamento do regulador. Bem, vaza um pouco de óleo pelo filtro (não é o local do vazamento anterior, e provavelmente ocorreu porque o mecânico anterior botou óleo demais no motor). Terei que conversar com o mecânico sobre isso. E o regulador manhoso funcionou por 40 minutos e parou subitamente... por falar nisso, o vendedor nos EUA não me respondeu ainda sobre qual o procedimento para o reparo.
Então vou ficando por aqui. Noite de sábado, marina cada vez mais vazia. Agora o mercadinho daqui fecha às 1500 e não mais às 17:00 por causa do pouco movimento. E olhe que a baixa temporada oficialmente só começa em julho. Espero que os mosquitos também entrem nesse esquema!
Ontem um funcionário do canal apareceu para tomar as medidas do anjin. Deu para perceber que o cara estava com pressa e muito incomodado com o calor. E como no barco não tem ar-condicionado, ele nem quis ficar muito tempo, olhou de longe o banheiro que limpei meticulosamente ontem. Tirou a medida do cockpit ao fundo do barco, mediu a metade da largura, mediu a ancora e perguntou se tinha alguma coisa no fundo do barco. Mostrei o leme de vento que ele deu uma medida e ele testou a buzina spray que tenho a bordo.
Em seguida fomos para o restaurante da marina. Ele olhou os documentos e fez perguntas como quanto de combustível o barco leva, qual o consumo diário, se da posição de comando dá para ver a rotação do motor, quanto de corrente a bordo, se o barco possui radar, gerador e se vou fornecer comida para o piloto do canal (não sei o que acontece se eu disser não...) aí ele mencionou rango de qualidade e bebidas engarrafadas ou em lata. Então perguntei para ele: o que é um rango de qualidade?! Ele disse que não sabia, sugeriu que eu desse um frango assado para o piloto. Como achei a história do frango assado estranha, ele corrigiu e falou que sanduíches eram aceitos. Aí ele perguntou se o banheiro do barco funcionava, se tinha um tanque para águas negras. De dica ele falou para cobrir os painéis solares com um pedaço de madeira para evitar que os pesos que os funcionários do canal usam para arremessar os cabos estraguem alguma coisa. E também explicou que o canal não cobre nenhum dano às embarcações. Todo mundo comenta que a travessia de barcos de lazer pelo canal dá prejuízo. Mas dá para ver que os caras tentam reduzir os custos ao mínimo. A outra coisa que ele falou é que não vai colocar o anjin contra a parede no canal. Como o barco é largo ele acha que a chance de uma turbulência jogar o barco contra a parede é grande. Logo o barco vai no centro, ou ao lado de outros barcos ou de um rebocador.
Ontem de tarde, logo depois que o medidor foi embora, o mecânico apareceu para ver o problema do tanque de combustível que não estava funcionando. Demorou uma semana para o cara aparecer. Fiquei feliz quando o barco parou de funcionar com o mecânico a bordo. Detesto esses problemas que quando o mecânico aparece o problema some para logo depois voltar. Bem, no final das contas, depois de testar o tanque, suspiro, linha de alimentação, etc e não achar nenhum defeito, o cara descobriu o problema. Eu estava usando a transmissão na posição errada. Bem, pelo menos resolveu, mas fiquei me sentindo meio bobo.
Hoje de manhã o cara que está consertando o leme de vento apareceu às 07:00. Estava naquela estado dormindo-acordado. Os mosquitos continuam me dando uma canseira por aqui, o que faz a noite não ser tão tranquila. O barco tem telas contra insetos, mas eu acho que ou eles já estão dentro do barco ou entram junto comigo quando levanto a tela. Mas voltando ao cara, ele tomou várias medidas e já está soldando uma base nova para o Aleixo, bem como modificando a posição de um dos suportes para seguir as instruções do fabricante.
Ah, hoje enchi os tanques de água e o sistema de pressurização voltou a funcionar normalmente... estranho, talvez tivesse ar na tubulação. Coloquei o motor para funcionar para identificar se o vazamento de óleo que descobri na vinda persiste e ver o funcionamento do regulador. Bem, vaza um pouco de óleo pelo filtro (não é o local do vazamento anterior, e provavelmente ocorreu porque o mecânico anterior botou óleo demais no motor). Terei que conversar com o mecânico sobre isso. E o regulador manhoso funcionou por 40 minutos e parou subitamente... por falar nisso, o vendedor nos EUA não me respondeu ainda sobre qual o procedimento para o reparo.
