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quarta-feira, 20 de julho de 2011

Os atrasos

Um dia depois do outro, uma pedra em cima de outra pedra e a reforma vai andando.

Tem horas que eu acho que andei bastante, tem horas que eu acho que andei bastante mas avancei pouco. Hoje foi um desses dias que os avanços não foram grandes mas a distância percorrida sim.

Finalmente consegui que um mecânico viesse aqui instalar a transmissão. Comprei uma usada. Um quarto do valor da nova. Mas foi mais porque essa era a única alternativa do que uma escolha racional. Uma recondicionada está saindo mais cara que uma nova. E a "nova" não tem disponível nos EUA nesse momento (nova entre aspas pq esse modelo não é mais fabricado, mas existe uma equivalente). Só deve chegar um carregamento dessas "novas" no final desse mês e ainda demora a liberação na aduana. Assim que fui de usada mesmo. Pior não dava para ficar.

O motivo da minha frustração foi que ao fazer o furo no casco para a instalação da sonda de profunidade, tive mais uma surpresa. O serviço inicial não foi bem feito. Além disso, na hora de instalar uma das saídas de água descobriu-se que a peça era mais estreita que a largura do casco. Confesso que esqueci completamente de checar a dimensão. O buraco está lá aberto e vou ter que comprar uma peça nova.

O calor segue fortíssimo (felizmente a tempestade tropical que viria para cá mudou de rumo). Os insetos hematófagos continuam a mil e estão começando a "pegar no batente" cada vez mais cedo. Estou testando diferentes marcas de repelente para ver qual a melhor. Tudo isso piora as condições de trabalho a bordo.

No meio da tarde me ligaram da marina que eu ia levar o barco para perguntar que horas eu chegava. Nesse correcorre esqueci completemante de avisá-los do problema da transmissão e da minha impossibilidade de ir para a água, quanto mais chegar lá. E o pior é que eu tinha lembrado disso na segunda. Não anotei e não lembrei.

Estou também com dificuldades de instalar algumas coisas de volta, como as gaiutas e as catracas. Sozinho não dá. Tem que ter uma pessoa do lado de dentro e outra do lado de fora. Solução é pagar alguém para isso.

Quanto mais as coisas avançam são mais elementos para serem administrados. Por falar em administrar, vou ter que gerenciar melhor o espaço a bordo. Ontem chegaram várias coisas que eu incomendei, por isso o interior do barco está cheio de caixas. Do lado de fora do barco também está cheio de caixas. Mas é um boom sinal. Melhor ainda quando estiver tudo instalado.

Também estou bantendo cabeça com o seguro. Seguro para barcos para viagens transoceânicas já são dificeis (e caros). E com menos de duas pessoas a bordo são praticamente impossíveis. Estou tentado achar um especialista em seguros por aqui para me dar uma ajuda.

Nesse fim de semana vou viajar. Vou para a Colombia ver onde devo dar continuidade com a reforma do barco. Isso significa que o barco vai ficar onde está até eu voltar. Nesses dias que faltam vou me concentrar em colocar as vigias de volta e substituir o trilho da gaiuta para poder trancar o barco durante a ausência. E se tudo der certo com o mecanico, devo sair dos EUA com a transmissão instalada e o motor testado!

Simbora!

terça-feira, 19 de julho de 2011

Trabalho no deck

De algum jeito a agua conseguiu penetrar em um comparimento do barco que por alguma razão não tinha drenos (imagino que acharam que a agua nunca ia chegar até ali). Como tudo por dentro era coberto com fibra, a agua foi se acumulando... se acumulou até chegar na altura dos pregos que foram utilizados para fechar esse compartimento. Os pregos foram encapsulados por fora, mas a água veio por dentro. Resultado: parafuso enferruja, aumenta de tamanho, força a fibra, abre uma brecha que permite a entrada de mais água e por aí vai.

