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domingo, 5 de junho de 2011

America, the land of the free and brave

Fico falando da reforma do barco e nunca comentei muito sobre onde estou.
Cabo Canaveral, a cidade onde fica o estaleiro, poderia ser uma cidadezinha como qualquer outra no litoral da Florida se não abrigasse uma grande instalação da Nasa: o Kennedy Space Center. Por isso, muitas das coisas por aqui fazem referência ao espaço. A rodovia aqui na frente é a rodovia Astronauta Neil Armstrong, tem space lanches, space centers, e por aí vai. Existem ainda muitos escritórios de grandes empresas que prestam serviço para a Nasa. Até o slogan da cidade é "terra do sol, espaço e mar".

Outra particularidade da região é o fato de abrigar o porto Port Canaveral e uma base da Força Área. Ambos são áreas federais e ocupam uma boa extensão da área da cidade, que não é muito grande. Por serem áreas federais não são obrigadas a seguir a legislação do estado da Florida, o que cria algumas complicações, principalmente para embarcações.

Na sexta feira, quando voltava do mercado ví uma placa falando de um show, e logo atrás uma movimentação. Resolvi parar. Foi engraçado porque, apesar de passar pela cidade muitas vezes, nunca tinha entrado por lá. O departamento de parques e recreação da cidade promove umas "Friday Fests" com alguma regularidade. E foi lá que eu fui parar, já no meio do show.

Foi bom não estar no estaleiro; ou em  uma loja de ferragens ou de peças para barco; ou na oficina do cara da vela. Fora isso, o único lugar público que eu frequento é o supermercado. Mas no Friday Fest foi diferente... deu para ver a cara de quem mora em Cape Canaveral e frequenta esses eventos públicos. Tinha gente de todas as idades, mas as pessoas mais velhas eram maioria. Havia diversas barraquinhas de vários grupos da comunidade: dos policiais vendendo cachorro quente para a compra de novas viaturas; times da escola angariando recursos para uniformes e viagens, escoteiros, das igrejas, grupos de jovens e os profissonais de feiras (pessoas que ofeecem massagens, souvenirs, comida, etc).

Eram pessoas simples. Muitos red-necks, como são chamadas as pessoas que fazem o trabalho braçal por aqui. Curiosamente, quase não vi latinos (fora eu). Tinha até um cara vendendo aquelas bugingangas made in China, mas pasmem, o cara era americano! Me impressionou também a quantidade de pessoas sem um ou alguns dentes. Dentes aqui não são tão ruins quanto na Inglaterra, mas a importância que se dá no Brasil é maior. Moda era, definitivamente, uma preocupação apenas dos mais jovens. Isso é os EUA de verdade... fico imaginando qual a orientação política dessa galera. Se eles são do tipo que apoiavam as ideias conservadoras do Bushinho...

Fique pensando que no Brasil teria pouquissima gente assistindo um show de rock... mas aí eu lembrei que aqui até um tempo atrás o rock não tinha muita concorrência. A onda rapper, latina e eletrôncia é muito mais recente.

O show em si foi interessante. A banda, Vilifi, é um power trio que combinava com o local. Não vi amplificadores Marshall ou Peavey, nem instrumentos ou roupas de marcas famosas. Mas o som dos caras era honesto. O vocalista tem uma voz muito boa, que ficou clara no cover do Led Zeppelin (eles não queriam fazer covers, mas o contrato exigia). Apesar de eu não gostar dos trejeitos do baterista, que ficava fazendo malabarismo com as baquetas, o cara usava dois pedais no bumbo, o que dava um resultado interessante. Comprei uma cerveja gelada e fiquei olhando as pessoas enquanto escutava a banda. Foi bom para me distanciar um pouco dos eternos problemas que envolvem a reforma de um barco.

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