Essa semana foi direcionada a resolver o transito do Canal de volta ao Caribe. Na segunda feira dei entrada no processo. Fiquei sabendo que minha inspeção anterior vencera no dia 22 desse mês... por causa disso tive que agendar (e pagar) uma nova inspeção para o dia seguinte.
Lamentavelmente na volta caiu uma dessas chuvas tropicais e quando consegui chegar ao clube já era muito tarde pra alugar os cabos e pneus para a inspeção no dia seguinte. Por isso tive que adiar a vistoria para outro dia. Entretanto, ainda consegui, no mesmo dia, receber a vela e a capa de volta. Além de trazer os cabos e pneus para o barco.
A inspeção ontem foi tranquila, apesar dos fortes trovões e raios que caíram de madrugada, cheguei até a pensar em cancelar a vistoria. Quando acordei o tempo já estava melhor e às 07:30 liguei para confirmar a medição. Saímos pouco antes das 09:00 e chegamos na Playita, na Baía ao pé da torre de controle do Canal, às 0925. As 0945 já estávamos ancorados e aguardando o perito.
A vistoria foi rápida porque eles aproveitaram grande parte dos dados da medição anterior. Essa se concentrou em ver cabos, cunhos, buzina e confirmar uns dados que não foram solicitados da outra vez. Além disso o perito foi mais tranquilo que o de Colón. Ele demorou mais tempo esperando a lancha para ir para a próxima inspeção do que fazendo a inspeção no barco.
Uma coisa interessante foi que tive uma conversa, até que meio longa, com o perito sobre mudança climática... tinha muito tempo que eu não falava sobre isso. Ficamos falando sobre tendencias e como diferentes sociedades encaram o problema. Depois que ele foi para o outro veleiro trouxemos o barco de volta ao clube e sai correndo para fazer o pagamento.
O pagamento tem que ser efetuado em dinheiro, na íntegra, em uma agência do Citibank. E os caras demoram 3 semanas para devolver o depósito compulsório de 900 dólares para emergências. É dessa maneira que o Canal também faz dinheiro. Você paga antecipado, em cash ou transferência bancária, antes de fazer a travessia, e o canal fica com seu dinheiro por quase um mês. Nesse meio tempo dá para fazer muita especulação. E não estamos falando em veleiros, mas de centenas de navios que pagam um quarto de milhão de dólares para fazer a travessia.
Ontem no final do dia o Garotinho veio aqui trazer um amigo para ver o barco. O cara gostou do barco e vai me colocar em contato com um cara que mora do outro lado do país para me dar conselhos sobre onde deixar o barco para a venda.
A travessia do canal deve ocorrer em breve... agora é hora de preparar o barco - de novo.
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quinta-feira, 30 de agosto de 2012
domingo, 26 de agosto de 2012
Fotos Panama - Galápagos
Algumas fotos tiradas durante a tentativa de chegar à Galápagos.
Cidade do Panamá na alvorada |
Causeway |
Causeway se distanciando |
Panama's skyline |
companheiro de canal |
Lua em um dos turnos |
Chef trimando a vela |
O screecher |
Mergulhando no Pacífico |
Any given shift do Chef |
Golfinhos nos recepcionando na volta |
Um pequeno passo para um homem...
Hoje morreu uma figura que marcou minha infância. Por mais que muitos afirmem que o homem nunca chegou à lua, que tudo o que foi televisionando no final dos anos 60 uma grande armação, ou como diz a música Californication do Red Hot Chilli Peppers "Space may be the final frontier But it's made in a Hollywood basement", eu acredito. Eu acredito na determinação das pessoas em correr atrás de seus objetivos e fazer as coisas acontecerem.
Assim como muitos outros garotos, e acredito também que algumas garotas, por muito tempo sonhei em ser astronauta. Inclusive, uma das razões que eu fiz engenharia foi saber que diversos dos astronautas eram engenheiros (e até começar a estudar engenharia achava que MacGyver também fosse um). Depois da fase espacial, influenciado por Hollywood, pensei em ser Indiana Jones. Acho que nem tanto por ser arqueólogo, mas para poder ter a desculpa de usar um chapéu Fedora e poder exercitar o meu sarcasmo. Mas sempre ficou o espírito Armstronguiano... um legado mais forte do que o significado do nome. Tanto do Neil quanto, mais recentemente, do Lance.
Não acho que esteja fazendo nada de excepcional hoje em dia. Não estou seguindo os conselhos do Capitão Kirk e indo mais além do que qualquer homem (ou mulher) jamais foi. Para falar a verdade, estou fazendo uma coisa que é muito mais comum do que se imagina. Se olharmos para o passado tudo era transportado por barcos a vela. Agora convenhamos, muitos desses homens (sorry ladies, agora era só homens mesmo) eram Neil Armstrongs de suas épocas. Enfrentando o desconhecido, o escorbuto, a solidão, fome, e principalmente o fim do mundo.
Hoje eu tenho motor, gerador, painel solar, GPS, telefone via satélite, balsa salva vidas, mais comprimidos e remédios que qualquer um desses marinheiros jamais sonhou. Mas ainda compartilhamos os caprichos do vento, o frio, a lua, estrelas, a cama úmida, roupas molhadas, a tensão de se tudo vai dar certo e a alegria de chegar em terra novamente.
