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terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Primeira velejada do anjin

Essa foi nossa primeira velejada, em dezembro. Não estavámos com velas, mas como o vento soprava forte o barco andou sem motor. Pela minha voz dá para perceber como eu estava empolgado :)


Fotos dezembro

Fotos tiradas no mês passado.

Instalando as janelas da capota

Capota montada


anjin e o imediato

domingo, 29 de janeiro de 2012

Namastê

Esse vai ser um post diferente... conforme comentei, não vou escrever meu "relatório de oficina" com os problemas, fornecedores e peças instaladas, como de costume. Hoje a abordagem será diferente.

Importante dizer que o dia também foi diferente. Resolvi não trabalhar, tirei uma folga. Quero dizer, decidi não trocar nem instalar nada; não comprei nenhuma peça; não organizei nenhuma lista. O cara da mastreação veio aqui, mas consegui resolver tudo em menos de cinco minutos. No resto do dia pensei na vida, no que aconteceu até aqui e no que provavelmente irá acontecer.

Ao acordar lembrei que havia sonhado com J... sonho bom, descompromissado, sem as charadas dos sonhos que tive nessa semana (geralmente não lembro meus sonhos). Apesar da vontade de continuar dormindo, acordei com o barulho da água batendo na popa. O vento mudou para o norte, o que faz o barco balançar. Fiquei na cama sentindo o movimento do barco para frente e para trás. Inúmeras vezes imaginei como seria dormir em um barco... pensava bastante nisso quando era moleque e ficava olhando a chuva bater  na janela de noite. Imaginava como seria estar em um barco escutando a chuva cair... esse pensamento me acompanha há anos.

Retorno no tempo para 2007, minha primeira grande travessia. Estou em um barco, mas acordo em cima de uma mesa, experimentando a lei de Newton sobre gravitação universal. O balanço do barco me jogou do beliche em cima da mesa e depois sobre umas velas. Isso era a segunda vez em menos de 24 horas... dentro do barco as débeis luzes dos instrumentos na mesa de navegação sumiam a cada relâmpago; o rádio, que insistia em avisar que não deviamos sair do porto porque havia um alerta de tempestade, era silenciado pelos trovões.  O barco jogava como um cavalo chucro. A umidade no interior era terrível e tudo ficava umedecido, inclusive meu saco de dormir. Me perguntei o que eu estava fazendo ali e porque não havíamos escutado o locutor e permanecido em Belfast por mais tempo... sim, eu tive medo. Como já era quase hora do meu turno coloquei minhas roupas de tempo e botas (umidas) e fui para a chuva. Por um breve instante erámos três no cockpit. Depois ficamos os dois do turno. Fazia frio naquela noite chuvosa na costa da Irlanda e a água da chuva e ondas sempre conseguia dar um jeito de entrar nas mangas e pescoço da roupa impermeável. Duas horas depois quem estava no timão vai dormir e chega um novo companheiro de quarto. Assumi o controle do barco que apesar da chuva o barco navegava rápido em direção à Inglaterra... eu ainda tinha receios, mas estava feliz de estar alí, tocando um barco na chuva forte. Lembrei do moleque que ficava olhando a chuva na janela em Salvador e conclui que se alguma coisa errada acontecesse, eu estaria realizado.

Volto para a cabine do anjin e para o sibilar do gerador eólico, acelerando e desacelerando de acordo com o vento. Dessa vez vai ser com meu barco. Foi tanta luta para chegar até aqui, mas em breve partiremos. Isso é empolgante. Volto a pensar no moleque devorando "cem dias entre o céu e o mar". Mas foi depois, lendo o relato da primeira viagem de Aleixo Belov, que ele se encontrou... como bom biano ele nunca quis remar o Atlântico... dá muito trabalho e é devagar. Eu quero ver o mundo, com outra perspectiva - fazer como os antigos que sempre chegavam pelo mar. O barulho da água batendo no casco e o balançar do barco me levam ao sono novamente.

Acordei e fui fazer o café. O imediato havia saído. Comecei a pensar nesse último ano: a saída de Brasília, J, os safaris atrás de barcos, o anjin me acha, o sufoco do pagamento, o labirinto do registro e o pesadelo da reforma. Em breve isso vai acabar e vai dar para começar o que sonhei e a razão porque parti... engraçado, ninguém avisa que antes de chegar no sonho você tem que padecer com esses problemas. Seria mais fácil dar uma de Barão de Münchhausen e me puxar pelos cabelos para sair deste pântano... Sim, mas adversidades estão aí para serem contornadas... isso é só o começo, mas espero que as futuras sejam mais ligadas à viagem em si.

Recordei que é fato que minha decisão mexe com as pessoas: vejo o que aconteceu com minha mãe e com alguns amigos. Mas o bom é ver que tem gente que curte e apoia, como o Fosgate... não vou listar outro(a)s mas ele é um caso que gosto porque é uma pessoa que nunca conheci pessoalmente mas que literalmente vestiu a camisa (ou chapéu) pelo projeto. Bem, na verdade a ordem não foi exatamente essa, mas é um exemplo. Teve gente que sempre me apoiou e teve gente que aceitou o convite e veio participar do projeto, como o imediato. Esse projeto tem  um significado grande para mim, é algo que eu preciso fazer. Como  uma amiga disse, eu nunca pendurei meus quadros na parede porque, no intimo, eu queria partir. E eu preciso partir para voltar. Vou trocar uma casca durante essa viagem. Talvez de larva eu vire marimbondo (não vou falar em virar borboleta ou mariposa pq isso é, lá ele). Ou talvez... bem, tem um outro talvez que não vale a pena mencionar. Mas ele está por aí... é o talvez inevitável.

