Passei praticamente o fim de semana enfurnado no barco. No sábado fui na loja de ferragens e no mercado. No domingo e hoje fiquei por conta de listas de compras. Pensei que tinha encomendado a maior parte das coisas mas acabei de lembrar que ficaram faltando as peças de reposição para o motor de popa...
Ontem e hoje o vento vem soprando duro de leste, o que além de produzir muito ruído com as ondas batendo no casco, joga o barco constantemente para cima do pier. E como o vento tem soprado desse jeito desde ontem, estou com muita dificuldade para mover o barco para mudar a posição de atracação. Uma vez que o barco atraca demora uns dias para encontrar a posição ideal para os cabos. O que pude fazer foi colocar uma defensa pequena na proa. A parte que eu recém pintei já está roçando outra vez no pilar de madeira. Paciência.
Outra coisa que fiz nesses dias foi planejar o roteiro, lendo o material que eu tenho abordo e estudando sites na internet. Haja paciência e jogo de cintura. O que estou percebendo é que estão apertando o laço para cima das pessoas com barco. Imagino que por causa da crise, sobretaxar estrangeiros que chegam de barco é uma boa forma de aumentar receitas. Tudo bem, é só evitar esses lugares, você pode dizer. O detalhe é que tem países, como o Panamá, que é praticamente inevitável de transitar por lá, caso você queira cruzar os oceanos.
O plano para essa semana é esvaziar o barco e resolver as pendencias, tais como o suporte do motor de popa e os cabos do screecher e do enrolador do jibe.
Uma das novidades é que estou há quaase duas semanas desconectado da tomada. Toda energia que estou usando foi produzida pelo motor (na ida e na volta do estaleiro) e/ou pelo gerador eólico e os painéis solares. Deixei de usar o microondas e a cafeteira elétrica. Mas isso em grande parte se deve ao meu interesse em ver quanto tempo dura um botijão de gás a bordo.
Também ainda estou usando a mesma água dos tanques de quando eu parti (tudo bem que só a utilizo para cozinhar, beber e lavar pratos). Preciso ter noção de quanto a água vai durar O anjin leva um pouco mais de 150 litros de água.
No sábado um cara me pediu uma ferramenta para remover filtros do motor. Ele usou e agradeceu. Depois veio pedir novamente para fazer umas coias no barco dele. Emprestei novamente. Mas nada do cara devolver a ferramenta. Eu já estava rponto para ir para o barco dele, mas encontrei a ferramenta em cima do convès. Que bom que ele não contribui para me fazer perder a fé na comunidade naútica.
No sábado eu tomei uma champagne californiana para celebrar os progressos. Bons vinhos na Califórnia e com preços muito bons. Essa tinha um preço tão barato que estava até desconfiado. Acho que o fato dela ter um teor alcoolico mais baixo e ter uma tampa twist off devem ajuar a explicar. A tampa foi uma boa surpresa, pois eu não tinha certreza se ia beber a garrafa inteira e no mercado não conseguir achar uma tampa para espumantes. Esse foi meu primeiro drink desde que voltei da Europa no começo do mês.
Fiquei sabendo no sábado que eu dei sorte: no final da tarde da sexta uma das comportas da eclusa que liga o rio com o porto quebrou. Até ongtem de tarde ela seguia quebrada. Espero que resolvam isso logo senão terei que navegar dois dias rio abaixo para chegar na próxima saída para o mar. E velejar nesse rio é meio tenso.
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segunda-feira, 30 de abril de 2012
sábado, 28 de abril de 2012
Los hermanos
Esse é o Pasqualina, o barco dos argentinos que mencionei em um post há umas semanas. Também foi comprado semi-abandonado e parcialmente reformado.
3 tris 2
Tem gente que fala que raios não caem duas vezes no mesmo lugar (o que é mentira, por sinal). E não é que outra vez tinham três trimarãs na marina? Esse atracou tão perto do anjin que eu ouvia os barulhos do dono, um velejador solitário, trabalhando no barco. Não confirmei, mas pelas linhas também é outro projeto do Marples, provavelmente um 40.