Foi necessário reomover as partes podres que se concentravam ao redor dos parafusos. Mais fácil do que fazer alguns reparos pequenos era fazer um só reparo. Registros do processo abaixo.

Obs, essa parte será pintada depois.

aqui dá para observar como o casco estava cedendo em alguns dos pontos nos quais estava apoiado. Por isso foi necessário remove-lo.


lugar onde fica o tanque de agua

tanque de agua removdio para checar condições e capacidade

partes estragadas removidas (aparentemente não se via nada, mas era possível sentir a madeira fofa ao pisar)

cortando a fibra e a madeira


drenos para evitar a repetição do problema


serviço terminado. Madeira no lugar e fibrada.

eixo pintado com primer epoxy

imperfeições na lateral do barco corrigidas

parafusos

Breu pediu que eu mandasse descrição das coisas, fotos dos parafusos, etc.

Nesse dia em particular eu fiquei impressionado com a quantidade de parafusos, mas isso é importante para prncipios de redundancia e divisão de forças em cada ponto. Assim, em um barco você encontrará muitos parafusos, a maior parte deles em inox (o que resulta em contas altas na loja de ferragens).

esse parafuso deveria estar "encapsulado" na madeira e a madeira recoberta com fibra. Infelizmente ela só foi coberta com uma fina camada de tinta, o que não é suficiente para proteger a madeira dos elementos. Resultado: podridão.

é muito dificil (e as vezes inviável) remover só o pedaço podre. A parte estragada e adjacências tem que ser removidas para evitar a propagação da umidade e a podriação. Aqui eu tive que retirar os parafusos que fixam esse "trilho" na madeira e os que fixam a madeira no deck.


Aqui aconteceu o mesmo problema: a madeira foi só pintada e a qualquer brecha permitiu a entrada da agua que se espalhou.

os parafusos tinham vestígio de tinta e silicone. Para removelos era preciso tirar esses excessos.

revmovendo excessos com a faca

corpo estranho

parafusos removidos

segunda-feira, 18 de julho de 2011

gaiutas

Seguem algumas fotos das gaiutas do barco. O processo de reforma é o seguinte: primeiro descobrir como removê-las. Aqui no barco tem três gaiutas e cada uma tem um sistema diferente. Uma delas foi preciso arrancar toda a peça da fibra de vidro pq ela não queria sair. Um dos problemas com barcos é que muitas vezes materiais diferentes são utilizados. Sal, umidade, diferenças no potencial galvânico acabam fazendo com que muitas vezes os materiais se fundam e torna-se quase impossível remover sem utilizar força bruta.

Depois de retiradas eu levo as gaiutas para um especialista aqui perto que retira o acrílico velho, troca as partes necessárias, reaplica a vedação e me devolve. Aí eu me viro para recolocar as coisas no lugar.

A gaiuta da cabine de popa além de estar com o acrílico quebrado estava faltando peças. Felizmente veio uma gaiuta extra junto com o barco. Arranjei alguém para arrancar a gaiuta velha para que eu pudesse colocar a nova.

Obs: donos de barco tem sempre muita dificuldade em utilizar a força bruta em seus barcos. Pessoas sem vinculos emocionais ou financeiros com o barco conseguem desempenhar melhor essa função.

Abaixo algumas fotos da substituição da gaiuta de proa e de centro.

gaiuta central com lexan (mais resistente que o acrílico) só que embaça com os anos. Essa é uma das maiores gaiutas que eu já vi.

Não era possível observar através do lexan. Observe que a gaiuta possui barras transversais para compensar a dimensão e a flexibilidade do lexan. Lexan dificilmente rompe, mas é flexível.

Fiquei com esse buraco aberto por dois dias até que o rejunte da gaiuta secasse.

Essas manoplas foram substituídas pois o pino de inox travou no corpo de alumínio e a peça de plástico girava em falso. Esse mecanismo permite abrir parcialmenete a gaiuta.