Hoje conversei com umas pessoas que não falava há algum tempo... elas ficaram orgulhosas que eu consegui chegar até aqui. E eu também, vocês não sabem como. Apesar de ser considerada um clichê eu gosto muito da frase do Neil Armstrong ao pisar na lua e queria adaptá-la. Esse projeto é um pequeno passo para grandes velejadores e aventureiros profissionais, mas é um gigantesco passo para pessoas como você e eu que decidem tomar as rédeas do seu destino. E que seja um passo na direção da maturidade, do auto-conhecimento e da formação de pessoas melhores. O divino em mim cumprimenta o divino em você - Namastê!

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

brocas quebradas e contratempos

As coisas seguem, mas o ritmo diminuiu  um pouco em relação ao começo da semana. Tem sempre surpresas que acontecem no decorrer dos trabalhos.

Ontem o Barriga, cara que contratei para terminar o trabalho da fibra, apareceu pela primeira vez. Tipo que trabalha calado mas que não perde uma oportunidade para contar hisórias. Ele trabalha com pranchas de surf. Disse hoje que a primeira prancha do Kelly Slater, que é um herói local, foi fibrada por ele... sei lá, foi o que eu ouvi. Ele voltou hoje, trabalhou um pouco mais e contou mais histórias.

Ontem eu enveredei por uns caminhos novos. Temos que instalar umas ferragens no mastro. Para isso é preciso fazer  um furo pequeno, depois colocar uma ferramenta que molda roscas no metal para que seja possível colocar um parafuso sem precisar usar uma porca. A dificuldade é que essa ferramenta é muito delicada. Por descuido, e falta de habilidade, acabei quebrando a ferramenta no primeiro furo. E pior, o pedaço quebrou bem rente dentro do mastro. Isso me deixou meio chateado porque precisavamos da peça para fazer outros furos o que inviabilizou alguns trabalhos ontem (e ainda estou com um pedaço de aço em um mastro de alumínio, o que não é bom). Mas tudo bem, acho que a solução é selar a peça e fazer outro buraco. O Pinky e o assistente novo apareceram aqui hoje e acharam praticamente impossível conseguir tirar a peça.

Mudando de assunto: a âncora já está no lugar definitivo e os cabos de rizos também. Hoje furei os calços dos stoppers que vão no mastro e o imediato foi comprar mais parafusos. Para minha supresa furamos um lugar para colocar os cunhos que era mais espesso do que o resto do barco (acho que tinha mais fibra fazendo o reforço). Como resultado os parafusos não deram por questão de milimetros (não tem espaço sufiente para colocar a arruela e a porca).

Por falar em parafuso, ontem foi outro dia tabalhando no traveller. O cara da mastreação veio aqui ontem de manhã (e hoje também) e falou que o traveller precisava de um pino de segurança mais resistente. Então descobri que os parafusos utilizados poderiam ser mais reforçados. Mas uma vez mais nos defrontamos com a dificuldade de furar o aço inox para colocar parafusos mais grossos.

Hoje terminei a instalação da balsa salva vidas. Travei no lugar e coloquei o gatilho hidrostático... se o barco afundar e por alguma razão a balsa não tiver sido jogada ao mar, quando o barco estiver entre 1,5 - 4 metros de profundiade o gatilho dispara e permite que a balsa infle e vá para a superfície automaticamente.

O imediato deu uma arrumada no interior do barco... ainda não estamos certos se é o ambiente com pouco espaço e muita bagunça ou se é uma tendência natural, mas o cara é o mestre da organização, com várias caixas, saquinhos e legendas.

No cardápio de bordo poucas novidades. Ontem o imediato fez almondegas com macarrão e hoje eu fiz grão de bico com frango e cenoura.

O nível da água do rio começou a subir, o que facilita nossa vida. Mas hoje ventou muito, prenuncio da chuva que deve começar essa madrugada. Essa chuva pode atapalhar nossos planos de trabalhar do lado de fora, se isso ocorrer vamos nos concentrar nas tubulações. Se a chuva não atrapalhar acho que o dia vai render porque estamos ganhando mais experiência com a instalação das ferragens.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Dias longos

Ainda não vai ser dessa vez que vou escrever meu post filosófico. Estou muito cansado para isso hoje. Os dias tem sido longos - temos acordado cedo para trabalhar no barco. O bom é ver as coisas tomando forma. Antes era dificil ter essa percepção, mas agora o quebra-cabeças vai ganhando corpo.

Ontem cedo começamos a trabalhar nas pendências. Colocamos a redução da esteira da vela e um dos cabos de rizo da vela mestra. O imediato conseguiu destravar um dos mordedores que estava emperrado. Depois marcamos o lugar da balsa e fomos fazer os furos. O imediato saiu para comprar uns parafusos e afins enquanto segui trabalhando na instalação. Tinha que esperar o cara da fibra aparecer, por isso não podia sair. Depois percebi que poderia ter usado uns parafusos de madeira ao invés de parafusos passantes, mas não tenho ideia de quanto vai ser a tensão que a balsa vai fazer no suporte em caso de tempestade.