Li em um desses livros que tem um ponto no Pacífico Sul, perto do Cabo Horn que foi menos frequentado do que o espaço, tamanho é seu isolamento. É um desses lugares que animariam o capitão Kirk e que seguidores do Neil Armstrong. Mas não é minha ambição chegar lá (agora)... quem sabe na época dos cruzeiros polares, mas isso é outro departamento.
Muita gente já deu a volta ao mundo à vela. Alguns em barcos que eram pouco maiores que uma banheira. E eu mal fiz 10% disso, pois 21000 milhas naúticas caracterizam uma circumnavegação. Mas estou contente, e satisfeito. Estou em um ponto que consigo perceber que daqui para diante era uma questão de mais tempo no timão. Claro, e de novos portos, novas burocracias, novos temperos, novos pantones de cor de água do mar e, claro, novos imprevistos.
Por falar nisso, nessa semana encalhamos o barco, propositalmente. Tiramos proveito dos mais de 4 metros de variação de maré que tem por aqui para colocar o anjin no seco para ver o que aconteceu quando o cabo enroscou. E já que ia encalhar o barco aproveitei para dar uma limpada no fundo e encerar os cascos.
Com o barco no seco percebi que o que aconteceu foi que o pé de galinha empenou para o lado. Como o tempo entre marés é limitado não deu para realizar o conserto no mesmo dia e por isso anjin teve que ser encalhado mais uma vez ontem. Admito que o segundo encalhe foi muito mais tenso do que o primeiro. Na segunda vez o barco foi encalhado com a popa para a praia e isso causa uma série de dificuldades. Como miséria pouca é bobagem, nesse dia uma das catraias de apoio do iate clube estava quebrada e tivemos que colocar o barco na posição correta no braço, usando as catracas para puxá-lo para a posição correta.
Uma vez com o barco no lugar, pela segunda vez, o mecânico tentou retirar o pé de galinha. Eu já tinha dito para ele que não seria fácil. No final das contas ele não conseguiu tirar a peça (e consequentemente o eixo). A solução foi aplicar calor na peça e puxá-la com um sistema de cabos e polias. Esteticamente não ficou muito bonito mas funcionou. Testamos, brevemente, o barco em diferentes rotações e não escutamos o ruído nem as vibrações de antes. Acho que estamos prontos para atravessar o canal no sentido oposto. Agora é tratar da burocracia da travessia. Como disse o célebre Neil, é um pequeno passo para um homem, mas muito importante para mim e meu projeto.
quarta-feira, 22 de agosto de 2012
Imensidão azul
Coisas inacreditáveis acontecem nessas viagens grandes. Uma delas foi o incidente que aconteceu com o barco em uma manhã. Estávamos tirando o rizo da vela e foi preciso ligar o motor para colocar o barco no vento. Infelizmente um cabo enroscou no hélice e tive que mergulhar para soltá-lo.
Nunca imaginei mergulhar no "meio" de um oceano, ainda mais o Pacífico. Claro que rolou uma tensão com tubarões e águas vivas, mas tudo correu bem. O Chef fez a segurança com um cabo e eu mergulhei com uma faca, mas não foi preciso usá-la porque desenrolei o cabo com a mão.
Foi uma experiência incrível: o azul impressionante, os milhares de metros até o fundo, o barco que seguia velejando, a possibilidade de aparecer alguma criatura das profundezas, a ignorância sobre qual era o grau de enrosco do cabo. Tudo isso fez a adrenalina correr solta.
No final do mergulho eu registrei esse vídeo. Depois ainda mergulhei pela proa do barco para tirar cracas que estavam presas no sensor do medidor de velocidade.
Nunca imaginei mergulhar no "meio" de um oceano, ainda mais o Pacífico. Claro que rolou uma tensão com tubarões e águas vivas, mas tudo correu bem. O Chef fez a segurança com um cabo e eu mergulhei com uma faca, mas não foi preciso usá-la porque desenrolei o cabo com a mão.
Foi uma experiência incrível: o azul impressionante, os milhares de metros até o fundo, o barco que seguia velejando, a possibilidade de aparecer alguma criatura das profundezas, a ignorância sobre qual era o grau de enrosco do cabo. Tudo isso fez a adrenalina correr solta.
No final do mergulho eu registrei esse vídeo. Depois ainda mergulhei pela proa do barco para tirar cracas que estavam presas no sensor do medidor de velocidade.
terça-feira, 21 de agosto de 2012
Golfinhos
Na saída da cidade do Panamá fomos acompanhados com um rebanho (?), manada (?) (não sei qual é o coletivo de golfinhos, mas não é cardume porque ele não é peixe) por um bom tempo. E era interessante ver que tinha de golfinhos grandes até golfinhos bebês. Nos outros dias ainda tivemos a companhia de uns golfinhos solitários. Esses golfinhos eram diferentes dos golfinhos da Flórida, que parecem com o Flipper, ou com os golfinhos que vi na Escócia, que eram pequenos e amarronzados.
Screecher
Estréia da nova vela e seu enrolador. O screecher tem 650 pes quadrados e foi construído com tecido 2.2 nos reforços e 1.5 no restante. O screecher é uma mistura de spinnaker com reacher e é uma vela cortada com menos barriga que um spin e com o punho mais alto. Pode ser usada no contravento, través e alheta em ventos de até 12 - 15 nós. É uma vela que consegue explorar bem o vento aparente.
Essa vela foi calculada por um especialista em regatas da Costa Oeste e cortada pelo Scott do Sails by Morgan.