Nova junta de vedação

gaiuta de volta, com a pelicula protetora do acrílico

"nova" gaiuta no lugar. Cor bronze, transparencia 30%

visão do interior do barco. até me assustei em poder ver o céu de dentro do barco. Verdadeiro teto solar

gaiuta de proa de volta no lugar. depois o ar condicionado e a gaiuta são cobertos com uma vela velha para evitar que o ar escape.

aqui dá para perceber como essa gaiuta é diferente da outra.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Mastreação e afins

Durante o tempo em que esteve aqui J me ajudou a colocar os instrumentos no topo do mastro. Contudo, para subir o mastro na grua foi recomendado que as coisas fossem retiradas para evitar danos. Na semana seguinte o Scott e o Don (da veleria) instalaram as coisas de volta. Tnxs, J.

Seguem também fotos da primeira vela pronta (semana retrasada) e do primeiro colchão finalizado (hoje).


O enrolador maior veio junto com o barco, mas não estava instalado e faltava peças.

Esse menor é o enrolador do jibe, que serve também de vela de tempestade

Detalhe da placa base do enrolador do jibe

Bico de proa


De cima para baixo: radar, luz de motorização, luz de deck

No topo do mastro: luz de tope, antena VHF, windex, dissipador de estática e sensor de vento

Jibe: a primeira vela pronta. A parte verde é a cobertura UV para quando a vela estiver no enrolador.



Primeiro colchão pronto


outros colchões esperando as capas

Podem me chamar de Rei Rutra

O "dois para frente um para trás" segue a full aqui no Cabo Canaveral. Progressos continuam mas eventuais retrocessos insistem em aparecer. Tem horas que fico pensanso se barcos não são caixas de pandora, pois uma vez que vc abre, vc nunca sabe que tipo (nem quantas) assombração vai aparecer.

Esqueci de comentar, mas um outro dia, lembrando das sugestões de Breu para tentar tirar a barra de ferro presa na quilha, puxá-la de noite (por causa da contração do metal), percebi que teria que usar alguma abordagem pouco ortodoxa para tirar aquela "Excalibur" do lugar. Minha lógica foi a seguinte: se eu não consigo puxar a barra, porque não tentar empurrá-la?! Não sei se o jovem Artur pensou nessa estratégia. Arranjei uma barra mais fina de aço inox, coloquei por baixo do barco (pelo lugar onde a quilha deve descer) e fui martelando até empurrar a barra entalada para fora. Ou seja, fiz o que o rei Artur fez só que com um método contrário.

Hoje de manhã eu consegui descer a quilha. Isso foi  um motivo de grande alegria. Sem dúvida, um marco importante. Quando mudaram o barco de lugar anteontem, eu pedi para tirarem o bloco que ficava embaixo da quilha (e que impedia a quilha de descer e de acessar o meio dela). Ontem de tarde passei mais de uma hora martelando a quilha e a cada martelada ela descia alguns milimetros. Muitas marteladas faziam ela descer um centimetro. Uma hora e pouco de trabalho fez ela descer um palmo. E ainda tem gente dizendo que estou aqui na Florida na beira da piscina de algum hotel... enquanto isso maruíns e formigas me moridam.

Hoje de manhã levantei decidido a baixar a quilha. Porém chegou em um ponto que por mais que eu desse porrada ela não descia mais. Arranjei outra barra de metal, mas mais fina que a Excalibur, e fui empurrando para fora pedras e cracas (de cima para baixo, óbvio). Mas não se engane querido leitor: cada pedra só saia depois de uma série de marteladas na barra, que por sua vez conduzia os objetos indesejáveis para fora do barco. Quando a ultima pedra saiu, a quilha desceu sozinha. Nesse momento trombetas soaram e eu consegui escutar um aleluia.... bem, talvez eu tenha dito aleluia.