Enquanto o imediato estava fora aproveitei para falar com J. É sempre bom escutar a voz dela... sinto saudades.

Quando o imediato voltou terminamos os furos e colocamos o suporte e depois a balsa no lugar. Espero que nunca tenha que utilizá-la, mas se for necessário, ela estará lá. Por falar em estar lá, isso foi outro ponto que me fez pensar muito: a localização a balsa. A balsa deve ser localizada o mais perto possível da água. Contudo, localizá-la perto da água significa deixá-la mais vulnerável aos amigos do alheio ou à mãos curiosas. A outra localização que pensei era em uma das akas traseiras (travessas que ligam os cascos). Mas o designer já tinha me avisado que por causa do gerador e da localização das baterias eu precisaria concentrar peso no centro do barco. Entao decidi colocar a balsa exatamente na frente da capota do cockpit, onde compromete menos o equilíbrio do barco e fica mais longe dos curiosos (e também da água).

Hoje o dia começou cedo com um mecânico vindo ao barco para resolver o problema do vazamento de diesel. O vazamento da bomba injetora foi rapidamente solucionado: o segundo mecânico, que montou a bomba, usou juntas antigas (originais) que deixavam vazar combustível. O pré filtro de combustível que também vazava aparentemente estava com a válvula de sangria com problemas. Ele deu um aperto na válvula que parece ter resolvido o problema. Mais complicado foi o caso da fumaça. O motor não está atingindo a rotação máxima com carga, aparentemente por causa de incompatibilidade com a hélice. Não sei se foi por causa da mudança da transmissão ou algum problema com a hélice, mas o motor está sobrecarregando e não atinge seu máximo. Outro complicador é que como essa hélice tem passo variável, ela não está no passo correto para uso a vante e não dá para testar sem botar o barco para andar de verdade (não dá para fazer no pier).

O resto do dia foi de visitas. Chamei um novo cara para trabalhar com a fibra. Depois de mostrar o que tinha que fazer ele me pediu 1500 dólares. Agradeci e falei que nós tinhamos gasto tempo pois esse valor erra "unreal". Então ele baixou para 750 dólares. Falei que ainda estava caro e ele reduziu para 500. No final ficou por 400 e eu dava o material (que já tinha comprado). Depois ele me falou, na maior tranquilidade, que está acostumado a trabalhar com pessoas que pagam o primeiro valor que ele pede... assim não dá, camarada.

Depois o serralheiro veio aqui. O que eu demorei 45 minutos para fazer, ele fez em pouco menos de 1 minuto. Em 5 minutos ele fez cada furo e terminou o serviço. Nada como a ferramenta certa para cada trabalho. Na sequencia fui no cara da vela fazer umas encomendas e conversar sobre o leiaute do convés.

No meio tempo o imediato ficou tratando do encanamento da pia da cozinha. Quando voltei nós colocamos as escotas na genoa e colocamos a segunda linha de rizo na retranca. Eu coloquei os parafusos para travar o traveller no lugar e separei  umas ferragens para amanhã.

No começo da noite fui no barco do cara que trabalha com mastreação para discutir a colocação do guarda mancebo do barco. A conversa acabou ememendando com pesca, cruzeiros pelo caribe e dicas sobre água para beber, cozinhar e tomar banho.

Agora de noite fiquei meio encucado com um barulho que comecei a escutar ontem à noite. Um ruído ritimado, desconhecido. Pensei que fosse um clandestino... não uma pessoa, mas algum bicho. Observei que o barulho, que só escutei à noite, vinha da frente do barco, aparentemente do cockpit. O imediato disse que também escutava o ruído e que vinha de trás do barco. Deduzi que deve ser algum ruído causado pela movimentação do gás na placa fria da geladeira porque ao encostar o ouvido era possível ouvir um ruído parecido vindo da geladeira e notei que o motor estava funcionando até pouco tempo. Vou ficar de olho nisso. O curioso é que o barco funciona com uma caixa acústica que fica reverberando o som.

Para finalizar mais um motivo para partir logo daqui. Hoje de manhã observei um bicho diferente na água... não eram os golfinhos que passam aqui dando shows, que encantaram J, nem os peixes-boi esbanjando malemolência. Acho que nosso novo vizinho, mesmo que de passagem, era um jacaré...

That's all folks!

domingo, 22 de janeiro de 2012

A luz funcionou

Estou com vontade de escrever um post sobre coisas que andei pensando essa semana influenciado por conversas recentes, mas como já tem tempo que não posto nada, achei melhor fazer uma atualização dos acontecimentos desde quarta.

A luz funcionou, quero dizer, o imediato achou o caminho do barco. Ele chegou pouco antes da meia noite de quarta. Eu já estava deitado mas levantei para dar as boas vindas e perguntar como foi a viagem.

A quinta feira foi quase toda dedicada a compras, para aproveitar o carro alugado (aqui não tem transporte coletivo e para ir e vir do aeroporto só shuttle (uma van chique) ou taxi - o problema é que o shuttle só roda até as 21:00). Primeiro fomos ao depósito pegar umas peças e umas madeiras e depois paramos em vários mercados para comprar tupperwares de diferentes tamanhos, conectores, material de toilete e comida para esses dias. No final do dia o imediato se enrolou com a hora de abertura da loja e acabou não conseguindo devolver o carro.

