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sexta-feira, 1 de julho de 2011

E vamos que vamos!

Muita coisa aconteceu nessa semana, desde meu último post. Pouca coisa palpável, mas muita coisa no processo de reforma. Comecei a receber os primeiros elogios e comentários de que está acabando, pois o mastro voltou para o lugar.

Esqueci de comentar, mas durante o tempo em que estive fora, conseguiram soltar o eixo e trocar os rolamentos. Abortei a ideia de retirar o eixo porque quando construíram o barco esqueceram de deixar um angulo entre o eixo e o leme para possibilitar a retirada (lembram o que comentei anteriormente sobre fazer o barco sem pensar no amanhã?!). Tem muitos barcos em que se remove o leme para retirar o eixo, contudo esse trimarã foi construído com um skeg (uma parte fixa na frente do eixo que serve para protege-lo de impactos) que não é removível.

Nessa semana resolvi o problema da junta homocinética que liga o motor ao eixo (essa junta sere para deixar o motor na horizontal, e não com a inclinação do eixo). Enviei para uma empresa aqui na Florida que queria para consetar o preço mais alto que uma nova. Então liguei para o fabricante da junta do barco. Ele confirmou que o reparo sai caro por causa do valor da mão de obra aqui e  que nã valia a pena consertar (obs: eu já vi junta homocinética em estado muito pior ser recondicionada no Brasil por fração do preço de uma nova, mas c'est la vie). Decidi então, por sugestão do fabricante, comprar uma junta que foi utilizada para demonstração em um boat show: tem garantia mas não pode ser vendida como nova.

Da esq p/ direiita (no centro, seguindo o eixo): junta homocinética, um anodo de sacrificio (esbranquiçado), o rolamento (dois parafusos brilhando) e o selo (peça de onde sai uma mangueira fina - na direção do meu pé). As mangueiras finas no topo da foto são de combustível e água para o gerador. A mangueira saindo da direita para a esquerda é o escapamento do gerador. A mangueira saindo da esquerda para a direita (maior) é o escapamento do motor. No meu pé minha falecida sandálida da Fundação Atos Bulcão.  Essa lama é óleo misturado com ferrugem, diesel, terra e serragem.

Com relação à vedação eixo-casco, resolvei manter o sistema atual do barco, que é um selo que impede a água de entrar (ele é refrigerado com água e para isso ele tem uma mangueira que joga essa água para fora). Não é o método mais barato mas estou meio traumatizado com gaxetas (que é o método tradicional no qual uma corda embebida com betume é comprimida e impede a água de entrar). O Mootley (meu fiel veleiro em Brasilia) quase afundou por um problema na base da gaxeta, só não foi ao fundo porque a Joana viu uma água suspeita vazando para dentro do barco e deu tempo de içar o barco (valeu marinheiros do Iate de Brasilia). O problema foi que acabei de descobrir que por algum problema de comunicação enviaram o selo para o endereço do meu cartão de crédito, e não aqui na marina. O barco já tinha um selo, um strong-seal, mas eu ouvi muitas críticas a esse modelo por causa da sensibilidade dele a defeitos no eixo. Como não sei o estado do eixo, resolvi usar um selo da PSS, que é uma marca muito usada no Brasil e que faz um eixo que é  considerado mais robusto.

Como o barco está equipado com um eixo meio longo, ele possui um rolamento de suporte no meio (que aparece na foto). Ele estragou por ter ficado submerso e já comprei um novo. O detalhe é que esse rolamento não tem versão marítima (ainda assim foi caro). Ele possui um bico para, uma vez por mês, colocar graxa. Mas todo mundo disse que com manutenção e evitando água salgada deve durar uns 10 anos. A ver.

Outro problema que aconteceu essa semana foi o sumiço do mecânico. Além do cano que  o sujeito me deu no fim de semana, ele não apareceu hoje. Por isso fui até a oficina dele e peguei as peças de volta. Ele falou que anda muito ocupado com as coisas por lá e por isso não pode sair. Porém isso está atrasando minha reforma. Há um mês que espero ele vir terminar o motor. Falei para ele que estava desapontado porque esperava que ele fosse terminar a obra. Pedi um desconto desapontamento. Ele deu uma risada e arredondou o preço para baixo. As coisas não ficaram azedas. Barcos são vulneráveis. não quero ser sabotado por algum ressentimento. A lição é que aqui também tem profissionais problemáticos.

Hoje a moça dos colchões veio no barco e fez moldes dos colchões. Com pedaços de papel ela tirou o contorno dos beliches. Explicou que eles deverão estar prontos na semana que vem. Enfim vou ter uma cama!

A primeira vela, o jib da stay sail, que vai funcionar tb como vela de temporal, ficou pronta. A vela ficou com uma aparência boa. Tem reforço de couro nos olhais, costura tripla, reforço nas pontas. A área com tecido anti-uv é bem grande, até fica estranha a aparência da vela, mas melhor ter a mais do que a menos. Além disso, colocou-se um reforço na área que tocará no radar.

Os trabalhos com a fibra deram uma parada. Começou a chover todos os dias aqui. Essa é até uma das razões porque houve poucos progressos visíveis essa semana. Passei grande parte do tempo olhando peças pela internet e falando com fornecedores.

O Joe (cara da fibra) abriu a parte fofa do deck na terça. Tinha uma piscina por baixo, com agua acumulada há muito tempo. Como tudo por baixo estava coberto com resina epoxy a água que entrava não tinha para onde sair. Por outro lado isso protegeu a madeira e depois de seco estava tudo ok. Mas ainda é preciso remover a parte do compensado podre (que estava por cima) e também fazer uns drenos para evitar acúmulos futuros.

Também passei a semana removendo parafusos. Removi os parafusos da gaiúta do lado em que a madeira está estragada. Removi os dois ultimos parafusos dos surpotes para içar o barco. Por fim, removi também os parafusos do "alçapão" - aquela "tauba" em que caí. Por falar nisso, enquanto recolocávamos o mastro o Don, assistente do veleiro, também caiu no buraco. Fiquei com pena dele. Mas ele estava de calça e de bota e não teve nada, felizmente. E para Igo, fiel leitor e comentarista deste blog que gosta de detalhes, tirei foto dos 34 parafusos que removi.

Esse fim de semana é feriado de 4 de julho. Como está chovendo acho que não deve ter muito trabalho e o pessoal se ofereceu para fazer serviços no barco. Até achei estranho. Então amanhã deve ter o pessoal da vela terminando a instalação da semana passada e o cara da fibra trabalhando no deck (se não chover, é claro).

Refiz o cronograma da reforma com a J. A ideia agora é que o barco vá para água no meio do mês. Mantenham os dedos cruzados. Ah, e por falar em manter, quería agradecer a companhia de vocês. De acordo com o marcador de visitas (pouco confiável) do site, foi ultrapassada o patamar das 1000 visitas! E vamos que vamos!

Um comentário:

  1. Atrasei o acompanhamento devido a probleminhas no trampo, mas estou de volta. E não vi a foto dos 34 parafusos hehehe Depois me manda ou posta aí. Isso aqui tá uma baita lição de termos náuticos!

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