Para compensar esse progresso, descobri hoje de tarde que a transmissão do barco tinha mesmo água dentro e está imprestável. Como tudo mais por aqui, o custo da mão de obra torna o reparo inviável. Agora tenho que analisar opções: usada, nova ou uma recondicionada. Vamos ver os preços para tomar uma decisão.

Ontem fui ver a segunda vela pronta. Mas como ela já estava guardada em um saco e eu estava com pressa porque a loja já estava fechando não tive chance de abrir (além do mais ela também é bem pesada). Outra notícia chata foi que o fornecedor que disse que ia entregar as redes (trampolins) já cortadas voltou atrás e falou que só vai vender a rede e ponto final. Agora estou pensando no que fazer. Quem sabe ele (Bainbridge) muda de ideia - de novo.

Passei grande parte da tarde de ontem fazendo mais uma lista de coisas para comprar... Já a tarde de hoje foi dedicada a lixar as partes de teca do barco e depois passar  óleo nelas. Incrível como a aparência da madeira melhorou. Amanhã tenho que fazer isso do outro lado do barco.

Estou trabalhando para tentar colocar o barco na água na proxima semana. Mantenham os dedos cruzados. E que a lista de más surpresas tenha chegado ao fim.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Puxado

Hoje, terça 12 de julho, foi provavelmente o dia mais puxado até agora.

Não sei se foi o calor de quase 36 graus, a umidade excessiva ou os insetos que voltaram com força total. O resultado foi que pela manhã eu tive que buscar uma sombra (dificil de achar por aqui) e me sentar.

Houve muitos progressos. O motor foi remontado e o gerador também. O problema agora foi que se descobriu que a transmissão do motor está com a alavanca dura, e não o cabo do comando, como se imaginava. Isso impossibilita engrenar o barco para frente ou ré. O mecânico retirou a transmissão e eu mandei para uma oficina para avaliação. Agora é esperar. Expliquei minha urgência. Espero que não cobrem a mais por isso.

As gaiútas já estão no lugar. A de proa foi instalada ontem e a de popa eu instalei hoje.

O ponto fofo no deck foi reparado durante o fim de semana e agora só falta dar uma última lixada e pintar. Passei o fim de semana aplicando mais primer epoxy no casco nos buracos mais profundos e acima da linha d'agua. Joe, o cara da fibra, aplicou massa epoxy nas irregularidades mais profundas do casco.

O barco hoje foi içado e os pontos de apoio foram trocados... deixar o barco apoiado no mesmo lugar por 3 meses estava forçando a fibra em alguns pontos. vou ter que pagar por isso, mas pelo menos dá para ver o que aconteceu com o casco e fazer reparos antes do barco ir para água. Espero que, eventualmente, a quilha desça. O problema é que o casco não volta imediatamente ao formator original... é tudo um processo lento e gradual.

Removi as redes (trampolins do barco) para poder dar uma limpada e trocar as cordas. Estou esperando que o cara das velas me passe o preço de redes novas. O detalhe é que fica mais perigoso caminhar pelo barco ainda mais agora que a altura foi elevada em 0,3 metro.

Os colchões já devem estar prontos, mas o correcorre foi tão grande aqui nesses últimos dias que não tive chance de ir lá olhar de novo. No sábado, quando fui ver as peças, as espumas já estavam cortadas e os paineis de tecido também. Faltava costurar os paineis e vestir as espumas.

Hoje fiquei com a cabeça parte do tempo no Brasil. Data particular importante. Por falar nisso ontem falei no telefone com minha mãe e com J. É bom para matar a saudade e compesar a conexão cortada do skype ou gtalk. A internet anda muito ruim essses últimos dias por aqui, por isso outra razão para a falta de atualizações do blog.