Sexta feira foi o momento de planejar os próximos dias e o que iriamos fazer e como. Fiquei revisando lista de compras e telefonando pela manhã enquanto o imediato foi devolver o carro e tratar de assuntos particulares. O cara da fibra reapareceu no final da manhã... ele não sabe exatamente o que teve, mas disse que sente como se tivesse uma faca enfiada no omoplata. Ele veio trazer umas peças para ver se serviam, mas não chegou a descer para o barco. As peças necessitavam de um retrabalho mínimoi. De tarde terminamos de instalar a catraca que ficou pendente do domingo passado e substituimos a catraca pequena na popa por uma maior. A furação dessa era idêntica a da segunda, logo o molde com os furos não funcionou (perda de tempo). Resolvi manter o esquema de controle da escota do barco como sugerido pelo projetista. Sinceramente acho estranho caçar a vela olhando para trás, mas como o traveller está atrás do cockpit, acho que faz sentido (além do mais evita ter que instalar uma série de moitões).

Sábado foi o dia dos trilhos. Conseguimos definir a posição dos trilhos na sexta à tarde, dessa forma no sábado de manhã já começamos furando. Nem o cara da fibra nem o assistente novo apareceram (apesar de ambos terem dito que estariam aqui). Em um intervalo eu fui medir as posições para instalar o leme de vento. Vi que vai ser um pouco mais complicado do que imaginei porque serão necessários uns espaçadores de madeira e um tubo de pvc para simular o eixo do piloto. E vai ser preciso comprar os dois. No final do dia conseguimos terminar de instalar os dois trilhos do jibe e colocamos os carrinhos. De noite revisamos a lista de pendências.

Hoje foi dia de acordar (mais) tarde. O imediato ficou procurando e separando parafusos e porcas para as instalaçoes enquanto eu fui garimpar as ferragens para ser instaladas hoje e nos próximos dias. Instalei o burro, separei os moitões para os runnings e para a mestra, marquei a posição de uns moitões para o uso nas amas, separei moitões diversos. Depois com o imediato separamos uns cabos (cordas em liguagem naútica), instalamos as escotas do jibe, tiramos a balsa salva vidas da caixa e ficamos analisando alternativas de instalação. As pessoas que passam por aqui estão vendo a movimentação e tem perguntado quando vamos partir. Fiquei contente com o resultado do dia de hoje.

Essa tarde um casal relativamente novo parou aqui no barco e fizeram  umas perguntas sobre o trimarã. Ele falou que sempre gostou de ver as imagens mas nunca tinha chegado perto de um. Ela falou que eles estão buscando um barco mas não tem tido muita sorte... dei umas dicas: falei para não ter pressa, conversar muito sobre barcos, perguntar no lugar onde o barco está como o dono trata do barco e se o mesmo é utilizado, contratar  um perito e estar pronto para surpresas. Espero que eu não os tenha assustado.

A temperatura deu uma subida, apesar de uns nevoeiros estranhos que aparecem demanhã. A máxima chega nos 24 e de noite cai para  uns 15 graus. Continuo dormindo na cabine de popa. Minha cama lá na proa cada dia tem mais coisa guardada lá... incrível, eu quero esvaziar o barco mas parece que a quantidade de coisas aumenta...

O imediato está se aventurando na cozinha. Na sexta ele preparou frutos do mar com arroz e salada. Estava bom, mas o que chamou minha atenção foi que o cara preparou todo um laiaute para o prato, com tomate cortadinho e coisas do tipo. Hoje ele está preparando pasta com cogumelos. Na quinta eu fiz uma salada de grão de bico e no sábado eu preparei um frango acebolado com molho oriental. Ah, vale comentar que tomamos uma "champagne americana". Achei isso meio paradoxal: os caras ficam cobrando direitos autorais de todo o mundo, querem fazer a S.O.P.A. de P.I.P.A. no congresso, mas tem a cara de pau de usar o nome Champagne... bem, EUA e União Européia, que são brancos, que se entedam. E hoje de manhã eu cozinhei aimpim (mandioca ou macaxeira, de acordo com sua parte do país), tinha tempo que eu não comia. Comprei mandioca descascada congelada no supermercado (fica na seção de comidas étnicas na parte de congelados)... imagino que deve ser para o pessoal da América Central (la Yuca).

Como parte da preparação para a reta final, vamos tentar dormir mais cedo para acordar mais cedo, por isso que o post está saindo tão cedo hoje. Boa noite para vocês!

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Luz ligada...

Eu havia comprado duas pequenas luminárias com um mini painel solar que carrega uma bateria durante o dia e de noite emite uma luzinha fraca (essa luminária geralmente é utilizada para iluminar caminhos em jardins). A ideia era estreá-las na visita da J para iluminar o cockpit durante à noite, mas como ela trouxe lâmpadas natalinas pimentinhas (ver fotos pré-ceia), as luminárias ficaram guardadas. Então as coloquei no cockpit de tarde para iluminar o caminho do imediato, que deve chegar hoje à noite.

Esses dois dias foram dias de escrever listas, verificar pendências para terminar o barco. Não consegui instalar a catraca, mas tudo está pronto para colocá-la no lugar e instalar a próxima. Como falei, não dá para fazer isso sozinho.