Essa vela foi calculada por um especialista em regatas da Costa Oeste e cortada pelo Scott do Sails by Morgan.
segunda-feira, 20 de agosto de 2012
The dream is over, ou como fazer uma limonada
Nunca pensei que fosse escrever esse post. Quando estamos em um projeto grande que envolve sonhos temos as coisas mais ou menos delineadas, imaginamos o que vai acontecer. Sabemos que imprevistos podem surgir, mas torcemos para que, de uma forma ou de outra, as coisas acabem bem. Quero dizer, da maneira que imaginamos. Por isso sempre imaginei escrever sobre o final da circunavegação, o momento em que cruzaria o meridiano de partida.
Antes de seguir, queria esclarecer uma coisa. Sempre fui um cara muito chato. Cricri, detalhista, minucioso, rigoroso. Durante a maior parte da minha vida eu sempre reclamei do que não consegui fazer. Para mim era difícil olhar para trás e ver o que conquistei e me lamentar pelo que não foi feito, pois o que foi feito não era suficiente ou bom o bastante.
Não quero hoje demover pessoas de seus sonhos. A mensagem, apesar do título, é que é preciso insistir. Vá até onde der, até onde você se sinta que dá para ir. Mas atenção, você tem que sair de sua zona de conforto. Quem quer correr uma maratona não pode parar na esquina porque se cansou... Imagino que se um sonho fosse fácil de realizar ele não seria um sonho. Agora, quando começar a ficar chato, gerar desconforto, chegou a hora de parar e fazer a contabilidade. E é importante perceber isso o quanto antes e ter certeza do que está acontecendo.
Eu cheguei nesse ponto. A volta de Galápagos é o que precisava ser feito. Era a coisa certa. Não sou suicida e ainda por cima tinha tripulação. Poderia ter chegado, forçando a barra até Galápagos. Mas seria difícil seguir adiante e não valia a pena o risco de forçar o barco, nossa saúde ou bem estar, por mais um "país visitado". E já tinha ido ao Equador antes ;)
Voltar foi duro... o resto, as decisões, são coisas que vem me ocupando a mente. Está tarde para cruzar o Pacífico. As pessoas que fazem isso começam em abril maio, porque no final de novembro começa a temporada de furacões. E depois tem furacões no Índico. Seria correr demais. Não daria tempo de cruzar quase meio planeta.
Agora tenho que pensar nos próximos passos. Poderia ficar velejando pelo Caribe, mas a temporada de furacão por lá vai até novembro. Meu caixa está baixo. Tinha planejado seguir velejando porque velejando se gasta muito pouco dinheiro. A grana se esvai nas paradas. O Caribe, cheio de ilhas próximas uma da outra se tornaria um sangradouro de recursos.
anjin era a ferramenta para realizar um sonho. Eu sabia que não poderia mantê-lo ad infinitum. A legislação brasileira não permite a importação de barcos usados, logo vendê-lo já era parte do projeto desde o dia em que o comprei. A diferença é que terei que antecipar essa etapa. Descobrir onde, como e quando.
Mas voltando ao começo do post, estou muito orgulhoso. Consegui criar coragem para partir, encontrar um barco, comprá-lo, reformá-lo com pouca ajuda, fazer uma longa perna em solitário, cruzar o canal do Panamá, convenci duas pessoas super capacitadas a me acompanhar (e várias outras que não puderam aparecer por motivos de força (e filhos) maior). Logrei manter um relacionamento, ainda que com dificuldades, apesar de um ou mais oceanos e várias horas de diferença entre nós. Vivi mais de seis meses sem geladeira ou sem água corrente. Aluguei carros quando precisei mas a maior parte do tempo foi com uma bike e transporte público. Fora a grana com o barco gastei muito pouco... vivi frugalmente um sonho 24 horas. Literalmente eu dormia e acordava nele. E sou agradecido por isso.
O futuro?! Não sei, o tempo dirá. Espero voltar e conseguir logo um novo dono para o anjin. Também tenho esperança de continuar servindo de inspiração para que pessoas deem aquele passo na direção da realização dos sonhos. E já tenho um novo projeto engatilhado, algo mais ambicioso, porque envolve prazos longos e outra pessoa.
Se você tem interesse em comprar um barco pronto para uma volta ao mundo, ou conhece alguém que possa estar interessado, me avise.
Vou me despedir com uma citação que me marcou muito... Posso falar para Mark Twain, com orgulho, que segui suas recomendações: soltei as amarras e velejei meu sonho, sozinho no meu barco, nos alíseos. Explorei e descobri muito mais sobre mim do que imaginava. Um brinde a isso!
"Twenty years from now you will be more disappointed by the things that you didn't do than by the ones you did do. So throw off the bowlines. Sail away from the safe harbor. Catch the trade winds in your sails. Explore. Dream. Discover.
Mark Twain"
Antes de seguir, queria esclarecer uma coisa. Sempre fui um cara muito chato. Cricri, detalhista, minucioso, rigoroso. Durante a maior parte da minha vida eu sempre reclamei do que não consegui fazer. Para mim era difícil olhar para trás e ver o que conquistei e me lamentar pelo que não foi feito, pois o que foi feito não era suficiente ou bom o bastante.