Esvaziando o depósito
Esvaziar o depósito foi um passo importante no desapego das coisas aqui nos EUA. Aluguei uma van e com a ajuda do imediato esvaziamos tudo. Joguei muita coisa fora, mas parte das madeiras está agora a bordo do anjin
3 tris 1
A primeira vez, que eu saiba, que tinham três trimarans em tríade na marina...
Esse é o barco cujo vídeo do Jim Brown postei há pouco. E a dona foi quem eu reencontrei, por coincidencia, na West Marine há duas semanas. Foi projetado pelo mesmo engenheiro do anjin, é um Marples 35'.
Esse é o barco cujo vídeo do Jim Brown postei há pouco. E a dona foi quem eu reencontrei, por coincidencia, na West Marine há duas semanas. Foi projetado pelo mesmo engenheiro do anjin, é um Marples 35'.
Observem o leme de vento igual ao que veio no anjin |
Primo do anjin se afasta |
Você consegue ver três tris? |
Três tris em tríade |
sexta-feira, 27 de abril de 2012
Viajando com ácido
Depois de tentar tirar as manchas do casco com 3 produtos diferentes (água sanitária industrial, limpador de fogão e um removedor de manchas industrial) tive que me render. Comprei uma garrafa de uma mistura de ácido muriático com ácido oxálico. Já tinha usado isso quando comprei o barco e não tinha boas lembranças. Arde na pele, estraga roupas, tem um cheiro horrível e ainda queima as vias aéreas. Mas funciona.
Então usei o produto que conseguiu remover com facilidade as manchas amareladas do casco. sim, usei uma camisa de mangas compridas, luvas... e lamentei de não ter uma máscara melhor do que a de pintura para usar o produto.
Na sequencia o barco foi pintado na quarta feira, retoques foram dados ontem. A nova hélice foi instalada ontem de manhã, bem cedo. Por falar em ontem, esse foi provavelmente o dia em que eu mais trabalhei esse ano. Comecei antes das oito e só fui terminar as 22:00. Lembro que as nove da noite eu estava em cima da escada usando a politriz praticamente no escuro. Não é o cenário ideal mas melhor do que nada.
Hoje acordei cedo, tão cedo que ainda estava escuro para trabalhar. Consegui passar cera na linha d'água (no lugar onde passei o ácido) em 4 faces dos cascos, ficaram faltando 2 (as da ama de boreste). Paciência, mas não deu para fazer mais do que isso com o dono do estaleiro fazendo pressão para eu sair. É sem saudades que eu sai de lá. Espero que não tenha que voltar mais...
O lançamento do barco foi relativamente tranquilo. Não quis correr o risco de levantar a quilha, por isso insisti em partir com ela abaixada. O senhor canadense me ajudou na saída. Sinceramente, a parte mais complicada da partida foi encontrar um pier livre para desembarcá-lo. Pensei em deixá-lo no pier onde ficam as bombas de combustível mas já tinham dois veleiros estrangeiros lá abastecendo. Deu trabalho mas encontrei um ponto para ele desembarcar, e com um pequeno pulo ele já estava são e salvo. Quero ser ativo desse jeito quando também chegar nos meus 72 anos.
Ao invés de rumar direto para o rio e a marina, resolvi ir para o oceano, aproveitando que estava cedo e o dia estava bonito. Antes insisti mais uma vez em tentar calibrar o piloto automático e consegui. Claro que eu já estava meio preocupado, depois de dar 5 voltas no meio do canal, até que o piloto automático calibrasse a bússola. Depois o piloto fez 25 manobras de zigzag para aprender o funcionamento do barco. Mas a partir daí foi só alegria. Consegui engatar o piloto e dava para ir na frente do barco acertar coisas ou lá dentro sem me preocupar em sair do rumo.
Fui até quase uma das últimas bóias do canal do Porto Canaveral, procurando vento. Mas só tinha merreca. Assim resolvi dar meia volta e rumar para a marina. O barco com a quilha abaixada se comportou muito melhor, obedece mais ao leme e tem muito pouca tendencia a derivar (pelo menos no motor). E por falar em motor, com a hélice nova instalada deu para chegar na rotação máxima possível (para falar a verdade, essa hélice ainda não é a correta porque deu para passar da rotação máxima). O barco chegou a 7,5 nós em 3000 rpm. Acho que sem as defensas do lado, sem vento nem ondas ele deve chegar nos 8 nós.