Nesse fim de semana passado teve a festa de 20 anos de minha formatura nos EUA... queria ter ido, ver como está o Maine, mas com essa obra, neste estágio, não dá. E em breve vai ter da minha turma de Salvador. Espero que aproveitem. O que me deixa feliz é que estou conseguindo realizar um sonho que me acompanha há bastante tempo. Os colegas-amigos entendem a importância do passo.

Cama aqui vou eu... comi sorvete de doce de leite da Haagen Dazs agora a noite e vou descansar. Só não vai dar para relaxar muito porque disseram que hoje a noite deve ter  uma tempestade forte... como eu disse, que dia puxado.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Parte da história 2

Hoje teve mais um lançamento do ônibus espacial. Esse foi o último, prometo (ou pelo menos foi isso que me contaram). Tinha muito mais gente presente hoje no lançamento do que da vez passada. Segundo a Nasa, entre 750 - 1 milhão de pessoas estavam assistindo o evento. Achei esse número exagerado e preferi acreditar nos 75000 pessoas que vi em algum site. Mas as pessoas acompanharam em voz alta a contagem regressiva e tinha muitas bandeiras para comemorar o que a Nasa chamou de "America at its best". A situação está feia aqui pessoal, o governo (e as pessoas) buscam pontos de referência de sucesso e melhora. O final do programa do ônibus espacial vai ser um banho de água fria para a região. O preço dos barcos aqui já começou a cair porque o pessoal da Nasa envolvido vai se aposentar e/ou partir.

Tinha tanta gente por aqui que o o engarrafamento depois do lançamento durou mais de 3 horas, tamanho era o número de carros parados em todas as pistas dessa região chamada Space Coast. Aparentemente, houve acidentes também com pessoas atravessando as pistas e com carros trafegando por "caminhos alternativos".

Mudando de assunto, em uma de minhas leituras críticas do site percebi que eu falo de mudança climática e ainda não aprofundei sobre isso. Bem, eu deveria. Há cinco anos eu fui para a Inglaterra fazer um mestrado em mudança ambiental e gestão. Um dos pontos principais do curso era o estudo do fenômeno das mudanças climáticas, tema que eu trabalhei no Brasil nos últimos dois anos. Tratei dessa questão na época do meu trabalho na assessoria internacional do Ministério do Desenvolvimento Agrário e, principalmente, enquanto assessor no escritório da Oxfam Internacional no Brasil.

Um dos grandes problemas que tem relação com as mudanças climáticas é o aumento do nível dos mares causado por derretimento das calotas polares. Isso não vai impactar Brasília, que está bem protegida a 1000 m sobre o nível do mar, mas a cidade baixa em Salvador, os aterros do Rio, as terras baixas na Holanda vão ser impactados. Contudo, a situação vai ser muito pior para os habitantes de pequenas ilhas que, literalmente, não tem para onde correr nem recursos para investir em políticas de adaptação. E para quem imaginou subir em um coqueiro como solução, não dá para ficar em cima do coqueiro para sempre. Isso só funciona, de vez em quando e olhe lá, para Tsunamis.


Surpreende-me que o pessoal daqui da Flórida não se leve a sério a questão das mudanças climáticas. Entendo que o americano do Oklahoma ou Dakota não se importe, mas aqui o estado é baixo, cercado de água (quente) e passage de furacões. Ao menos os floridianos deveriam considerar que a radicalização das tempestades vai aumentar o preço do seguro deles...

Durante minha viagem eu pretendo visitar alguns pequenos Estados insulares para observar o que está acontecendo em relação às mudanças climáticas e como as comunidades e governos desses países estão se mobilizando para tratar a questão. Além do problema do aumento do nível do mar, mudanças nas estações, correntes marinhas, salinidade e acidez dos mares também relacionadas ao complexo fenômeno das mudanças climáticas contribuem para prejudicar a sobrevivência das populações dessas ilhas remotas.

Imagino que esse processo de visita e registro será engrandecedor tanto para a parte profissional quanto a cultural. Essas regiões são o que podemos chamar de lugares em extinção. Vocês ainda vão ouvir falar mais disso por aqui. Aguardem!

