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segunda-feira, 27 de junho de 2011

Sonho de uma(s) noite(s) de verão

Essa última semana foi provavelmente uma das mais corridas desde que comecei a reforma. O último post "sorry" não deu a dimensão da correria entre a ida para Orlando para a premiação do Grego e minha saída para as "férias". Entre quinta e sábado tive que resolver problemas com o suporte do radar, terminar a pintura, instalar o máximo possível de coisas para que tudo estivesse relativamente pronto no dia da subida do mastro. Minha pressa é explicada pelo fato de o cara da veleria não poder começar a fabricar a vela enquanto não tiver as medidas exatas com as peças no lugar.

Sábado eu levantei cedo para aplicar a ultima demão de tinta e continuar a instalação. Contudo duas brocas estragaram ao furar os rebites de aço inox, tive que sair duas vezes para comprar parafusos e ainda precisei fazer o depósito para o material dos colchões e lonas do barco. Isso ocupou tempo precioso. A pouco menos de 3 horas para o voo eu ainda estava no compartimento da ancora suando para colocar o suporte da "staysail" no lugar. Eu já tinha trabalhado nisso várias horas nos últimos dias, mas agora eu precisava colocar a peça no lugar e aplicar o silicone.

Banho correndo, lavar o cabelo, fazer a barba, limpar os pés, atrás das orelhas e os ouvidos... fora a emoção. Tinha que estar mais apresentável do que eu ando normalmente por aqui, afinal, eu ia pegar um vôo. E mais importante, depois iria encontrar J.

Calor impressionante na estrada... cada vez que eu me aproximada de Orlando o temômetro subia. Logo já tinhamos, novamente, ultrapassado os 100º F. Parei para comprar algo gelado. O ar condicionado do carro, mesmo no máximo, não dava vencimento... talvez fosse emoção. Por incrível que possa parecer, estava achando bom me afastar da obra. Dar uma respirada, voltar com outros olhos e nova energia. Também tive medo do carro dar algum piripaco e eu perder o vôo.

Deixei o carro na locadora uma hora antes do vôo. Não tinha bagagem para dspachar, fiz check-in no autoatendimento e uma hora antes do voo já estava na fila da segurança. Estava tão empolgado com o encontro que nem me chateei em ter que tirar sapatos, laptop, liquidos e ficar equilibrando tudo isso enquanto a senhora em minha frente lutava para separar as coisas dela.

Voei de JetBlue, a empresa que inspira a Azul no Brasil. E o avião era da Embraer. As coisas só não foram melhores porque rolou uma mega tempestade e ficamos duas horas na cabeceira da pista. Nunca vi um avião tremer tanto no chão... sacodia de um jeito que até parecia turbulência. O resultado foi que ao invés de chegar em Washigton e esperar duas horas, foi J quem teve que me esperar.

Washington foi legal. Já fui algumas vezes a trabalho para lá mas era sempre muito corrido e não conseguia ver muito. Dessa vez fiquei na casa de um casal amigo de J. Isso já fez uma diferença enorme. E dessa vez aluguei uma bike para andar pela cidade. Achei o esquema da bike mais ou menos. Você paga 5 doletas "de associação" para poder usar a bike por 24 horas. Até 30 minutos de uso, vc não paga nada. Tem um preço mais ou menos por mais uma hora e depois o preço vai subindo. Para alugar a bike entre 7 - 24 horas o preço é superior a 70 dólares - claramente concebido para incentivar o uso rápido do bike. A parte boa é que tudo é feito com cartão de crédito sem necessidade de m cartão especial como em Barcelona.. Eles bloqueiam 110 dólares "de caução" e a cada vez que vc retirar a bike vc tem que colocar o cartão para gerar um código de liberação. Vc escolhe uma bike no rack, digita o código e voila. Depois é só retornar a bike, colocar no lugar e esperar uma luz verde confirmar o retorno da magrela (pessoalmente eu queria ter um recibo para comprovar a devolução). O problema é que de manhã raramente tiha bicicletas na vizinhança onde ficamos. No último dia rodamos por uma hora até decidir ir para o centro de metrô e buscar algumas por lá.