Então vou ficando por aqui. Noite de sábado, marina cada vez mais vazia. Agora o mercadinho daqui fecha às 1500 e não mais às 17:00 por causa do pouco movimento. E olhe que a baixa temporada oficialmente só começa em julho. Espero que os mosquitos também entrem nesse esquema!
sexta-feira, 22 de junho de 2012
quinta-feira, 21 de junho de 2012
Canal do Panamá, eixo do país
Bem, quer os panamenhos gostem disso ou não, a razão de ser desse país parece ser o Canal. Quase tudo por aqui orbita ao redor dele, inclusive o nascimento/independência do país. Indiretamente tudo está ligado a ele. Os bancos offshore, a zona livre, os portos, os navios, os centros comerciais, o aeroporto movimentado. Tudo bem que existem pontos mais afastados como as praias de Bocas del toro ao norte ou as ilhas de San Blás ao sul que tangencia à gravidade do canal. Mas no centro, como falava, o canal impera.
Hoje conversei com dois despachantes sobre a travessia. Os preços são bem próximos. Meu plano original era tentar fazer o processo diretamente, sem ter que gastar mais grana com isso. Mas a obra no barco vai devagar. O mecânico fica todo dia naquela história, que já conheço, de que amanhã estará no barco e nada. Pelo menos o cara da marina já cortou as coisas que eu pedi no suporte do piloto automático.
Os despachantes falaram que o tempo para a travessia hoje está em cinco dias a partir do momento em que o barco é medido. A travessia de norte a sul (Atlântico - Pacífico) é feita em dois dias, e o sentido oposto em um dia. Pernoita-se no lago Gatun e segue-se no dia seguinte. Tem um monte de taxas aplicáveis para a travessia. E além disso, vou ter que alugar defensas (na verdade pneus, porque quando o barco tem que ir contra uma parede do canal a coisa fica, literalmente, feita) e contratar 4 pessoas para me ajudar com os cabos (que também terei que alugar).
Geralmente marca-se uma data e com 48 horas de antecedência é preciso ficar de prontidão porque a coisa pode ser antecipada ou atrasada (o que geralmente ocorre). Na travessia acompanha um piloto do Canal que vai no barco. Ele não conduz, mas dá as instruções sobre rumo a seguir, velocidade a ser mantida, aproximação e posicionamento na eclusa, ordem dos cabos. No final do dia o barco ancora no lago, o piloto vai embora e no dia seguinte é substituído por outro. Fica sob responsabilidade do dono do barco alimentar e manter hidratada essa galera.
Nos próximos dias anjin deverá ser medido, mas só vou marcar a data para travessia quando o barco estiver pronto. Paguei mais uma semana de marina.
Por falar em barco pronto, ontem eu desmontei o piloto automático para que o cara lixasse umas partes e conseguir que a corrente fica esticada de maneira correta sem roçar no suporte. Também dei uma enxaguada no motor para tirar o sal que acumulou por causa dos vazamentos; preparei uma lista das coisas que tem que ser feitas no barco; e sequei o porão. Aproveitei que estava com as ferramentas em mãos para desmontar a lanterna de popa avariada pela queda do Aleixo.
Sobre o conserto do Aleixo, um serralheiro vai montar uma base para poder re-fixar o leme de vento no lugar.
O regulador do alternador é que segue um problema: após vários telefonemas e e-mails para a loja que me vendeu nos EUA, a informação que tive é que eles não conseguem dar um parecer à distância. Logo preciso enviar o regulador para o fabricante para que ele seja testado. Estou tentando decidir o que fazer. A dificuldade é que esse é um regulador que casa com o alternador...
E por falar em decidir o que fazer, a bomba de pressurização de água doce começou a trabalhar do nada, algo que não acontecia antes. Isso indica que deve estar havendo perda de pressão (ou de água) por algum lugar. Não consegui encontrar a causa ainda, apesar de ter seguido a mangueira e olhado todas as conexões. Talvez seja algum vazamento bem pequeno ou então um problema na bomba. É por essas e outras que o tempo para resolver problemas relacionados à travessia fica escasso. Deixando a bomba desligada o problema, aparentemente, desaparece.