Ontem fui no correio pagar o seguro do barco, liguei para o serralheiro, para o cara da fibra, para o Cérebro, para o cara da vela, para o mecânico, ufa. Estou tentando colocar as coisas em andamento.

Hoje o Cérebro veio aqui e conseguiu, enfim, fazer o piloto automático funcionar... ele teve que ligar para o fabricante para pedir instruções, mas o caras foram rápidos em apontar os problemas. O piloto não mantinha o curso porque estava recebendo informações redundantes, por dois canais ao mesmo tempo (por uma conexão analógica e por uma conexão digital). Ao desligar a conexão analógica o problema sumiu (eu evitei cortar o fio, apenas desconectei, pois nunca se sabe se esse conversor digital vai seguir funcionando). E o controle remoto não detectava o piloto porque não estava conectado direto ao piloto automático (isso me deixou chateado porque as instruções falavam que o controle remoto podia ser instalado em qualquer ponto do sistema). Agora ele está instalado junto com o piloto e para funcionar o piloto precisa estar ligado. A desvantagem disso é que esse controle remoto tem uma tela que mostra todos os parametros do barco, minha ideia era poder utilizá-lo mesmo com o piloto desligado.

Depois o assistente novo veio aqui para recolocar uma tomada no lugar (aquela que eu descobri que eles tinham instalado errado e queriam que eu trocasse). Depois eu terminei de ligar as tomadas no painel e remontar o piloto automático (o Cérebro só fez uma conexão de teste e foi embora). Para comemorar os resultados do dia, removi a extensão que vinha utilizando desde que comecei a morar no barco... Vocês prestaram atenção nisso? Há mais de 6 meses eu vivi com uma extensão e um T... agora tenho várias tomadas espalhadas pelo barco e não vou precisar ligar extensões na extensão, ou desligar uma coisa para ligar outra... isso é um progresso! Antes eu escolhia ligar o computador ou carregar o celular ou a máquina fotográfica...

O corretor me ligou para saber se esatav tudo bem e quando vou embora... não sei se ele fica com peso na consciência, ou se se preocupa comigo, como J cogitou, mas volta e meia ele liga para saber como estão as coisas.

O cara da fibra aparentemente está melhor... não sei exatamente o que ele teve, mas fiquei sabendo que um médico aplicou uma injeção nele ontem e hoje ele já estava andando lá pelo porto. Espero que ele apareça por aqui, ou ao menos  indique alguém para substituí-lo.

De tarde eu dei uma arrumada no interior do barco. A cama do imediato tinha virado um depósito. Tive que mudar as coisas de lugar para ele ter onde dormir quando chegar.

Também andei investigadno o fogão e descobri que o acendedor elétrico não está funcionando por causa de um mau contato no fio terra. E olha que eu desmontei todo o sistema e não tinha achado o problema, mas resolvi testar de um jeito diferente e deu para perceber o que impedia o funcionamento. E a cozinha vai bem. No cardápio desses útimos dias teve arroz gratinado com frutos do mar, um dal de lentilhas com cogumelos e hoje fiz massa integral com molho de tomates frescos com abobrinha e proteína de soja. Ah, hoje de manhã terminou a lata de café orgânico que J me deu... estou gostando muito da cafeteira elétrica, mais um conforto mundando que surgiu durante a visita da almiranta. Mas para as travessias acho que vou usar uma cafeteira italiana, vamos ver como vai ser o suprimento de eletricidade.

Agora vou me concentrar nas ferragens e depois no encanamento e depois no que falta da parte elétrica. Mas com a ajuda do imediato as coisas deverão andar mais rápido, oxalá!

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

A encantadora de golfinhos

Energizada com o sol morno que massageou sua pele durante o dia e empolgada com as visitas que o fim da tarde trouxe, ela não titubeou. Pegou um pedaço de madeira e foi para a proa do barco, convidar os golfinhos para que se aproximassem. Batia com a madeira na água de forma compassada e a cada metro mais próximos, um sorriso. E os golfinhos caprichavam nas acrobacias que o fotográfo não captou. No final ela correu pelo pier para agradecer o espetáculo e a companhia.

Se ela atrai golfinhos não sei mas, com certeza, me fascina.









Luther King

Hoje foi o dia do aniversário de Martin Luther King. Deu para perceber que esse não é um feriado levado tão a sério quanto os outros. Algumas lojas abriram, mas o correio, escolas e prédios públicos não. A loja de ferragens aqui perto, que importava para  mim hoje, não abriu.

Sábado e domingo foram dias longos... em cada dia só conseguimos colocar  um trilho da genoa. O trabalho foi mais lento do que eu pensei. Não pelo fato de ter que fazer 18 furos em cada um para a instalação, mas porque do lado de dentro da cabine tem um forro que era preciso ser cortado. Depois remover a espuma que serve de isolante térmico para ver qual a surpresa. Tinha buracos que continham fios dentro do forro, outros serviam de passagem de vigas, alguns com os dois juntos e assim ia. Dessa forma o trabalho progrediu pouco.

Instalei uma catraca nova ontem. Para minha surpresa, na hora de instalar a segunda catraca descobri que as duas, apesar de identicas, tinham furações diferentes na base. Imagino que são de lotes distintos. Como resultado tive que tapar os furos já feitos. Isso tem que ser feito para evitar futuras infiltrações. Tem uma terceira catraca para ser instalada... estou imaginando se a furação dela é igual a uma das duas ou se é diferente.