Tive que levantar parcialmente a quilha, mesmo contra minha vontade, porque as vagas daqui da marina só tem 1,80 de calado e fico com medo de com as marolas o barco descer muito e danificar quilha. O que descobri é que com a quilha abaixada sai água e vento pelo buraco dos cabos. Felizmente o imediato tinha instalado umas borrachas de vedação que minoraram o problema. E a outra coisa que descobri é que tenho que prestar atenção ao mexer com a quilha... ela demora para se mexer mas quando se movimenta anda muito rápido. Resultado, ela subiu com força total e me molhou, assim como ao interior do barco. Ai tive que baixá-la novamente. Fiz um pouco de força na catraca mas subitamente ela começou a baixar de vez... 8 ou 80 vai ser o apelido dela.
O pessoal da marina me ajudou a parar o barco, mas o vento estava favorável e daria para ter parado sozinho. Agora é começar a arruma as coisas dentro do barco, fazer a lista de compras, providenciar as ultimas coisas que faltam e preparar para a partida. E claro, ver se vou viajar com o ácido ou jogá-lo fora... ele é prático, mas o risco de derramar e estragar um monte de coisas ou causar um acidente é grande. Veremos amanhã quando eu acordar descansado.
Então usei o produto que conseguiu remover com facilidade as manchas amareladas do casco. sim, usei uma camisa de mangas compridas, luvas... e lamentei de não ter uma máscara melhor do que a de pintura para usar o produto.
Na sequencia o barco foi pintado na quarta feira, retoques foram dados ontem. A nova hélice foi instalada ontem de manhã, bem cedo. Por falar em ontem, esse foi provavelmente o dia em que eu mais trabalhei esse ano. Comecei antes das oito e só fui terminar as 22:00. Lembro que as nove da noite eu estava em cima da escada usando a politriz praticamente no escuro. Não é o cenário ideal mas melhor do que nada.
Hoje acordei cedo, tão cedo que ainda estava escuro para trabalhar. Consegui passar cera na linha d'água (no lugar onde passei o ácido) em 4 faces dos cascos, ficaram faltando 2 (as da ama de boreste). Paciência, mas não deu para fazer mais do que isso com o dono do estaleiro fazendo pressão para eu sair. É sem saudades que eu sai de lá. Espero que não tenha que voltar mais...
O lançamento do barco foi relativamente tranquilo. Não quis correr o risco de levantar a quilha, por isso insisti em partir com ela abaixada. O senhor canadense me ajudou na saída. Sinceramente, a parte mais complicada da partida foi encontrar um pier livre para desembarcá-lo. Pensei em deixá-lo no pier onde ficam as bombas de combustível mas já tinham dois veleiros estrangeiros lá abastecendo. Deu trabalho mas encontrei um ponto para ele desembarcar, e com um pequeno pulo ele já estava são e salvo. Quero ser ativo desse jeito quando também chegar nos meus 72 anos.
Ao invés de rumar direto para o rio e a marina, resolvi ir para o oceano, aproveitando que estava cedo e o dia estava bonito. Antes insisti mais uma vez em tentar calibrar o piloto automático e consegui. Claro que eu já estava meio preocupado, depois de dar 5 voltas no meio do canal, até que o piloto automático calibrasse a bússola. Depois o piloto fez 25 manobras de zigzag para aprender o funcionamento do barco. Mas a partir daí foi só alegria. Consegui engatar o piloto e dava para ir na frente do barco acertar coisas ou lá dentro sem me preocupar em sair do rumo.
Fui até quase uma das últimas bóias do canal do Porto Canaveral, procurando vento. Mas só tinha merreca. Assim resolvi dar meia volta e rumar para a marina. O barco com a quilha abaixada se comportou muito melhor, obedece mais ao leme e tem muito pouca tendencia a derivar (pelo menos no motor). E por falar em motor, com a hélice nova instalada deu para chegar na rotação máxima possível (para falar a verdade, essa hélice ainda não é a correta porque deu para passar da rotação máxima). O barco chegou a 7,5 nós em 3000 rpm. Acho que sem as defensas do lado, sem vento nem ondas ele deve chegar nos 8 nós.