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Avanços!

Progressos no front de batalha, digo, de reforma!

Apesar do feriadão de 4 de julho consegui avançar algumas coisas no barco. No sábado a capoteira veio tirar moldes dos colchões. Colchão de barco é diferente do colchão de casa. Apesar de ter espuma, os formatos variam bastante uma vez que barcos tem vários cantos com formatos pouco convencionais. E cada colchão do barco tem  um tamanho diferente. Falando em colchão, encomendei colchões com espuma semi-rígida de 4 polegadas de espessura. Tem um tecido resistente a mofo do lado em que se senta/deita e do lado virado para baixo ele tem uma tela para facilitar a ventilação do e evitar umidade e por consequencia, mofo.

Ainda no sábado de manhã o pessoal da vela veio instalar o enrolador de genoa principal e tirar umas medidas. Infelizmente faltaram uns parafusos e a instalação foi adiada. Aproveitei que o Don tinha subido no mastro para colocar o radar e instrumentos no topo. Fui almoçar com eles. A conversa foi interessante, falamos na maior parte de política. Ambos são democratas, o que difere da maior parte das pessoas com quem tenho conversado por aqui. Curiosamente, tanto os democratas quanto os republicanos estão metendo o pau em Obama. Don e Scott acham que a democracia americana não funciona. Eu me restringi a comentar que existem piores, mas que alguns dos mecanismos de accoutability daqui são referência para o resto do mundo.

No domingo fez muito calor. No final do dia eu removi 3 das 4 vigias da cabine de popa. Duas tinham marcas de vazamento. A terceira parecia estar direito, removi por desencargo de consciência. No meio do processo até pensei em desistir, mas é o tipo do trabalho que se você começa a tirar não dá para parar no meio. As duas vigias mal instaladas saíram em mais ou menos 20 minutos cada. A terceira demorou mais de uma hora. Quando o trabalho é no interior do barco sua-se muito... impressionante. È uma verdadeira sauna seca.

O feriado foi bem quieto... por causa do dia nublado no sábado acho que  pessoal não botou fé no tempo e resolveu não pegar os barcos. O resultado foi que fez muito sol (e calor) no domingo e na segunda mas teve pouco movimento no estaleiro.

Nos 3 dias de noite teve queima de fogos. As cidades aqui fizeram um acordo entre elas e cada dia uma fazia seu show pirotécnico, para evitar concorrência predatória. E os fogos eram tocados com trilha sonora (nada especial, só músicas que faziam referência à América, como hinos e o "Born in the USA" do Springsteen).

Na segunda vieram medir as escotilhas e retranca para fazer as capas. Por causa do sol resolvi trabalhar dentro do barco novamente. Retirei o tanque de água para ver o estado e capacidade, dei uma acertada no piso (até hoje faltava colocar uma das pranchas no lugar), removi o motor da geladeira. Depois que o sol ficou fraco fui lavar catracas e vigias do lado de fora.

Ontem fui resolver coisas do registro do barco. Escaneei documentos, imprimi, preenchi, levei para autenticar e mandei por correio expresso para o representante de Belize em Miami e também para o agente que tive que contratar para me representar em Belize. A cada hora surge uma novidade. Aproveitei para ir na veleria. Levei uns trampolins que estavam no depósito para olhar o estado. Descobri que eles não servem. Vi a nova vela sendo costurada. Deve ficar pronta até sexta.

Hoje o novo mecânico veio aqui e começou a trabalhar. Passou a manhã e um pedaço da tarde e montou metade do motor. A junta nova chegou e encomedei outro selo que deve chegar amanhã.

Reinstalei pela manhã a gaiuta principal (que eu tinha levado ontem para trocar o vidro). Que diferença, agora dá para ver o céu de dentro do barco. Lembrei da música do Gonzagão "olha pro céu, meu amor / vê como ele está lindo"...