De tarde comecei a dar uma arrumada no anjin para a visita dos medidores. Joguei água na pia da cozinha, lavei o banheiro, principalmente as paredes para tirar os resquícios de sal. Vou ter que fazer isso com praticamente todo o interior do barco. E também percebi que umas formigas das docas estão começando a explorar o anjin. Coloquei inseticida nos cabos para evitar a entrada de indesejáveis. E sigo aqui de noite, ainda fazendo upload dos vídeos, com a velocidade sofrível que me rende longas esperas...
Hoje conversei com dois despachantes sobre a travessia. Os preços são bem próximos. Meu plano original era tentar fazer o processo diretamente, sem ter que gastar mais grana com isso. Mas a obra no barco vai devagar. O mecânico fica todo dia naquela história, que já conheço, de que amanhã estará no barco e nada. Pelo menos o cara da marina já cortou as coisas que eu pedi no suporte do piloto automático.
Os despachantes falaram que o tempo para a travessia hoje está em cinco dias a partir do momento em que o barco é medido. A travessia de norte a sul (Atlântico - Pacífico) é feita em dois dias, e o sentido oposto em um dia. Pernoita-se no lago Gatun e segue-se no dia seguinte. Tem um monte de taxas aplicáveis para a travessia. E além disso, vou ter que alugar defensas (na verdade pneus, porque quando o barco tem que ir contra uma parede do canal a coisa fica, literalmente, feita) e contratar 4 pessoas para me ajudar com os cabos (que também terei que alugar).
Geralmente marca-se uma data e com 48 horas de antecedência é preciso ficar de prontidão porque a coisa pode ser antecipada ou atrasada (o que geralmente ocorre). Na travessia acompanha um piloto do Canal que vai no barco. Ele não conduz, mas dá as instruções sobre rumo a seguir, velocidade a ser mantida, aproximação e posicionamento na eclusa, ordem dos cabos. No final do dia o barco ancora no lago, o piloto vai embora e no dia seguinte é substituído por outro. Fica sob responsabilidade do dono do barco alimentar e manter hidratada essa galera.
Nos próximos dias anjin deverá ser medido, mas só vou marcar a data para travessia quando o barco estiver pronto. Paguei mais uma semana de marina.
Por falar em barco pronto, ontem eu desmontei o piloto automático para que o cara lixasse umas partes e conseguir que a corrente fica esticada de maneira correta sem roçar no suporte. Também dei uma enxaguada no motor para tirar o sal que acumulou por causa dos vazamentos; preparei uma lista das coisas que tem que ser feitas no barco; e sequei o porão. Aproveitei que estava com as ferramentas em mãos para desmontar a lanterna de popa avariada pela queda do Aleixo.
Sobre o conserto do Aleixo, um serralheiro vai montar uma base para poder re-fixar o leme de vento no lugar.
O regulador do alternador é que segue um problema: após vários telefonemas e e-mails para a loja que me vendeu nos EUA, a informação que tive é que eles não conseguem dar um parecer à distância. Logo preciso enviar o regulador para o fabricante para que ele seja testado. Estou tentando decidir o que fazer. A dificuldade é que esse é um regulador que casa com o alternador...
E por falar em decidir o que fazer, a bomba de pressurização de água doce começou a trabalhar do nada, algo que não acontecia antes. Isso indica que deve estar havendo perda de pressão (ou de água) por algum lugar. Não consegui encontrar a causa ainda, apesar de ter seguido a mangueira e olhado todas as conexões. Talvez seja algum vazamento bem pequeno ou então um problema na bomba. É por essas e outras que o tempo para resolver problemas relacionados à travessia fica escasso. Deixando a bomba desligada o problema, aparentemente, desaparece.
De tarde comecei a dar uma arrumada no anjin para a visita dos medidores. Joguei água na pia da cozinha, lavei o banheiro, principalmente as paredes para tirar os resquícios de sal. Vou ter que fazer isso com praticamente todo o interior do barco. E também percebi que umas formigas das docas estão começando a explorar o anjin. Coloquei inseticida nos cabos para evitar a entrada de indesejáveis. E sigo aqui de noite, ainda fazendo upload dos vídeos, com a velocidade sofrível que me rende longas esperas...
quarta-feira, 20 de junho de 2012
Comecinho
Eu, otimista, achando que tudo seria fácil e que voltaria logo para continuar as gravações.
terça-feira, 19 de junho de 2012
Momento concreto
Esse é o meu depoimento logo depois que soltei as amarras e deixei a marina (vide foto da câmera da marina colocada por J). Esse é, de acordo com maioria, o passo mais difícil: partir.