J teve que trabalhar no domingo e segunda, por isso fiquei meio de bobeira nessas horas. Aproveitei para organizar o resto da viagem, rodar a cidade e almoçar com conhecidos. Consegui almoçar com a Fabi mas fiquei em dívida com a Natasha... dei dois canos nela... sorry dear! O Edu, colega de Oxford, só deu notícias no último dia, quando eu já estava para ambarcar. E tinha mais gente que eu queria ter falado e encontrado mas não deu.

Na segunda de noite levei J a  um restaurante Etiope na U-steet, o Duken. Eu uma das minhas viagens a DC no passado a Timi me levou, junto com o Marcus, a um restaurante desses. Gostei da comida vegetariana e de comer com o pão-esponja. Quis repetir a dose com J. O único detalhe é que grande parte da comida era picante.

Depois de um tour de bike pelo Mall e Casa Branca voltamos para pegar a bagagem e seguir para o aero. Adoro quando dá para chegar fácil com transporte público até os aeroportos (ouviu governos dos estados brasileiros?!). Em Brasília até tem uma zebrinha que quebra o galho; o ônibus para a rodoviária dá voltas demais... Salvador tem uns ônibus demorados e São Paulo só tem aqueles ônibus caros e táxis que vc precisa pedir empréstimos para pagar. Chegar de metrô é outra coisa.

Já tinha viajado com J antes, mas esse foi nosso primeiro vôo juntos. Fomos para Miami. Dessa vez sem atrasos. O venezuelano radicado em Miami sentado ao meu lado comentou que o que ele vê com o Brasil hoje é igual ao ciclo de riqueza da Venezuela nos anos 70 quando venezuelanos não precisavam de visto para ir para os EUA e chegavam lá só com a roupa do corpo. Compravam tudo para levar para casa. O Venezuelano seguiu, defendeu que o governo americano remova a necessidade de visto e deixe os brasileiros virem fazer compras na Florida. Falou que em tempo de recessão, os brasileiros (e suas grandes malas e apetite para compras) são um colírio para os olhos da população da Florida.

J e eu jantamos em um italiano perto do aeroporto de Miami: Basílico. A comida estava muito boa. O Malbec no ponto e o Tiramissú, divino. O cara que nos atendeu, Luciano, era argentino... ou seja, um italiano exilado. Antes de descobrir a origem do Luciano ficamos discutindo a origem dele: eu dizendo que era argentino e J dizendo que ele era italiano. No final, os dois estavam certos.

No dia seguinte saímos cedo... o hotel estava cheio de brasileiros no café da manhã. Para falar a verdade, todos os lugares que nós fomos, exceto Cabo Canaveral, estava cheio de brasileiros.

Chegamos em Cabo Canaveral as duas da tarde... o calor escaldante foi quem nos deu as boas vindas. Aliás, a (alta) temperatura impressionou J. Depois foi conhecer o anjin. Fazia tanto calor que resolvi para para almoçar e comprar umas coisas enquanto o sol baixava. Começamos a trabalhar as 16:00 e fomos até as 20:00. J queria aproveitar que tinha luz para continuar, mas achei melhor deixar para dia seguinte.

Nesse dia começamos a enfrentar nossa sina de jantar tarde. Muito restaurante fecha cedo por aqui. O italiano de Miami fechava as 22:00. Aqui em Cabo Canaveral os que fecham mais tarde encerram as 23:00. E como já era onze da noite tivemos que comer em um desses diners massificados: o Denny's. isso foi mais uma novidade para J que falou que eu escolhi um Giraffas americano para jantar... foi falta de opção.

No dia seguinte tomamos café na rua e começamos a trabalhar as 10:00. J fez vários furos no mastro para o suporte do radar enquanto eu buscava ferramentas, falava no telefone e ajudava o cara que preparava os enroladores de genoa. Fiquei meio estressado com o cara da vela. Ele queria adiar mais uma vez o processo e ficava dizendo que era para me ajudar. Bem, ele me ajuda fazendo essa vela e reduzindo a lista de pendencias para minha partida. Tanto que ele chegou a adiar a chegada da grua. As 1500 começou o processo de recolocar o mastro no lugar. Os caras da vela só sairam do barco depois das 1800. Depois disso fizemos uma cermiônia de batismo do anjin, foi muito mais simbólico do que qualquer outra coisa, mas foi importante ter minha primeira visita a bordo, e justamente quem participou mais ativamente do processo. Guardamos as ferramentas, tomamos banho e seguimos para Orlando.