Tive que levantar parcialmente a quilha, mesmo contra minha vontade, porque as vagas daqui da marina só tem 1,80 de calado e fico com medo de com as marolas o barco descer muito e danificar quilha. O que descobri é que com a quilha abaixada sai água e vento pelo buraco dos cabos. Felizmente o imediato tinha instalado umas borrachas de vedação que minoraram o problema. E a outra coisa que descobri é que tenho que prestar atenção ao mexer com a quilha... ela demora para se mexer mas quando se movimenta anda muito rápido. Resultado, ela subiu com força total e me molhou, assim como ao interior do barco. Ai tive que baixá-la novamente. Fiz um pouco de força na catraca mas subitamente ela começou a baixar de vez... 8 ou 80 vai ser o apelido dela.
O pessoal da marina me ajudou a parar o barco, mas o vento estava favorável e daria para ter parado sozinho. Agora é começar a arruma as coisas dentro do barco, fazer a lista de compras, providenciar as ultimas coisas que faltam e preparar para a partida. E claro, ver se vou viajar com o ácido ou jogá-lo fora... ele é prático, mas o risco de derramar e estragar um monte de coisas ou causar um acidente é grande. Veremos amanhã quando eu acordar descansado.
quarta-feira, 25 de abril de 2012
Pássaro pirata
Comentei sobre a repetição de roteiro e dos ingredientes surpresas em um post recente. Pois bem, surpresas acabaram de acontecer, duplamente.
A primeira surpresa foi com a hélice estepe que comprei. Removi minha hélice Gori (que com cracas, um pouco de eletrólise e tinta antincrustrante já não parece mais tão super), que saiu mais fácil do que imaginei. Ao (tentar) colocar a nova hélice percebi que ela veio sem a trava do eixo, dessa forma existe o risco do eixo girar em falso na hélice. Liguei para o fabricante na segunda, que alegou ser impossível. Quando viu as fotos reconheceu de imediato o deslize e disse que iria enviar outra por FedEx. Mas depois do almoço o cara me liga novamente dizendo que não tinha outra hélice do mesmo tamanho em estoque, mas que poderia me enviar uma hélice menor. isso não resolve meu problema. A solução foi enviar a hélice de volta para ele por encomenda urgente e ele me mandar de volta, urgente. Deve chegar agora na hora do almoço. Isso adiou minha volta à água em dois dias... algo que eu não contava.
A outra novidade, e um susto, foi que quando fui entrar no barco no domingo de tarde um pássaro preto, acho que uma gralha, quase me atropelou ao sair da cabine. Como se já não bastassem os intermináveis insetos, agora tem pássaros entrando no barco. Para minha surpresa descobri que o (a) safado(a) estava comendo uma de minhas bananas!!!! Como se não bastasse, poucos minutos depois a figura já estava de campana empoleirado na entrada da cabine! Tive que passar a deixar a cabine fechada. Depois fiquei lembrando do desenho animado do Faísca e Fumaça... Provavelmente fui visitado por um parente deles.
A tempestade no domingo demorou bastante a chegar. Começou de madrugada e veio acompanhada de um vento muito forte. O barco balançou bastante. Tive que levantar umas duas vezes para checar coisas lá fora. Pela manhã descobri que grande parte dos ruídos que escutei foram causadas pelo barco ao lado, cujo toldo foi rasgado pelo vendaval e até agora continua fazendo barulho.
Por falar em barulhos e ventos fortes, até hoje ainda existem marcas aqui pelo porto da tempestade de outubro passado. Os toldos daqui do estaleiro não foram reinstalados desde então. Os toldos novos chegaram ontem. E até duas semanas atrás, uma das placas de sinalização da entrada do porto continuava no chão. E no casco do anjin, as marcas da tempestade ainda estão presentes na forma de "cicatrizes" na pintura. Devo tentar minorar isso dessa vez.
Acabei de ver na TV aqui no escritório do estaleiro que Matt Rutherford acabou de completar sua volta ao redor das Américas em um barco de 27'. O cara enfrentou maus bocados de todos os tipos, inclusive na costa brasileira. Mais informações no site dele, AQUI. Ou seja, com calma, planejamento e criatividade é possível ir longe. Um barco maior permite ir mais rápido, mas dá mais trabalho.
Ah, acabaram-se as bananas, assim imagino que ficarei livre das visitas do pássaro pirata...