Panama Days
Impressionante mas já faz cinco dias que cheguei aqui. Daqui a pouco eu já tenho que renovar a marina. Admito que fiz muito pouca coisa nesses dias. Primeiro porque estava cansado da viagem e segundo o sábado e domingo não ajudaram a resolver nada externo.
Passei o fim de semana tentando, quase sem sucesso, conseguir iogurte, frutas, pão e coisas para fazer uma salada. Só consegui, no meio da tarde de domingo, uma baguete tão branca que parecia um fantasma. E sem personalidade nenhuma, o que é pior.
No domingo eu enxaguei o barco para tirar o sal (que ainda está acumulado em alguns lugares e vai requerer uns bons esfregões) e no final do dia liguei na tomada para recarregar as baterias. Passei boa parte do tempo do fim de semana aqui no lounge, onde tem ar condicionado, fazendo a atualização do blog, baixando as fotos da viagem, editando videos e tentando colocar o papo e e-mails em dia. O upload daqui é super lento...
Ontem fui, pela primeira vez, para o centro. Quase perdi a van mas consegui embarcar. Primeira surpresa: a estrada cruza o canal e tanto na ida quanto na volta tivemos que esperar vários minutos para navios atravessarem em nossa frente. A ponte fica bem no pé das eclusas. Você atravessa vendo aqueles portões enormes ao seu lado vazando uns filetes de água. Me vieram a mente duas coisas: uma é a porta abrindo e nós sendo levados pela água. A outra foram os portões enormes que guardavam o King Kong.
A segunda surpresa, uma dessas coincidências do destino, foi que sentei ao lado de uma brasileira, a Helô. Casada com um holandês, eles estão velejando o Caribe, junto com o filho, em um 42' de alumínio chamado "Mundinho". Conversamos sobre feijoada, farofa, vistos, dessalinizador e dicas diversas. Pena que eles partiram hoje.
Em Colon a van me deixou no meio da rua, na frente de um terminal de ônibus. Seguindo conselhos, tomei um táxi até o departamento de imigração. Era perto, mas descobri que qualquer táxi no centro de Colón custa só US$0,91. O detalhe é que você pode ter que compartilhar o táxi. Difícil foi achar o lugar. Não tem placa e fica escondido no primeiro andar de um prédio velho. Chegando lá não só me pediram as habituais 2 xerox de tudo, como queriam fotos, habilitação, carta de responsabilidade, e um monte de documentos que eu não tinha levado porque não sabia que ia precisar. Além do mais os caras querem $105 para carimbar o passaporte. Pouca vergonha.
Depois fui para o escritório da autoridade marítima panamenha conseguir uma autorização de cruzeiro. Dessa vez fui andando porque tinha que tirar cópias e fotos. A mulher da loja de cópias falou para eu ter cuidado. Perguntei se precisava tomar um táxi. Ela disse que não, mas era para eu ficar atento com a carteira. Consegui chegar bem no prédio da autoridade marítima e lá outro exemplo da ganância do governo panamenho. Embarcações estrangeiras pagam $198.00 para uma autorização de cruzeiro. Como o anjin está registrado no Panamá, paguei só $13.00. Bem, acho que vou ter que usar essa diferença para pagar meu visto. E já que estava no centro comprei um chip para o celular e fui a um mercado onde consegui comprar frutas, cereais e iogurte.
O dia hoje foi conversando com o encarregado de reparos aqui da marina. Vou contratá-los para fazer parte das coisas. Também estou trocando e-mails com o fabricante do leme de vento que explicou que a falha de deveu à instalação incorreta (feita por mim). Mas ele reconheceu que meu erro não estava escrito nas instruções e irão fazer uma correção no manual (apesar dele ter dito que eu sou apenas o segundo caso em 10 anos).