Não quero hoje demover pessoas de seus sonhos. A mensagem, apesar do título, é que é preciso insistir. Vá até onde der, até onde você se sinta que dá para ir. Mas atenção, você tem que sair de sua zona de conforto. Quem quer correr uma maratona não pode parar na esquina porque se cansou... Imagino que se um sonho fosse fácil de realizar ele não seria um sonho. Agora, quando começar a ficar chato, gerar desconforto, chegou a hora de parar e fazer a contabilidade. E é importante perceber isso o quanto antes e ter certeza do que está acontecendo.
Eu cheguei nesse ponto. A volta de Galápagos é o que precisava ser feito. Era a coisa certa. Não sou suicida e ainda por cima tinha tripulação. Poderia ter chegado, forçando a barra até Galápagos. Mas seria difícil seguir adiante e não valia a pena o risco de forçar o barco, nossa saúde ou bem estar, por mais um "país visitado". E já tinha ido ao Equador antes ;)
Voltar foi duro... o resto, as decisões, são coisas que vem me ocupando a mente. Está tarde para cruzar o Pacífico. As pessoas que fazem isso começam em abril maio, porque no final de novembro começa a temporada de furacões. E depois tem furacões no Índico. Seria correr demais. Não daria tempo de cruzar quase meio planeta.
Agora tenho que pensar nos próximos passos. Poderia ficar velejando pelo Caribe, mas a temporada de furacão por lá vai até novembro. Meu caixa está baixo. Tinha planejado seguir velejando porque velejando se gasta muito pouco dinheiro. A grana se esvai nas paradas. O Caribe, cheio de ilhas próximas uma da outra se tornaria um sangradouro de recursos.
anjin era a ferramenta para realizar um sonho. Eu sabia que não poderia mantê-lo ad infinitum. A legislação brasileira não permite a importação de barcos usados, logo vendê-lo já era parte do projeto desde o dia em que o comprei. A diferença é que terei que antecipar essa etapa. Descobrir onde, como e quando.
Mas voltando ao começo do post, estou muito orgulhoso. Consegui criar coragem para partir, encontrar um barco, comprá-lo, reformá-lo com pouca ajuda, fazer uma longa perna em solitário, cruzar o canal do Panamá, convenci duas pessoas super capacitadas a me acompanhar (e várias outras que não puderam aparecer por motivos de força (e filhos) maior). Logrei manter um relacionamento, ainda que com dificuldades, apesar de um ou mais oceanos e várias horas de diferença entre nós. Vivi mais de seis meses sem geladeira ou sem água corrente. Aluguei carros quando precisei mas a maior parte do tempo foi com uma bike e transporte público. Fora a grana com o barco gastei muito pouco... vivi frugalmente um sonho 24 horas. Literalmente eu dormia e acordava nele. E sou agradecido por isso.
O futuro?! Não sei, o tempo dirá. Espero voltar e conseguir logo um novo dono para o anjin. Também tenho esperança de continuar servindo de inspiração para que pessoas deem aquele passo na direção da realização dos sonhos. E já tenho um novo projeto engatilhado, algo mais ambicioso, porque envolve prazos longos e outra pessoa.
Se você tem interesse em comprar um barco pronto para uma volta ao mundo, ou conhece alguém que possa estar interessado, me avise.
Vou me despedir com uma citação que me marcou muito... Posso falar para Mark Twain, com orgulho, que segui suas recomendações: soltei as amarras e velejei meu sonho, sozinho no meu barco, nos alíseos. Explorei e descobri muito mais sobre mim do que imaginava. Um brinde a isso!
"Twenty years from now you will be more disappointed by the things that you didn't do than by the ones you did do. So throw off the bowlines. Sail away from the safe harbor. Catch the trade winds in your sails. Explore. Dream. Discover.
Mark Twain"
sexta-feira, 17 de agosto de 2012
Offtopic
Tem sempre umas surpresas que acontecem durante essas viagens mais longas.
O Chef escreveu um livro sobre cozinha a bordo. Isso chamou atenção da mulher do Garotinho que é amiga de um chefe espanhol que mora aqui no Panamá e tem um quadro em um programa de televisão. Ela colocou os dois em contato e o resultado foi um convite para participar do programa.
Assim, em um dia estávamos a bordo planejando a visita para Galápagos e no outro estávamos em um estúdio de televisão.
O prato executado foi uma farofa. Fiquei particularmente orgulhoso porque essa foi minha sugestão. Entretanto no final do programa a galera faminta da produção só comeu a choriça e deixou a farinha.... crianças, não sabem o que é bom.
O Chef escreveu um livro sobre cozinha a bordo. Isso chamou atenção da mulher do Garotinho que é amiga de um chefe espanhol que mora aqui no Panamá e tem um quadro em um programa de televisão. Ela colocou os dois em contato e o resultado foi um convite para participar do programa.
Assim, em um dia estávamos a bordo planejando a visita para Galápagos e no outro estávamos em um estúdio de televisão.
O prato executado foi uma farofa. Fiquei particularmente orgulhoso porque essa foi minha sugestão. Entretanto no final do programa a galera faminta da produção só comeu a choriça e deixou a farinha.... crianças, não sabem o que é bom.
os anfitriões do programa |
O Chef y el chef |
Assistindo nos bastidores |
Primeiro se aplica a galera VIP |
depois vem a galera da geral! |
Brinde final |
Balboa Yacht Club
Estamos de volta ao Balboa Yacht Club, local onde o anjin passou a maior parte de sua temporada no Panamá.
A localização do clube é boa, mas a água é suja e cheira mal, a corrente é forte e a parte de banheiros e máquinas de lavar é, no máximo, acanhada (para não dizer algo mais depreciativo).