A primeira surpresa foi com a hélice estepe que comprei. Removi minha hélice Gori (que com cracas, um pouco de eletrólise e tinta antincrustrante já não parece mais tão super), que saiu mais fácil do que imaginei. Ao (tentar) colocar a nova hélice percebi que ela veio sem a trava do eixo, dessa forma existe o risco do eixo girar em falso na hélice. Liguei para o fabricante na segunda, que alegou ser impossível. Quando viu as fotos reconheceu de imediato o deslize e disse que iria enviar outra por FedEx. Mas depois do almoço o cara me liga novamente dizendo que não tinha outra hélice do mesmo tamanho em estoque, mas que poderia me enviar uma hélice menor. isso não resolve meu problema. A solução foi enviar a hélice de volta para ele por encomenda urgente e ele me mandar de volta, urgente. Deve chegar agora na hora do almoço. Isso adiou minha volta à água em dois dias... algo que eu não contava.
Banana bicada |
A tempestade no domingo demorou bastante a chegar. Começou de madrugada e veio acompanhada de um vento muito forte. O barco balançou bastante. Tive que levantar umas duas vezes para checar coisas lá fora. Pela manhã descobri que grande parte dos ruídos que escutei foram causadas pelo barco ao lado, cujo toldo foi rasgado pelo vendaval e até agora continua fazendo barulho.
Por falar em barulhos e ventos fortes, até hoje ainda existem marcas aqui pelo porto da tempestade de outubro passado. Os toldos daqui do estaleiro não foram reinstalados desde então. Os toldos novos chegaram ontem. E até duas semanas atrás, uma das placas de sinalização da entrada do porto continuava no chão. E no casco do anjin, as marcas da tempestade ainda estão presentes na forma de "cicatrizes" na pintura. Devo tentar minorar isso dessa vez.
Acabei de ver na TV aqui no escritório do estaleiro que Matt Rutherford acabou de completar sua volta ao redor das Américas em um barco de 27'. O cara enfrentou maus bocados de todos os tipos, inclusive na costa brasileira. Mais informações no site dele, AQUI. Ou seja, com calma, planejamento e criatividade é possível ir longe. Um barco maior permite ir mais rápido, mas dá mais trabalho.
Ah, acabaram-se as bananas, assim imagino que ficarei livre das visitas do pássaro pirata...
sábado, 21 de abril de 2012
No seco outra vez
É engraçado estar de volta ao estaleiro um ano depois. Nesse época no ano passado eu tinha içado o barco e estava brigando para conseguir fazer a transferência internacional para pagar o corretor.
Só que agora estou mais tranquilo, ou quem sabe mais resignado. Com praticamente um ano de experiência com anjin já estou conseguindo olhar as coisas de maneira meio diferente. Se não consegui ainda dar minha tão sonhada velejada, fico feliz de ter conseguido morar um ano em um barco. Dá para sintetizar a experiência como exercício do desapego e a paradoxal vida em que um dia é quase igual ao outro mas em que subitamente surpresas aparecem no caminho, tal qual o duelo entre Titanic e Iceberg.
O cara da fibra lixou a quilha e deixou a fibra exposta. Foi mais rápido do que imaginei. Tinha muitas camadas de tinta por lá. Além da minha pintura verde tinha umas duas camadas de tinta vermelha e uma de preta, além de uma tinta branca de acabamento, talvez gelcoat. Icei e abaixei a quilha algumas vezes e aparentemente ela está funcionando bem. Mas dentro d'água tudo é diferente.
Ontem resolvi tentar reduzir o custo fixo de içar o barco (e gastar mais grana, infelizmente). Já que o barco está no seco e levantado vou aproveitar para dar uma nova demão de tinta no fundo, isso vai me dar mais um ano de proteção. A tinta desgastou bastante lá no rio... só limpamos o casco uma vez e a sujeira do rio, a correnteza e o constante balançar não ajudaram nada. É verdade que quando içamos o barco em dezembro deu para dar uma limpada, mas agora tem lugares onde o primer já está aparecendo. Entretanto, a pintura continua funcionando direito e tinha muito poucas cracas (em compensação tinha umas algas feias, escuras que estão se proliferando no rio... disseram que é uma nova espécie, que está dizimando as cracas... pelo menos essas algas soltam mais fáceis que as cracas - mas elas crescem muito mais rápido e imagino que podem causar mais danos ao entrar dentro de bombas e outras tubulações sem filtro).