Estou tentando falar com o dono da oficina que me vendeu o regulador do alternador sobre o problema que enfrentei, mas acho que ele está me evitando. Chato isso. Também deixei recado com o mecânico aqui dizendo que ele já pode aparecer para resolver as coisas. E amanhã vou trabalhar mais no barco.
Só mudando um pouco de foco, a marina está esvaziando... já é quase baixa estação por aqui. Mas o tempo segue quente, o sol forte, a água clara. E vamos nessa.
Passei o fim de semana tentando, quase sem sucesso, conseguir iogurte, frutas, pão e coisas para fazer uma salada. Só consegui, no meio da tarde de domingo, uma baguete tão branca que parecia um fantasma. E sem personalidade nenhuma, o que é pior.
No domingo eu enxaguei o barco para tirar o sal (que ainda está acumulado em alguns lugares e vai requerer uns bons esfregões) e no final do dia liguei na tomada para recarregar as baterias. Passei boa parte do tempo do fim de semana aqui no lounge, onde tem ar condicionado, fazendo a atualização do blog, baixando as fotos da viagem, editando videos e tentando colocar o papo e e-mails em dia. O upload daqui é super lento...
Ontem fui, pela primeira vez, para o centro. Quase perdi a van mas consegui embarcar. Primeira surpresa: a estrada cruza o canal e tanto na ida quanto na volta tivemos que esperar vários minutos para navios atravessarem em nossa frente. A ponte fica bem no pé das eclusas. Você atravessa vendo aqueles portões enormes ao seu lado vazando uns filetes de água. Me vieram a mente duas coisas: uma é a porta abrindo e nós sendo levados pela água. A outra foram os portões enormes que guardavam o King Kong.
A segunda surpresa, uma dessas coincidências do destino, foi que sentei ao lado de uma brasileira, a Helô. Casada com um holandês, eles estão velejando o Caribe, junto com o filho, em um 42' de alumínio chamado "Mundinho". Conversamos sobre feijoada, farofa, vistos, dessalinizador e dicas diversas. Pena que eles partiram hoje.
Em Colon a van me deixou no meio da rua, na frente de um terminal de ônibus. Seguindo conselhos, tomei um táxi até o departamento de imigração. Era perto, mas descobri que qualquer táxi no centro de Colón custa só US$0,91. O detalhe é que você pode ter que compartilhar o táxi. Difícil foi achar o lugar. Não tem placa e fica escondido no primeiro andar de um prédio velho. Chegando lá não só me pediram as habituais 2 xerox de tudo, como queriam fotos, habilitação, carta de responsabilidade, e um monte de documentos que eu não tinha levado porque não sabia que ia precisar. Além do mais os caras querem $105 para carimbar o passaporte. Pouca vergonha.
Depois fui para o escritório da autoridade marítima panamenha conseguir uma autorização de cruzeiro. Dessa vez fui andando porque tinha que tirar cópias e fotos. A mulher da loja de cópias falou para eu ter cuidado. Perguntei se precisava tomar um táxi. Ela disse que não, mas era para eu ficar atento com a carteira. Consegui chegar bem no prédio da autoridade marítima e lá outro exemplo da ganância do governo panamenho. Embarcações estrangeiras pagam $198.00 para uma autorização de cruzeiro. Como o anjin está registrado no Panamá, paguei só $13.00. Bem, acho que vou ter que usar essa diferença para pagar meu visto. E já que estava no centro comprei um chip para o celular e fui a um mercado onde consegui comprar frutas, cereais e iogurte.
O dia hoje foi conversando com o encarregado de reparos aqui da marina. Vou contratá-los para fazer parte das coisas. Também estou trocando e-mails com o fabricante do leme de vento que explicou que a falha de deveu à instalação incorreta (feita por mim). Mas ele reconheceu que meu erro não estava escrito nas instruções e irão fazer uma correção no manual (apesar dele ter dito que eu sou apenas o segundo caso em 10 anos).
Estou tentando falar com o dono da oficina que me vendeu o regulador do alternador sobre o problema que enfrentei, mas acho que ele está me evitando. Chato isso. Também deixei recado com o mecânico aqui dizendo que ele já pode aparecer para resolver as coisas. E amanhã vou trabalhar mais no barco.
Só mudando um pouco de foco, a marina está esvaziando... já é quase baixa estação por aqui. Mas o tempo segue quente, o sol forte, a água clara. E vamos nessa.