No meio da tarde chegou um barco novo no estaleiro... de madeira, grande, cheio de madeiras podres e precisando de muito trabalho. Fiquei imaginando quem tinha comprado. No final da tarde descobri que o barco é de um casal novinho que o comprou para reformar e depois morar a bordo. Mas com dois (ou mais gente) fica mais fácil tocar a reforma. Lembro da super ajuda que J me deu aqui.

Sexta feira tem o último lançamento do ônibus espacial.... eles estão esperando milhares de turistas. Os hoteis aumentaram o preço dos quartos e tem um monte de gente alugando barco para ver o lançamento do mar. Espero que até lá eu já tenha mais coisa pronta no meu barco. Em breve quero começar a minha contagem regressiva!

sexta-feira, 1 de julho de 2011

E vamos que vamos!

Muita coisa aconteceu nessa semana, desde meu último post. Pouca coisa palpável, mas muita coisa no processo de reforma. Comecei a receber os primeiros elogios e comentários de que está acabando, pois o mastro voltou para o lugar.

Esqueci de comentar, mas durante o tempo em que estive fora, conseguiram soltar o eixo e trocar os rolamentos. Abortei a ideia de retirar o eixo porque quando construíram o barco esqueceram de deixar um angulo entre o eixo e o leme para possibilitar a retirada (lembram o que comentei anteriormente sobre fazer o barco sem pensar no amanhã?!). Tem muitos barcos em que se remove o leme para retirar o eixo, contudo esse trimarã foi construído com um skeg (uma parte fixa na frente do eixo que serve para protege-lo de impactos) que não é removível.

Nessa semana resolvi o problema da junta homocinética que liga o motor ao eixo (essa junta sere para deixar o motor na horizontal, e não com a inclinação do eixo). Enviei para uma empresa aqui na Florida que queria para consetar o preço mais alto que uma nova. Então liguei para o fabricante da junta do barco. Ele confirmou que o reparo sai caro por causa do valor da mão de obra aqui e  que nã valia a pena consertar (obs: eu já vi junta homocinética em estado muito pior ser recondicionada no Brasil por fração do preço de uma nova, mas c'est la vie). Decidi então, por sugestão do fabricante, comprar uma junta que foi utilizada para demonstração em um boat show: tem garantia mas não pode ser vendida como nova.

Da esq p/ direiita (no centro, seguindo o eixo): junta homocinética, um anodo de sacrificio (esbranquiçado), o rolamento (dois parafusos brilhando) e o selo (peça de onde sai uma mangueira fina - na direção do meu pé). As mangueiras finas no topo da foto são de combustível e água para o gerador. A mangueira saindo da direita para a esquerda é o escapamento do gerador. A mangueira saindo da esquerda para a direita (maior) é o escapamento do motor. No meu pé minha falecida sandálida da Fundação Atos Bulcão.  Essa lama é óleo misturado com ferrugem, diesel, terra e serragem.

Com relação à vedação eixo-casco, resolvei manter o sistema atual do barco, que é um selo que impede a água de entrar (ele é refrigerado com água e para isso ele tem uma mangueira que joga essa água para fora). Não é o método mais barato mas estou meio traumatizado com gaxetas (que é o método tradicional no qual uma corda embebida com betume é comprimida e impede a água de entrar). O Mootley (meu fiel veleiro em Brasilia) quase afundou por um problema na base da gaxeta, só não foi ao fundo porque a Joana viu uma água suspeita vazando para dentro do barco e deu tempo de içar o barco (valeu marinheiros do Iate de Brasilia). O problema foi que acabei de descobrir que por algum problema de comunicação enviaram o selo para o endereço do meu cartão de crédito, e não aqui na marina. O barco já tinha um selo, um strong-seal, mas eu ouvi muitas críticas a esse modelo por causa da sensibilidade dele a defeitos no eixo. Como não sei o estado do eixo, resolvi usar um selo da PSS, que é uma marca muito usada no Brasil e que faz um eixo que é  considerado mais robusto.