Um dos pontos que me chamou a atenção dessa vez aqui no estaleiro foi a presença de um "barco aproveitador" fazendo reparos aqui. Bem, vou chamar assim na falta de uma palavra melhor. É um velho barco de madeira antes utilizado na pesca de camarão. Pois bem, um haitiano comprou o barco, removeu todos os artefatos de pesca e utiliza o barco para transportar o que é considerado lixo daqui para o Haiti. Ele leva bicicletas velhas, pneus semi-usados, moveis, colchões, o que aparecer pela frente e vende quando chega no Haiti. Confesso que o lixo daqui pode ser bastante tentador algumas vezes, mas eu ainda questiono essas manobras... não sei se ele leva doações para vender. O corretor que eu comprei o barco disse que levava doações para Cuba para poder acessar o país e driblar o embargo americano. E o interesse dele não era nada humanitário: era tazer charutos e rum de lá para os EUA. E a comercialização de doações é mais popular do que se imagina, tanto direta quando indiretamente. É um caso conhecido o dos garimpadores de doações que tem representantes em países africanos que identificam as peças valiosas e as enviam de volta para os países ricos para serem vendidas em brechós.
Mas vamos nessa, tenho que acompanhar o processo de limpeza do casco. Estão lavando o casco com um jato forte de água. O problema é que isso remove ainda mais da tinta que resta, mas se lixar além do gasto da tinta ainda tem o risco de impregnar a sujeira ainda mais fundo na tinta, e é preciso limpar o casco para pintar.
Já troquei os zincos do barco e comecei a tirar a hélice atual. Estamos aqui esperando uma tempestade chegar... teoricamente vai ser severa, com 3 polegadas de precipitação e até possibilidade de granizo. Como falei, um dia é igual ao outro mas com possibilidades de surpresas.
Só que agora estou mais tranquilo, ou quem sabe mais resignado. Com praticamente um ano de experiência com anjin já estou conseguindo olhar as coisas de maneira meio diferente. Se não consegui ainda dar minha tão sonhada velejada, fico feliz de ter conseguido morar um ano em um barco. Dá para sintetizar a experiência como exercício do desapego e a paradoxal vida em que um dia é quase igual ao outro mas em que subitamente surpresas aparecem no caminho, tal qual o duelo entre Titanic e Iceberg.
O cara da fibra lixou a quilha e deixou a fibra exposta. Foi mais rápido do que imaginei. Tinha muitas camadas de tinta por lá. Além da minha pintura verde tinha umas duas camadas de tinta vermelha e uma de preta, além de uma tinta branca de acabamento, talvez gelcoat. Icei e abaixei a quilha algumas vezes e aparentemente ela está funcionando bem. Mas dentro d'água tudo é diferente.
Ontem resolvi tentar reduzir o custo fixo de içar o barco (e gastar mais grana, infelizmente). Já que o barco está no seco e levantado vou aproveitar para dar uma nova demão de tinta no fundo, isso vai me dar mais um ano de proteção. A tinta desgastou bastante lá no rio... só limpamos o casco uma vez e a sujeira do rio, a correnteza e o constante balançar não ajudaram nada. É verdade que quando içamos o barco em dezembro deu para dar uma limpada, mas agora tem lugares onde o primer já está aparecendo. Entretanto, a pintura continua funcionando direito e tinha muito poucas cracas (em compensação tinha umas algas feias, escuras que estão se proliferando no rio... disseram que é uma nova espécie, que está dizimando as cracas... pelo menos essas algas soltam mais fáceis que as cracas - mas elas crescem muito mais rápido e imagino que podem causar mais danos ao entrar dentro de bombas e outras tubulações sem filtro).