A partida!
segunda-feira, 18 de junho de 2012
Pré partida II
domingo, 17 de junho de 2012
Pré-partida I
Panamá, enfim
Oi pessoal, depois de um longo silêncio, estou de volta. Queria, antes de mais nada, agradecer J por atualizar vocês durante minha ausência.
Sinto que essa minha primeira travessia vai ser assunto de vários outros posts, pois é um tema de grandes dimensões e significado, por isso vou ser meio superficial agora e falar rapidamente do que aconteceu e para poder retomar os post aqui no site.
A travessia foi longa em vários sentidos. Foi no plano pessoal um passo enorme, a saída do mundo do sonho para o de realização. Dei o passo mais difícil, partir. Então, de agora em diante, o que vier é lucro. E por falar nisso, em termos de distância percorrida essa perna também foi considerável, 1620 milhas náuticas. Isso são 3000 km... ou seja, ida e volta de Salvador a Brasília e ainda sobra um crédito do meu lado. Relativizando para o mundo naútico, isso dá 5 vezes o trajeto da Refeno, a mais famosa regata oceânica do Brasil. Vocês podem ver o percurso da viagem nesse link. O tempo, duas semanas exatas, não é uma travessia muito longa, mas com certeza é muito mais do que um passeio de fim de semana ou uma regata 24 horas no Paranoá (não quero desmerecer as regatas no Lago Paranoá, que eu adoro, mas só quero colocar as coisas em perspectiva).
Descobri muita coisa sobre o barco e sobre mim mesmo nesse período de convivência intensiva. Aos poucos vou falar sobre eles pois é um assunto que merece muita reflexão. O que posso destacar de cara é que me incomodou muito um incidente logo no meu primeiro dia de travessia, a quebra do suporte do leme de vento. O plano era que o leme de vento tocasse o barco por todo o percurso e o piloto automático tocasse o barco nas manobras de troca de vela e durante o tempo com o motor. No final das contas o piloto automático tocou o barco praticamente o tempo todo. Mas isso teve um custo, ruídos e cobrança do sistema. Descobri problemas na instalação e isso me rendeu muitas horas de preocupação se a máquina iria aguentar até o fim da viagem ou não. Ou seja, a tranquilidade foi prejudicada pela ausência de um plano B e pelo fato de ter percebido que a instalação do piloto automático não estava satisfatória.
Por falar em satisfação, um ponto que me incomodou muito foi o excesso de umidade a bordo. Não só a água que eu trazia para dentro nas minhas roupas, mas também a água que entrava pelas gaiutas, vigias, respiradores do barco e no compartimento do motor. Isso não só fazia a vida desconfortável fisicamente por causa da umidade mas também afeta a moral porque você não tem um canto seco para descansar. Isso foi causado por uma série de fatores: o barco ser baixo, que permite que as ondas o atinjam com grande frequência e o fato de alguns trechos que eu peguei terem tempestade ou simplesmente grandes ondas que lavavam o convés todo o tempo.
De resto, fora os problemas, a vida a bordo correu normal. A noite eu acordava a cada 20 - 30 minutos para ver se tudo estava bem, sem navios no horizonte e se o barco estava na rota e voltava a dormir. Para isso eu usei um cronometro e que eu programava quanto tempo de soneca eu teria. Comia umas tres refeições por dia, comida normal, caseira, exceto quando o bicho estava pegando e eu pegava um prato de comida congelada e colocava no microondas. Ou então, se a coisa estava muito ruim, eram frutas secas e barras de cereal. Eu tinha ainda umas comidas de emergência em que bastava colocar água fervendo e esperar ela hidratar, mas não cheguei a lançar mão desse recurso. Salada e bananas acabaram logo,mas eu tive laranjas para todos os dias da viagem.
Sobre higiene pessoal, que é uma coisa que sempre deixa as pessoas curiosas, eu usei sempre o sanitário do barco. Tem muito caso de velejador que cai da borda do barco fazendo necessidades. Tomava um banho por dia, de água salgada usando detergente de lavar prato que faz espuma com esse tipo de água (nem tente com o sabonete e o shampoo tradicional porque não vai dar certo). Eu ainda tinha uns sabonetes líquidos especiais, caros, caso eu tivesse alergia ao detergente. No final do banho eu usava um pouco de água doce para tirar a água salgada. O mesmo processo com a louça: lavada com água salgada, enxaguada com água do mar e no final regada com água doce para tirar o sal.