Como o imediato está viajando e é impossível fazer essas instalações sozinho (porque uma pessoa tem que estar dentro do barco segurando as porcas e arruelas e a outra fora apertando o conjunto) contratei o novo ajudante do Cérebro. O bom foi que ele ficou sensibilizado com minha vontade de partir logo e apareceu no domingo na  hora do almoço.

O Cérebro e o Pinky também apareceram aqui no sábado para testar o piloto automático que segue sem funcionar direito. Também escobrimos que a razão pela qual algumas tomadas do inversor não estavam invertendo é alguma fiação instalada de maneira estranha. Mas descobri até uma forma de contornar o problema. Mas o ideal é ligar as tomadas da maneira correta.

No fim de semana fez frio... na manhã de sábado fazia 3 graus quando acordei... o saco de dormir foi fundamental. A temperatura subiu pouco durante o dia e um vento gelado insistia em soprar enquando eu tinha que ficar do lado de fora do barco com uma chave de fenda na mão. Tomei alguns cafés quentes. A temepratura baixou novamente na noite de sábado. Felizmente esquentou no domingo e hoje.

Hoje o cara não pode aparecer para me ajudar, então comecei a acertar outras coisas no barco. Tentei fazer uns furos no traveller que ficaram pendentes mas desisti. Em 30 minutos tentando furar uma placa de aço inox tudo o que consegui foi fazer um pequeno arranhão. Vou ligar para o serralheiro para ver como resolver isso. Aproveitei para lavar roupa e tirar caixas que eu tinha colocado dentro do barco quando fui viajar. Por fim, deixei coisas marcadas e prontas para quando o novo assistente aparecer por aqui de novo.

Hoje também foi um dia de emoções... de manhã apareceu um golfinho tão perto do barco que eu ouvi sua respiração. De tarde apareceu outro! E quando fui guardar a máquina fotográfica achei uma cartinha da J que ela escreveu no natal e só agora eu encontrei... foi muito bom para quebrar a monotonia dessa segunda feira cinzenta. Conversamos pelo computador... depois eu fiquei pensando nos desafios que tenho pela frente, não desafios da viagem, mas os desafios que um ano sabático incluem, como definir a maneira de encarar as coisas daqui para frente e os planos para o futuro... quero levar as coisas de maneira mais leve.

sábado, 14 de janeiro de 2012

Pré-ceia

Para que o imediato não passasse a noite de natal em algum albergue comendo sanduíche de peru, ou algo do tipo, resolvemos fazer uma pré-ceia natalina a bordo. As fotos são um pout-pourri de fotos tiradas pela J e o imediato.




Pilotando o fogãozinho

Provadora oficial e salad master

O abridor de vinhos



Decoração de natal apimentada - e os pratos da pré ceia
Degustação

Celebração





sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Seguindo

Acabei de voltar de um happy hour da marina. Uma vez por mês, em média, tem um evento social aqui. Geralmente um casal, dono de um dos barcos, se oferece para ser os anfitirões. Tudo que eles tem que fazer é escolher um tema e ficar até o final para garantir que tudo foi limpo e que a porta da sede social foi trancada.

Esse foi meu terceiro encontro. Lembro que no primeiro, em novembro, fiquei bem isolado... praticamente conversei com uma funcionária daqui (e dona de barco tb) e com o casal do outro tri. No evento seguinte estava com o imediato e acho que isso gerou mais curiosidade dos presentes, pois ao invés de um desconhecido, eram dois. Hoje foi tudo legal até a hora em que um dos administradores da marina veio perguntar se pode reservar minha vaga para mim até setembro. Quando pessoas começam a fazer piada com relação ao tempo que você vai ficar, é hora de ir embora. Foi bom, conversei com muita gente, mas está chegando a hora de partir.

Hoje de tarde vieram entregar a balsa salva vidas, o motor de popa, o bote inflável e o material de salvatagem (coletes, pirotécnicos e bóia). Fiquei contente em ver que tanto a balsa quanto o bote couberam nos lugares que eu imaginei (entre a capota e a gaiúta central; e sobre um dos trampolins laterais, respectivamente). Passei um cabo de aço e um cadeado no bote e no motor de popa, só por garantia.

Fiquei bom da gripe, o que é importante. Estava atrapalhando muito minhas atividades no barco.

Na quarta feira choveu e ventou, por isso ninguém apareceu. Fiquei mexendo na pia da cozinha e checando a instalação da parte elétrica.

Na quinta o Pink apareceu aqui com o assistente novo (que pensando bem não é tão novo porque já está trabalhando com eles desde novembro). Eles terminaram de instalar a escova de eixo que coloquei no lugar antes de ir para New Orleans... não comentei antes mas a razão pela qual os anodos do eixo e do hélice se desgastaram prematuramente foi porque havia uma diferença no potencial galvânico entre o bloco do motor e o hélice. Assim o eixo estava "perdendo material", o que explicava o desgaste. A escova fica tocando permanentemente o eixo e é ligada por um fio até o bloco do motor, o que permite que os dois mantenham o mesmo potencial, assim não existe perda de um para o outro.