A localização do clube é boa, mas a água é suja e cheira mal, a corrente é forte e a parte de banheiros e máquinas de lavar é, no máximo, acanhada (para não dizer algo mais depreciativo).
quarta-feira, 15 de agosto de 2012
Chegamos
Foi um "passeio" demorado, 13 dias para sair e voltar para o mesmo ponto... mais de 1000 milhas navegadas sem chegar à Galapagos. Muita chuva, ventos inconstantes, calmarias, problemas no motor, algumas quebras, um mergulho oceânico, golfinhos, baleias, pássaros, bioluminescência, e muitas horas de reflexão no cockpit.
Voltamos à cidade do Panamá por causa das dificuldades de reparos em Galápagos e pouco combustível a bordo. Chegamos hoje as 21:15 ao Balboa Yacht club. Estamos de volta ao bar. Como castigo pouco é bobagem, hoje é noite de karaokê e estamos sofrendo com os "talentos" locais.
Agradecimentos especiais ao Garotinho por ter feito o meio de campo com o Yacht Club para conseguir nossa reserva e à J pelo update no blog e apoio constante.
Muita coisa aconteceu nessa viagem. Existem muitas incertezas agora sobre nosso próximo destino, mas não vou me aprofundar agora nisso. Nos dias que virão vou atualizar vocês. O importante é dizer que a tripulação e o anjin estão bem, apesar de alguns solavancos e contratempos.
Um abraço e até o próximo post!
Voltamos à cidade do Panamá por causa das dificuldades de reparos em Galápagos e pouco combustível a bordo. Chegamos hoje as 21:15 ao Balboa Yacht club. Estamos de volta ao bar. Como castigo pouco é bobagem, hoje é noite de karaokê e estamos sofrendo com os "talentos" locais.
Agradecimentos especiais ao Garotinho por ter feito o meio de campo com o Yacht Club para conseguir nossa reserva e à J pelo update no blog e apoio constante.
Muita coisa aconteceu nessa viagem. Existem muitas incertezas agora sobre nosso próximo destino, mas não vou me aprofundar agora nisso. Nos dias que virão vou atualizar vocês. O importante é dizer que a tripulação e o anjin estão bem, apesar de alguns solavancos e contratempos.
Um abraço e até o próximo post!
quinta-feira, 9 de agosto de 2012
Comunicação Pacificadora
Pessoal,
diretamente da cabine de comando, mensagem para os leitores do blog. Anjin está numa zona com pouca cobertura de satélite e por isso a atualização do blog ficará menos frequente. Palavras do capitão "Isso é um sinal que estamos nos afastando da civilização e chegando em algum lugar que eu havia imaginado".
Sobre a viagem, "A noite foi tranquila, apesar da chuva. O vento enfim mudou hoje de manhã e estamos em um rumo oeste-sudoeste, rumando para o norte de Galapagos. Oportunamente teremos que fazer alguma manobra. Agora estamos a 500 milhas a nordeste da ilha".
abraços a todos!
J
diretamente da cabine de comando, mensagem para os leitores do blog. Anjin está numa zona com pouca cobertura de satélite e por isso a atualização do blog ficará menos frequente. Palavras do capitão "Isso é um sinal que estamos nos afastando da civilização e chegando em algum lugar que eu havia imaginado".
Sobre a viagem, "A noite foi tranquila, apesar da chuva. O vento enfim mudou hoje de manhã e estamos em um rumo oeste-sudoeste, rumando para o norte de Galapagos. Oportunamente teremos que fazer alguma manobra. Agora estamos a 500 milhas a nordeste da ilha".
abraços a todos!
J
domingo, 5 de agosto de 2012
A conquista do Sudoeste
Cada milha em direção à ilha Malpelo, uma posessão Colombiana a mais de 200
milhas da costa, é uma briga. O vento insiste em soprar na direção
contrária, sempre. Não sei como está a corrente de Humboldt, mas como
estamos fazendo um curso mais longe da costa do que imaginavamos (por causa
do regime de ventos) não sei direito como está a atuação dela. Li também que
esse é ano de la Niña, assim as coisas ficam ainda mais esquesitas.
Ontem rolou outra tempestade... por muito tempo foi apenas raios muito
foretes. Depois começaram os trovões. Achei que era risco demais
atravessá-la, apesar de estreita, e decidi desviar dela. Ainda assim fomos
pegos pelo final dela. Felizmente o vento não estava tão forte quanto
na tempestede de sexta feira. O que me assustava mais era a possibilidade de
um raio cair no barco e não só machucar alguém mais também queimar todos os
aparelhos elétricos.
Almoço-janta de hoje será por minha conta (e eu também preparo o café da
manhã). Vou fazer umas lentilhas e uma salada com o alface que temos e o
tomate que sobrou (tivemos que jogar vários fora). Falando em comida, ontem
eu achei gorgulhos dentro do macarrão (na verdade parecia mais com o bicudo
do algodão). Tinha outros na caixa. Por isso tivemos que fazer uma inspeção.
Na outra caixa da mesma marca também tinha bichos. Abrimos metade dos
Barilla que tinhamos comprado e eles estavam livres, felizmente. O restante
dos cereais está guardado em embalagens a prova d'agua, então imagino que
estarão livres desses clandestinos indesejáveis.