Água doce, ou a falta dela, eventualmente poderia se tornar um problema a bordo. Como o barco tem um tanquezinho central rígido e dois tanques infláveis, eu enchi tudo e reservei o tanque menor para quando terminasse o tanque grande. Para minha surpresa, não tinha quase água dentro do tanque menor. Sorte que o tanque grande só terminou no antepenúltimo dia da viagem. O problema desses tanques infláveis é que de vez em quando eles ficam cheio de ar e a água não consegue entrar nele. Olhando de fora eles parecem estar cheios, mas na verdade estão repletos de vento... Mais uma lição, importante para as grandes travessias.
Além da água nos tanques eu tinha 14 galões extras do lado de fora (e mais 30 galões de diesel também). Todo esse peso contribui para que o anjin ficasse pesado e andasse pouco. Para complicar mais, todo o peso está concentrado á ré, o que fazia a popa do barco afundar e frear o barco toda vez que ele começava a deslanchar. Isso é algo que terei que analisar como contornar.
Agora vou analisar como posso dar uma relaxada aqui para começar forte essa semana de reparos, preparação e organização do resto da viagem. Vou colocar também mais fotos e vídeos, em doses homeopáticas para manter a atenção de vocês.
Sinto que essa minha primeira travessia vai ser assunto de vários outros posts, pois é um tema de grandes dimensões e significado, por isso vou ser meio superficial agora e falar rapidamente do que aconteceu e para poder retomar os post aqui no site.
A travessia foi longa em vários sentidos. Foi no plano pessoal um passo enorme, a saída do mundo do sonho para o de realização. Dei o passo mais difícil, partir. Então, de agora em diante, o que vier é lucro. E por falar nisso, em termos de distância percorrida essa perna também foi considerável, 1620 milhas náuticas. Isso são 3000 km... ou seja, ida e volta de Salvador a Brasília e ainda sobra um crédito do meu lado. Relativizando para o mundo naútico, isso dá 5 vezes o trajeto da Refeno, a mais famosa regata oceânica do Brasil. Vocês podem ver o percurso da viagem nesse link. O tempo, duas semanas exatas, não é uma travessia muito longa, mas com certeza é muito mais do que um passeio de fim de semana ou uma regata 24 horas no Paranoá (não quero desmerecer as regatas no Lago Paranoá, que eu adoro, mas só quero colocar as coisas em perspectiva).
Descobri muita coisa sobre o barco e sobre mim mesmo nesse período de convivência intensiva. Aos poucos vou falar sobre eles pois é um assunto que merece muita reflexão. O que posso destacar de cara é que me incomodou muito um incidente logo no meu primeiro dia de travessia, a quebra do suporte do leme de vento. O plano era que o leme de vento tocasse o barco por todo o percurso e o piloto automático tocasse o barco nas manobras de troca de vela e durante o tempo com o motor. No final das contas o piloto automático tocou o barco praticamente o tempo todo. Mas isso teve um custo, ruídos e cobrança do sistema. Descobri problemas na instalação e isso me rendeu muitas horas de preocupação se a máquina iria aguentar até o fim da viagem ou não. Ou seja, a tranquilidade foi prejudicada pela ausência de um plano B e pelo fato de ter percebido que a instalação do piloto automático não estava satisfatória.
Por falar em satisfação, um ponto que me incomodou muito foi o excesso de umidade a bordo. Não só a água que eu trazia para dentro nas minhas roupas, mas também a água que entrava pelas gaiutas, vigias, respiradores do barco e no compartimento do motor. Isso não só fazia a vida desconfortável fisicamente por causa da umidade mas também afeta a moral porque você não tem um canto seco para descansar. Isso foi causado por uma série de fatores: o barco ser baixo, que permite que as ondas o atinjam com grande frequência e o fato de alguns trechos que eu peguei terem tempestade ou simplesmente grandes ondas que lavavam o convés todo o tempo.