Como o barco está equipado com um eixo meio longo, ele possui um rolamento de suporte no meio (que aparece na foto). Ele estragou por ter ficado submerso e já comprei um novo. O detalhe é que esse rolamento não tem versão marítima (ainda assim foi caro). Ele possui um bico para, uma vez por mês, colocar graxa. Mas todo mundo disse que com manutenção e evitando água salgada deve durar uns 10 anos. A ver.

Outro problema que aconteceu essa semana foi o sumiço do mecânico. Além do cano que  o sujeito me deu no fim de semana, ele não apareceu hoje. Por isso fui até a oficina dele e peguei as peças de volta. Ele falou que anda muito ocupado com as coisas por lá e por isso não pode sair. Porém isso está atrasando minha reforma. Há um mês que espero ele vir terminar o motor. Falei para ele que estava desapontado porque esperava que ele fosse terminar a obra. Pedi um desconto desapontamento. Ele deu uma risada e arredondou o preço para baixo. As coisas não ficaram azedas. Barcos são vulneráveis. não quero ser sabotado por algum ressentimento. A lição é que aqui também tem profissionais problemáticos.

Hoje a moça dos colchões veio no barco e fez moldes dos colchões. Com pedaços de papel ela tirou o contorno dos beliches. Explicou que eles deverão estar prontos na semana que vem. Enfim vou ter uma cama!

A primeira vela, o jib da stay sail, que vai funcionar tb como vela de temporal, ficou pronta. A vela ficou com uma aparência boa. Tem reforço de couro nos olhais, costura tripla, reforço nas pontas. A área com tecido anti-uv é bem grande, até fica estranha a aparência da vela, mas melhor ter a mais do que a menos. Além disso, colocou-se um reforço na área que tocará no radar.

Os trabalhos com a fibra deram uma parada. Começou a chover todos os dias aqui. Essa é até uma das razões porque houve poucos progressos visíveis essa semana. Passei grande parte do tempo olhando peças pela internet e falando com fornecedores.

O Joe (cara da fibra) abriu a parte fofa do deck na terça. Tinha uma piscina por baixo, com agua acumulada há muito tempo. Como tudo por baixo estava coberto com resina epoxy a água que entrava não tinha para onde sair. Por outro lado isso protegeu a madeira e depois de seco estava tudo ok. Mas ainda é preciso remover a parte do compensado podre (que estava por cima) e também fazer uns drenos para evitar acúmulos futuros.

Também passei a semana removendo parafusos. Removi os parafusos da gaiúta do lado em que a madeira está estragada. Removi os dois ultimos parafusos dos surpotes para içar o barco. Por fim, removi também os parafusos do "alçapão" - aquela "tauba" em que caí. Por falar nisso, enquanto recolocávamos o mastro o Don, assistente do veleiro, também caiu no buraco. Fiquei com pena dele. Mas ele estava de calça e de bota e não teve nada, felizmente. E para Igo, fiel leitor e comentarista deste blog que gosta de detalhes, tirei foto dos 34 parafusos que removi.

Esse fim de semana é feriado de 4 de julho. Como está chovendo acho que não deve ter muito trabalho e o pessoal se ofereceu para fazer serviços no barco. Até achei estranho. Então amanhã deve ter o pessoal da vela terminando a instalação da semana passada e o cara da fibra trabalhando no deck (se não chover, é claro).

Refiz o cronograma da reforma com a J. A ideia agora é que o barco vá para água no meio do mês. Mantenham os dedos cruzados. Ah, e por falar em manter, quería agradecer a companhia de vocês. De acordo com o marcador de visitas (pouco confiável) do site, foi ultrapassada o patamar das 1000 visitas! E vamos que vamos!