Quando saímos para jantar em Orlando já era mais de 2300 e novamente tivemos o problema dos restaurantes. Dessa vez a opção era um IHOP, que J lançou a alcunha de Truc's americano (foi uma das poucas pessoas que conheço que mencionou o Truc's... aparentemente o Truc's caiu no esquecimento coletivo - ou simplesmente é velho demais para os neo-candangos terem conhecido). Ao chegar no Ihop rolou um deja-vu. Na véspera, no Denny's, um casal de bêbados sentou atrás da gente, ficaram gritando, derrubaram coisas, brigaram com a garçonete e ainda disseram para nós que não tinha problema pois o filho deles estava no Harvard Law. Pois bem, ao chegar no Ihop tinha outro grupo barulhento, sentado do lado do restaurante que ainda estava aberto. Como se isso não fosse incomodo suficiente, o suco que eu queria tinha acabado e me trouxeram um outro prato. Quando eu reclamei, a garçonete sem graça me disse que o ingrediente para o prato que eu tinha pedido estavam em falta. Será que eles acharam que eu ia confundir camarão com um bife empanado?! Tive que me contentar com metade do omelete de J.

No dia seguinte foi a iniciação de J nos outlets americanos. Um monte de brasileiros em todas as lojas. J gostou dos preços mas os tamanhos que encontrávamos raramente serviam. Eu comprei um tênis e roupas com proteção UV para usar no barco. Depois saímos correndo para assistir o show do Blue Man Group. Como estávamos atrasados, troquei de roupa no carro. Enquanto eu fazia malabarismos no banco de trás a J viu uma mulher levar um baculejo da polícia. A segurança do outlet perseguiu a mulher e uma policial apareceu com arma em punho. A mulher ficou deitada no chão, molhado, enquantos os americanos tentavam entender o que acontecia. Não ficamos para o desfecho da história.

O show foi bom. Tudo funcionando azeitado... a platéia rindo das besteiras que apareciam nos letreiros e  um excesso de voluntarismo por parte do público. Quando o show terminou a maior parte dos restaurante estava fechada (mais uma vez). Jantamos em um japonês fast-food e tomamos um sake gelado que gostamos: o Ty Ku.

Dia seguinte foi dedicado a voltar e compras as últimas encomendas que J recebeu. Uma delas era um Ipad2. Impressionante como não coneguíamos encontrar em lugar nenhum. Fomos em uma loja da Apple que parecia estar em liquidação, tamanha a quantidade de gente. A solução foi sair da área de influência de Orlando para conseguir encontrar um. E ainda assim não foi fácil.

Chegamos com tempo em Miami, apesar da chuva que nos acompanhou ao longo de 250 milhas. J fez o check-in e fomos jantar. Escolhemos um Thai... só que a comida estava mais para chinesa que tailandesa. J pediu sakê... não gostou... era branco, não filtrado segundo a garçonete. Nas palavras de J "parece com suco de cupuaçu".

Despedida triste no aero. Ruim deixar quem você ama. E para piorar, não é uma viagem de  uma hora que resolve isso. Depois do abraço J saiu do carro, me deu tchau e saiu. Não olhou para trás depois que passou pela porta. Eu olhei para frente, engatei "D" e peguei a estrada. 3 horas de chão me esperavam até minha caminha em anjin

Mas foi bom. Essa pausa me deu forças para continuar o trabalho. Diminuiu as saudades e reforçou ideias para os próximos passos e novos projetos. Parafraseando Pessoa: "planejar é preciso, viver não é preciso".


Lincoln Memorial - DC

Washington reta

Washington curva

Deepthroat



Bike alugada em DC

Comida etíope


J e anjin

Preparando mastro

Mastro quase no lugar

bakulejo en Amerika


"J está indo embora..."

Um comentário:

  1. mesmo 'hot' foi cool, mesmo breve, foi intenso.. todos devem saber que você é o melhor cicerone que poderia ter por estas terras (e águas). Este diário é mais um das centenas de teasers que você vai fazer atiçando os aventureiros para te encontrar ao longo de toda a trip com anjin.. e que fique claro que aventura já começou..beijo

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