Acho que a previsão de chegada em Galápagos vai ser de 10 dias mesmo, a
não ser que comecemos a andar mais rápido depois da Ilha Malpelo. Até o
momento estamos beirando 100
milhas de dia, sendo que de ontem para hoje só fizemos 90. E a rota, em
linhas retas é de 920 milhas, mas com os zig-zags do barco vai dar muito
mais do que isso.
O regulador de voltagem está funcionando, mas ele ainda precisa ser ajustado
pois não está carregando as baterias completamente (mas pelo menos ele não
para de funcionar como o outro). Uma pena, pois com essa motorada toda as
baterias deveriam estar mais carregadas (o piloto automático tem um apetite
voraz). Ainda não tivemos tempo de montar o Aleixo, preciso fazer uma emenda
em um cabo e para isso não pode ter nem vento nem chuva (e preferivelmente
com pouco balanço). Por falar nisso, ontem tomei um susto. Escutei um
barulho de coisa caindo na popa do barco. Achei que tinha periddo o leme de
vento, de novo. Mas descobri que tinha sido um pelicano marrom mergulhando.
Que alívio!
milhas da costa, é uma briga. O vento insiste em soprar na direção
contrária, sempre. Não sei como está a corrente de Humboldt, mas como
estamos fazendo um curso mais longe da costa do que imaginavamos (por causa
do regime de ventos) não sei direito como está a atuação dela. Li também que
esse é ano de la Niña, assim as coisas ficam ainda mais esquesitas.
Ontem rolou outra tempestade... por muito tempo foi apenas raios muito
foretes. Depois começaram os trovões. Achei que era risco demais
atravessá-la, apesar de estreita, e decidi desviar dela. Ainda assim fomos
pegos pelo final dela. Felizmente o vento não estava tão forte quanto
na tempestede de sexta feira. O que me assustava mais era a possibilidade de
um raio cair no barco e não só machucar alguém mais também queimar todos os
aparelhos elétricos.
Almoço-janta de hoje será por minha conta (e eu também preparo o café da
manhã). Vou fazer umas lentilhas e uma salada com o alface que temos e o
tomate que sobrou (tivemos que jogar vários fora). Falando em comida, ontem
eu achei gorgulhos dentro do macarrão (na verdade parecia mais com o bicudo
do algodão). Tinha outros na caixa. Por isso tivemos que fazer uma inspeção.
Na outra caixa da mesma marca também tinha bichos. Abrimos metade dos
Barilla que tinhamos comprado e eles estavam livres, felizmente. O restante
dos cereais está guardado em embalagens a prova d'agua, então imagino que
estarão livres desses clandestinos indesejáveis.
Acho que a previsão de chegada em Galápagos vai ser de 10 dias mesmo, a
não ser que comecemos a andar mais rápido depois da Ilha Malpelo. Até o
momento estamos beirando 100
milhas de dia, sendo que de ontem para hoje só fizemos 90. E a rota, em
linhas retas é de 920 milhas, mas com os zig-zags do barco vai dar muito
mais do que isso.
O regulador de voltagem está funcionando, mas ele ainda precisa ser ajustado
pois não está carregando as baterias completamente (mas pelo menos ele não
para de funcionar como o outro). Uma pena, pois com essa motorada toda as
baterias deveriam estar mais carregadas (o piloto automático tem um apetite
voraz). Ainda não tivemos tempo de montar o Aleixo, preciso fazer uma emenda
em um cabo e para isso não pode ter nem vento nem chuva (e preferivelmente
com pouco balanço). Por falar nisso, ontem tomei um susto. Escutei um
barulho de coisa caindo na popa do barco. Achei que tinha periddo o leme de
vento, de novo. Mas descobri que tinha sido um pelicano marrom mergulhando.
Que alívio!
sexta-feira, 3 de agosto de 2012
Primeiros dias travessia
Aqui estou escrevendo direto do Pacífico para testar a atualização do blog via celular. O blogspot aceita que posts sejam enviados por e-mail, então juntei essa função com o envio de e-mails pelo celular via satélite. É relativamente demorado para padrões atuais de banda larga, mas oferece comodidade e um conforto incrível poder receber mensagens mais longas do povo de terra.
Partimos ontem do Balboa Yacht Club às 05:00. Ainda estava escuro, mas a lua cheia facilitou o processo. O chef soltou o cabo da poita nas águas mal cheirosas da boca do Canal e seguimos rumo ao Pacífico. Foi bonito ver o amanhecer iluminando os prédios da cidade do Panamá. J me ligou enquanto estava motorando no canal... ainda consegui acessar e-mail via celular normal até as proximidades da Ilha Taboga, então, daí em diante, até o próximo wifi só celular via satélite.
Içamos as velas depois que ultrapassamos a zona do Canal de ancoragem para navios. O vento esava bom e anjin deslizou rápido. Mas o vento foi minguando e no final da manhã tivemos que estrear o screecher e seu enrolador. A vela funcionou bem, só não é muito fácil mudar de bordo. Enrolar também não foi fácil, acho que a vela ficou comprida e não consegui dar a tensão correta na testa. Uma diferença da minha travessia da Flórida para o Panamá quando tinha que parar por falta de velas leves. De tarde muito calor e um almojanta: macarrão com molho de azeitonas.
O ponto alto do dia ontem foi a vida animal: avistamos duas baleias e muitos pássaros. Entretanto o mais espacil foi ser escoltados por um cardume de golfinhos por muitas horas. Tinha até baby dolphins. Vale explicar que não eram golfinhos como os flippers lá da Flórida, esses eram escuros com manchas brancas (ou cinzas) pelo corpo.