De resto, fora os problemas, a vida a bordo correu normal. A noite eu acordava a cada 20 - 30 minutos para ver se tudo estava bem, sem navios no horizonte e se o barco estava na rota e voltava a dormir. Para isso eu usei um cronometro e que eu programava quanto tempo de soneca eu teria. Comia umas tres refeições por dia, comida normal, caseira, exceto quando o bicho estava pegando e eu pegava um prato de comida congelada e colocava no microondas. Ou então, se a coisa estava muito ruim, eram frutas secas e barras de cereal. Eu tinha ainda umas comidas de emergência em que bastava colocar água fervendo e esperar ela hidratar, mas não cheguei a lançar mão desse recurso. Salada e bananas acabaram logo,mas eu tive laranjas para todos os dias da viagem.
Sobre higiene pessoal, que é uma coisa que sempre deixa as pessoas curiosas, eu usei sempre o sanitário do barco. Tem muito caso de velejador que cai da borda do barco fazendo necessidades. Tomava um banho por dia, de água salgada usando detergente de lavar prato que faz espuma com esse tipo de água (nem tente com o sabonete e o shampoo tradicional porque não vai dar certo). Eu ainda tinha uns sabonetes líquidos especiais, caros, caso eu tivesse alergia ao detergente. No final do banho eu usava um pouco de água doce para tirar a água salgada. O mesmo processo com a louça: lavada com água salgada, enxaguada com água do mar e no final regada com água doce para tirar o sal.
Água doce, ou a falta dela, eventualmente poderia se tornar um problema a bordo. Como o barco tem um tanquezinho central rígido e dois tanques infláveis, eu enchi tudo e reservei o tanque menor para quando terminasse o tanque grande. Para minha surpresa, não tinha quase água dentro do tanque menor. Sorte que o tanque grande só terminou no antepenúltimo dia da viagem. O problema desses tanques infláveis é que de vez em quando eles ficam cheio de ar e a água não consegue entrar nele. Olhando de fora eles parecem estar cheios, mas na verdade estão repletos de vento... Mais uma lição, importante para as grandes travessias.
Além da água nos tanques eu tinha 14 galões extras do lado de fora (e mais 30 galões de diesel também). Todo esse peso contribui para que o anjin ficasse pesado e andasse pouco. Para complicar mais, todo o peso está concentrado á ré, o que fazia a popa do barco afundar e frear o barco toda vez que ele começava a deslanchar. Isso é algo que terei que analisar como contornar.
Agora vou analisar como posso dar uma relaxada aqui para começar forte essa semana de reparos, preparação e organização do resto da viagem. Vou colocar também mais fotos e vídeos, em doses homeopáticas para manter a atenção de vocês.
sábado, 16 de junho de 2012
quarta-feira, 13 de junho de 2012
Panamá
Amanhã é esperada a chegada no Panamá e, em breve, relatos detalhados da travessia aparecerão aqui no blog. Tudo bem por lá. Segue link com a nova coordenada.
http://share.findmespot.com/shared/faces/viewspots.jsp?glId=0GDMrZBLq6d8IJqiTlPDTbSuE4rn2HzRX
http://share.findmespot.com/shared/faces/viewspots.jsp?glId=0GDMrZBLq6d8IJqiTlPDTbSuE4rn2HzRX
terça-feira, 5 de junho de 2012
Coordenadas
MP e anjin estão neste momento cambando para passarem entre as ilhas Long Island e Crooked Island, depois da ilha San Salvador, e em alguns dias cruzam entre Haiti e Cuba mirando o Panamá. Todo dia ele tem colocado a posição no spot. Tudo bem por lá.
http://share.findmespot.com/shared/faces/viewspots.jsp?glId=0GDMrZBLq6d8IJqiTlPDTbSuE4rn2HzRX
Abraços! J
http://share.findmespot.com/shared/faces/viewspots.jsp?glId=0GDMrZBLq6d8IJqiTlPDTbSuE4rn2HzRX
Abraços! J
domingo, 3 de junho de 2012
Dia A
31 de Maio, 2pm, horário da Flórida, anjin parte rumo ao mar. Muita emoção depois desses meses todos de dedicação absoluta. Para acompanhar a rota do anjin, acessem o spot por este link
http://share.findmespot.com/shared/faces/viewspots.jsp?glId=0GDMrZBLq6d8IJqiTlPDTbSuE4rn2HzRX
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Fiz umas fotos de printscreen via camera da Marina da hora (qualidade suspeita e meio big brother), mas registra o grande dia A. Abraços a todos que acompanham! J
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