O Pinky também fez um teste com o inversor. Quando o barco está conectado com a tomada no cais o inversor simplesmente direciona a energia externa 110 volts para uma tomada interna de 110 V e carrega as baterias de 12 volts. Contudo, em alto mar o inversor converte os 12 volts das baterias para 110 volts. Toda vez que eu tentei simular isso, não deu certo. O Pinky testou ontem e funcionou. Mas como a síndrome do carro-que-teima-em-não-funcionar-com-o-mecanico eu fiz o teste hoje e não deu certo... saco!

Outra coisa chata foi que um interruptor que eles instalaram não funcionou. O Pinky testou e disse que o interruptor tinha queimado. O Cérebro apareceu depois e mandou eu solicitar a garantia (pois eu tinha comprado o interruptor). Achei o manual e a garantia... não satisfeito, abri o painel e vi que a instalção estava diferente do manual. Fiz do jeito indicado e o interruptor funcionou.... detesto esses achismos e pessoas que sabem tudo!

Depois o Cérebro ainda veio querer cobrar por coisas que eu já tinha pago. Só depois de mostrar para ele os recibos foi que ele sossegou. Já estou antevendo que vou ter problemas com essa conta.

E por falar em problemas, sigo com dificuldades em cancelar o pré-registro em Belize. Mesmo com tudo já encaminhado no Panamá, não estou conseguindo que a entidade de Belize responsável pelos registros me devolva o dinheiro já pago. Mau sinal, mas depois passo mais detalhes.

Finalmente, um pequeno comentário sobre alimentação. Breu perguntou como estava meu peso. Bem, estou mais magro do que quando cheguei aqui. O fato de não ter geladeira, comer pouco e basicamente alimentos secos e frutas contribuiu para isso. Espero que com a geladeira minha qualidade de alinetação melhore. Além disso, J teve uma conversa comigo sobre isso. Alimentação não pode ser negligenciada nem deve ser um ponto de enconomia. Vou seguir o conselho.

Fico por aqui!

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

anjin by J

Fotos de uma semana no anjin pelas lentes da J

Blowin' in the wind

O imediato

Don (alto) e Scott abaixo instalando os lazy jacks

Um olho no queiijo e outro no rato (i.e. um olho no mastro e outro no barco)

Scott orientando o imediato

Kodak moment

Colocando as talas

Içando a mestra

Chegando lá...



terça-feira, 10 de janeiro de 2012

2012 ainda não começou

No final das contas a gripe foi mais forte do que eu imaginava e fiquei de molho esses dias.

No sábado fui resolver pendências pós viagem: devolver o carro, fazer compras e ir na farmácia. Quando terminei o almoço já era fim de tardee não foi possível fazer muita coisa. No domingo dei uma olhada no anjin. Aparentemente tudo está em ordem, a coisa estranha é o novo nível do rio, conforme falei o nível da água está muito baixo e entrar e sair do barco é uma ginástica. E fica ainda mais complicado quando se está carregando compras ou a bicicleta. Uma explicação que ouvi foi a falta de chuvas que contribuíram para baixar o nível do rio. Para vocês terem uma ideia de como o nível da água está baixo, dois barcos encalharam dentro da marina e um terceiro ficou encalhado no canal... teoricamente a profundidade daqui, em épocas normais, é 1,80m mas eu não acredito nisso.

Outra coisa é uma sensação estranha de ausência que me acompanha esses dias: viro para o lado procurando J e não encontro ninguém. Depois desses dias de convivência intensiva a gente sente a falta da pessoa que ama. É meio estranho passar pelo cockpit e não a ver sorrindo no seu canto favorito... espero que ela volte logo. Anjin e eu temos saudades.

Na segunda resolvi dar uma arrumada no barco, passar o aspirador de pó, lavar roupas, tirar lixo, limpar a bagunça que semprei deixam no barco depois de fazer serviços. Até encontrei souvernirs da viagem.

Hoje fui testar as instalações que foram feitas durante minha ausência... o piloto automático dá sinal de vida, mas não fiz nenhum teste mais profundo. O controle remoto foi instalado mas não detecta o piloto... isso está parecendo a história do cobertor curto: quando cobre a cabeça descobre os pés. Liguei para o Cérebro e para o cara da Fibra... veremos quando eles aparecem. Depois tirei o gelo da geladeira (sim, ela funciona - pelo menos o freezer) e fui no mercado.

Agora que tenho uma cozinha voltei a comandar o fogão. Hoje teve salada multi-folhas com tomate e queijo. Jantar foi massa integral com cogumelos puxados no alho e depois refogados com tomates frescos. Sobrou um monte de comida... viva os tupperwares e a geladeira!

Vou dormir... estou com uma sensação de que amanhã começa o ano no anjin!



sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Feliz 2012

Desejando um feliz ano novo para todos vocês é como inicio o primeiro post do ano e agradeço aos 4 mil acessos. Como devem ter percebido eu dei uma sumida nessas ultimas semanas. A tripulação (e visitante) do anjin tirou "férias". Eu havia combinado com J  uma velejada às Bahamas. Como o anjin não ficou pronto em tempo, resolvemos fazer um road trip. Em pouco mais de dez dias rodamos aproximadamente 4 mil km.