A noite demos um riso na vela mestra (por segurança) e seguimos em turnos de duas horas. A noite transcorreu sem surpresas, mas com muito sono.
Hoje pela manhã uma tempestade com ventos de 25 nós e muitos relâmpagos. Usamos o motor toda a manhã. De tarde vento contra novamente e mais motor. Só agora no final da tarde que o vento deu uma firmada e estamos velejando, mas em um rumo ruim, no contravento. Os guias falam que esse trecho do Panamá até Galápagos é dificil por causa das correntezas contrárias e o vento que é sempre contra ou ausente. Já provamos os ventos, ainda não vimos as correntes.
Hoje faremos turnos de duas horas novamente. A noite está escura, sem lua (ainda). Durante o dia poucos bichos, só um passarinho cansado que ficou tentando pousar, sem sucesso, no anjin e um ou outro golfinho.
O rango foi feijão com arroz. Incrementei o meu com pimenta e farinha, como manda a religião baiana!. Agora é dar uma descansada para daqui a pouco começar meu turno.
Até o próximo post!
quarta-feira, 1 de agosto de 2012
Nova partida
Estou aqui no bar de novo... atualizando o blog e fazendo alguns contatos. Saudades do tempo em que podia trabalhar com internet no barco. Mas estou me perguntando por que as partidas são sempre tão corridas. Já estou no Panamá há um mês e meio... e ainda assim estou correndo para arrumar as coisas para partir. Já estou até achando que só estou parando em portos com visgo ou algo do gênero que me fazem ficar muito mais tempo do que o planejado. Foi assim na Florida, foi assim aqui... como disse um cara na marina lá em Cocoa, no ritmo da reforma eu ia demorar 30 anos para chegar ao Brasil.
A razão que ainda estou aqui é a demora para a chegada do regulador de voltagem do barco. O fabricante substituiu o regulador original na garantia. Só que enviaram os cabos e esqueceram de enviar o regulador!!! Para complicar eles enviaram por FedEx Economy que demorou 3 dias a mais para chegar. A peça deveria ter chegado aqui ontem, mas por causa das chuvas o FedEx não foi entregue no prazo... ou seja, não comam aquela história de Tom Hanks se esforçando para entregar no prazo. Nem sempre isso acontece. Instalei a peça agora de noite... não deu para testar direito.Depois eu falo o que descobri. De cara o sensor de temperatura já deu erro... suspiro.
Apesar da temporada prolongada por aqui, estive muito envolvido com atividades em terra. Minha mãe apareceu para me visitar e na sequencia J chegou. Essa overdose de carinho foi muito bem vinda. Com minha mãe não deu para sair com o barco porque eu consegui torcer o pé durante a visita dela e ficava difícil me deslocar rapidamente a bordo...
Com J nós saímos junto com Garotinho e esposa para um passeio na Baía do Panamá até a ilha de Taboga. Não ancoramos por lá porque a correnteza estava forte. Todos os barcos lá estavam em poitas, mas como não sabíamos se eram poitas privadas ou não, seguimos o passeio. Demos um mergulho no Pacífico. Garotinho e eu conseguimos nos queimar com águas vivas... má fase. Usei o velho truque do xixi, que pode enojar alguns mas funciona. Na volta mudamos de ancoragem para a Brisas do Amador, o espaço de ancoragem público... o fundo era terrível, a ancora não unhava. Um cara me avisou pelo VHF que em 4 metros de profundidade eles estavam usando 45 metros de corrente!!!! O anjin só tem 12 metros de corrente e 50 metros de nylon. No primeiro dia quando o vento mudou nós quase batemos com outro barco... então levantamos âncora e fomos para outro ponto. Dei mais cabo, só por garantia. O problema é que sempre rolava uma insegurança se o barco estaria lá quando voltássemos. Além disso a área de desembarque era péssima, com uma escada perigosa escura e cheia de limo, além dos indefectíveis barquinhos de plástico para ir do pier para a escada.
Na manhã em que iriamos partir para o arquipélago de Las Perlas descobri água no óleo do motor. Não consegui achar o mecânico que consertara o guincho aqui na cidade do Panamá então liguei para o mecânico em Colón. Ele explicou que era água que tinha entrado pelo escapamento e passou a receita para consertar. Foi meio deja vu com o incidente do motor de popa. Passei um bom tempo em cima do motor. Drenei o óleo e depois girei várias vezes na mão. Depois novo óleo e teste. Motor funcionou. Bom. O mecânico veio aqui depois para ver o que tinha acontecido: constatou que uma das mangueiras do escape estava muito baixa e com o barco balançando e com tanques cheios a água que vinha pelo escapamento lentamente inundava o motor. Ele elevou o ponto e deixou como dever de casa acertar as mangueiras e conexão. No dia seguinte troquei o óleo e o filtro e votamos para o Balboa Yacht Club. Comprei um saco de gelo de presente para J.
E aqui estou desde então, duas semanas. No fim de semana retrasado foi a despedida da J. O sábado foi curtido no barco com cava espanhola, violão e camarões. No domingo fiz uma moqueca de despedida e de boas vindas ao novo membro da tripulação do anjin, o Chef. Um capítulo da história anjinesca terminava e outro começava.
Agora anjin voltou a ter tripulanteS. O chef vai passar um tempo a bordo... ele ainda não está muito certo de até que ponto ele irá, mas o plano é seguir pelo menos até a Polinésia. Ele é um conhecido meu do grupo Altomar e foi meu guru de vela lá em Brasília. Para parafraseá-lo, o cara é um sujeito "safo de mar e guerra". Veleja há muito tempo, é pai de família, bom de prosa e, como o codinome dele já explica, bom de cozinha. Para mais informações, dê uma olhada no blog dele.
Amanhã partimos para Galápagos. Já pegamos o zarpe, carimbamos os passaportes. Estamos empolgados. As coisas vão ser diferentes. Com uma outra pessoa a bordo tocar o barco e fazer as atividades cotidianas ficam mais fáceis. Por outro lado tem o lance da convivência longa em espaços apertados, mas isso é algo que teremos que administrar. O chato é que o caminho para Galápagos é cheio de calmarias, correntes e ventos contrários. Mas isso é assunto para outros post. Até lá.
A razão que ainda estou aqui é a demora para a chegada do regulador de voltagem do barco. O fabricante substituiu o regulador original na garantia. Só que enviaram os cabos e esqueceram de enviar o regulador!!! Para complicar eles enviaram por FedEx Economy que demorou 3 dias a mais para chegar. A peça deveria ter chegado aqui ontem, mas por causa das chuvas o FedEx não foi entregue no prazo... ou seja, não comam aquela história de Tom Hanks se esforçando para entregar no prazo. Nem sempre isso acontece. Instalei a peça agora de noite... não deu para testar direito.Depois eu falo o que descobri. De cara o sensor de temperatura já deu erro... suspiro.
Apesar da temporada prolongada por aqui, estive muito envolvido com atividades em terra. Minha mãe apareceu para me visitar e na sequencia J chegou. Essa overdose de carinho foi muito bem vinda. Com minha mãe não deu para sair com o barco porque eu consegui torcer o pé durante a visita dela e ficava difícil me deslocar rapidamente a bordo...
Com J nós saímos junto com Garotinho e esposa para um passeio na Baía do Panamá até a ilha de Taboga. Não ancoramos por lá porque a correnteza estava forte. Todos os barcos lá estavam em poitas, mas como não sabíamos se eram poitas privadas ou não, seguimos o passeio. Demos um mergulho no Pacífico. Garotinho e eu conseguimos nos queimar com águas vivas... má fase. Usei o velho truque do xixi, que pode enojar alguns mas funciona. Na volta mudamos de ancoragem para a Brisas do Amador, o espaço de ancoragem público... o fundo era terrível, a ancora não unhava. Um cara me avisou pelo VHF que em 4 metros de profundidade eles estavam usando 45 metros de corrente!!!! O anjin só tem 12 metros de corrente e 50 metros de nylon. No primeiro dia quando o vento mudou nós quase batemos com outro barco... então levantamos âncora e fomos para outro ponto. Dei mais cabo, só por garantia. O problema é que sempre rolava uma insegurança se o barco estaria lá quando voltássemos. Além disso a área de desembarque era péssima, com uma escada perigosa escura e cheia de limo, além dos indefectíveis barquinhos de plástico para ir do pier para a escada.
Na manhã em que iriamos partir para o arquipélago de Las Perlas descobri água no óleo do motor. Não consegui achar o mecânico que consertara o guincho aqui na cidade do Panamá então liguei para o mecânico em Colón. Ele explicou que era água que tinha entrado pelo escapamento e passou a receita para consertar. Foi meio deja vu com o incidente do motor de popa. Passei um bom tempo em cima do motor. Drenei o óleo e depois girei várias vezes na mão. Depois novo óleo e teste. Motor funcionou. Bom. O mecânico veio aqui depois para ver o que tinha acontecido: constatou que uma das mangueiras do escape estava muito baixa e com o barco balançando e com tanques cheios a água que vinha pelo escapamento lentamente inundava o motor. Ele elevou o ponto e deixou como dever de casa acertar as mangueiras e conexão. No dia seguinte troquei o óleo e o filtro e votamos para o Balboa Yacht Club. Comprei um saco de gelo de presente para J.
E aqui estou desde então, duas semanas. No fim de semana retrasado foi a despedida da J. O sábado foi curtido no barco com cava espanhola, violão e camarões. No domingo fiz uma moqueca de despedida e de boas vindas ao novo membro da tripulação do anjin, o Chef. Um capítulo da história anjinesca terminava e outro começava.
Agora anjin voltou a ter tripulanteS. O chef vai passar um tempo a bordo... ele ainda não está muito certo de até que ponto ele irá, mas o plano é seguir pelo menos até a Polinésia. Ele é um conhecido meu do grupo Altomar e foi meu guru de vela lá em Brasília. Para parafraseá-lo, o cara é um sujeito "safo de mar e guerra". Veleja há muito tempo, é pai de família, bom de prosa e, como o codinome dele já explica, bom de cozinha. Para mais informações, dê uma olhada no blog dele.
Amanhã partimos para Galápagos. Já pegamos o zarpe, carimbamos os passaportes. Estamos empolgados. As coisas vão ser diferentes. Com uma outra pessoa a bordo tocar o barco e fazer as atividades cotidianas ficam mais fáceis. Por outro lado tem o lance da convivência longa em espaços apertados, mas isso é algo que teremos que administrar. O chato é que o caminho para Galápagos é cheio de calmarias, correntes e ventos contrários. Mas isso é assunto para outros post. Até lá.
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