Partimos de Cocoa (J e eu) no dia 26... deixamos o barco com o Cérebro, Pinky e o cara da fibra trabalhando, para que terminassem todas as pendências antes de eu voltar das férias. De Cocoa fomos para Nova Orleans, seguindo a costa sempre que possível. Fez frio alguns dias, mas foi bom ver as águas rasas do golfo do México, comer um monte de frutos do mar recheados com subprodutos da BP e ver casas de luxo equilibradas em palafitas. Demoramos dois dias para chegar em nosso destino. Fiquei impressionado como algumas marcas de destruição do furacão Katrina persistem, principalmente no Mississipi.  A maior parte da infraestrutura (pontes e estradas) foi reconstruída, mas em algumas cidades existem muitos terrenos vazios em áreas que podem ser consideradas nobres.

Nova Orleans (ou New Orleans, NO, falando bem rápido) foi uma mistura de emoções e sentimentos. Se por um lado lembra Salvador (pelas casas antigas e herança africana) por outro lado tem um quê de Porto Seguro (a Bourbon Street é a versão americana da Passarela do Alcool). E para falar a verdade, acho que mais alcool é consumido aqui do que na versão brasileira. A comida e a musicalidade podem lembrar também a terrinha: o quiabo impera nas receitas do gumbo (uma sopa típica de NO)... e também tem pimenta para todos os gostos. Mas a música, bem... assisti shows muito bons, mas não era o que imaginavamos. Não existia velhinhos artistas tomando umas e tocando em cada esquina, ou  vá lá, nos bares (mas havia muita gente tocando em cada esquina e em cada metade de rua também: uns tomando todas outros não). E do lado oposto tinha sempre alguém que lia mão, borra de café ou jogava tarô. Ah, e o lance do voodo por aqui virou coisa para turista ver. Tinha até patuás do Brasil a venda nas lojas de lá.  Mas voltando ao assunto da música,  acho que NO está para os músicos assim como Hollywood está para os candidatos a estrela de cinema. Muita gente nova tentando a sorte e ser descoberto. Na Passarela do Alcool, digo, Bourbon Street tinha do Rock em Roll ao Funk, passando por música eletrônica, country, dance.... o freguês escolhe o ritmo.

Além de escutar música e comer, nós tentamos visitar alguns museus, mas os horários de fim de ano, associados ao fato de muitos deles fecharem as 1600 tornavam a missão quase impossível. Fizemos um passeio em um barco a vapor (só dentro do barco que descobri que ele foi construído relativamente recente e utiliza um motor a vapor do século XX...) mas teve seu charme. E me deu ainda mais vontade de fazer o cruzeiro em uma gaiola no São Francisco, o Benjamin Guimarães.

No Reveillon jantamos em um restaurante com banda ao vivo (muito boa). Como o esquema era "garrafa e serve-se", levamos uma garrafa de saquê e depois fomos para a praça central da cidade assistir os shows e esperar a contagem regressiva. A primeira banda foi muito boa, chamada "Lagniappe Brass Band". A segunda intercalou momento bons e momentos fracos e chamva-se "My name is John Michael" e a de fechamento foi chata, com um cara muito poser: "Shammar Allen and the Underdawgs". Ao invés de uma maçã caindo como em NY na virada do ano, em NO tem uma flor de lis de cai e dá inicio a queima de fogos. Como é típico nos EUA, acabou os fogos e todo mundo vai para casa. Nós fomos para um bar cuja maioria dos frequentadores eram nativos e onde uma tia estava colocando funks da pesada. Vale comentar sobre o show do "Trombone Shorty" que assistimos no dia 01. Muito bom.... o cara é meio pipoqueiro mas tem uma grande presença de palco e é um excelente instrumentista. Fica a dica. Ah, e dica por dica, outra coisa legal lá em NO é a Frechman Street, uma rua cheia de clubes de Jazz e vários com apresentações na faixa (mas doações para a banda são esperadas).

No dia 02 pegamos a estrada e no final do dia 03 chegamos em Miami. Dia 04 foi meu níver e fiquei na maresia pela manhã. De tarde fomos dar uma caminhada na praia e ver os prédios arte-deco. Tentamos achar um restaurante cubano para comer e dançar mas não demos sorte. Acabamos comendo em um restaurante perto do hotel mesmo... para minha surpresa recebi un flã de aniversário e os garços cantaram happy birthday com sotaque espanhol... J é incrível.

Ontem fomos dar uma volta em uma marina em Coco Groove... a cor da água em Miami me impressionou.... me deixou ainda mais empolgado para começar logo a viagem. Almoçamos no Market Fresh e depois fomos até Key Biscaine. Jantamos comida árabe em Miami Beach... meio frustrante. O tabule quase não tinha trigo e as folhas de uva do charutinho tinham como recheio arroz com maionese... me lembrou do Grego, meu colega de quarto durante a UnB, que sempre dizia que com maionese tudo ficava mais gostoso...

Hoje de manhã rolou mais uma despedida triste (mas a estadia da J aqui foi muito boa). Cheguei em Cocoa no final da tarde. Anjin está inteiro, aparentemete, mas o nível da água está mais de meio metro abaixo do normal e ninguém sabe porque... não está fácil de entrar e sair do barco. Depois vou ter que testar as coisas que os caras trabalharam durante minha ausencia. Já deu para perceber que tem coisa que não foi feita.

Hora de dormir crianças... estou com a garganta doendo, imagino que seja um princípio de gripe. Melhor eu descansar.