Um dos pontos que me chamou a atenção dessa vez aqui no estaleiro foi a presença de um "barco aproveitador" fazendo reparos aqui. Bem, vou chamar assim na falta de uma palavra melhor. É um velho barco de madeira antes utilizado na pesca de camarão. Pois bem, um haitiano comprou o barco, removeu todos os artefatos de pesca e utiliza o barco para transportar o que é considerado lixo daqui para o Haiti. Ele leva bicicletas velhas, pneus semi-usados, moveis, colchões, o que aparecer pela frente e vende quando chega no Haiti. Confesso que o lixo daqui pode ser bastante tentador algumas vezes, mas eu ainda questiono essas manobras... não sei se ele leva doações para vender. O corretor que eu comprei o barco disse que levava doações para Cuba para poder acessar o país e driblar o embargo americano. E o interesse dele não era nada humanitário: era tazer charutos e rum de lá para os EUA. E a comercialização de doações é mais popular do que se imagina, tanto direta quando indiretamente. É um caso conhecido o dos garimpadores de doações que tem representantes em países africanos que identificam as peças valiosas e as enviam de volta para os países ricos para serem vendidas em brechós.
Mas vamos nessa, tenho que acompanhar o processo de limpeza do casco. Estão lavando o casco com um jato forte de água. O problema é que isso remove ainda mais da tinta que resta, mas se lixar além do gasto da tinta ainda tem o risco de impregnar a sujeira ainda mais fundo na tinta, e é preciso limpar o casco para pintar.
Já troquei os zincos do barco e comecei a tirar a hélice atual. Estamos aqui esperando uma tempestade chegar... teoricamente vai ser severa, com 3 polegadas de precipitação e até possibilidade de granizo. Como falei, um dia é igual ao outro mas com possibilidades de surpresas.
quinta-feira, 19 de abril de 2012
Primeiro trajeto ok
Meu primeiro trecho sozinho, da marina até o estaleiro, passando por 2 pontes móveis, uma eclusa e atracando o barco duas vezes foi tranquilo. Confesso que preparei mentalmente cada manobra, separei os cabos de amarração, coloquei defensas dos dois lados e usei o colete salva vidas.
anjin foi içado hoje de manhã. O casco não estava muito sujo mas dá para perceber que a tinta venenosa está saindo. Outro problema foi que a eletrólise na hélice continua. Não sei se a conexão que o assistente novo do Cérebro fez foi correta ou se a solução não funcionou.
Também não consegui fazer o ajuste do piloto automático... vou ter que falar com o cérebro sobre isso também.
A quilha não desceu quando içamos o barco, mas não foi tão dificil quanto da ultima vez para baixá-la. O cara da fibra achou que vai ser simples lixar a parte que está pegando, pois o acesso está fácil. Dá para perceber onde está pegando porque a tinta saiu nesses lugares. Só espero que isso seja suficiente.
Vou aproveitar para tirar a hélice e colocar a hélice reserva e ver se o fabricante regula a hélice original. Espero que sim.
Internet não está funcionando aqui, por isso tive que vir para o escritório da marina para tentar poder acessar e-mails e escrever esse post. Agora tenho que voltar para o barco para continuar resolvendo as coisas. Gostaria de sair logo daqui, por isso tenho que aproveitar o tempo. O chato é que está ameaçando chover e chovendo não dá para lixar nem pintar nada.
Quando puder mandarei mais notícias.
anjin foi içado hoje de manhã. O casco não estava muito sujo mas dá para perceber que a tinta venenosa está saindo. Outro problema foi que a eletrólise na hélice continua. Não sei se a conexão que o assistente novo do Cérebro fez foi correta ou se a solução não funcionou.
Também não consegui fazer o ajuste do piloto automático... vou ter que falar com o cérebro sobre isso também.
A quilha não desceu quando içamos o barco, mas não foi tão dificil quanto da ultima vez para baixá-la. O cara da fibra achou que vai ser simples lixar a parte que está pegando, pois o acesso está fácil. Dá para perceber onde está pegando porque a tinta saiu nesses lugares. Só espero que isso seja suficiente.
Vou aproveitar para tirar a hélice e colocar a hélice reserva e ver se o fabricante regula a hélice original. Espero que sim.
Internet não está funcionando aqui, por isso tive que vir para o escritório da marina para tentar poder acessar e-mails e escrever esse post. Agora tenho que voltar para o barco para continuar resolvendo as coisas. Gostaria de sair logo daqui, por isso tenho que aproveitar o tempo. O chato é que está ameaçando chover e chovendo não dá para lixar nem pintar nada.
Quando puder mandarei mais notícias.
terça-feira, 17 de abril de 2012
Fim da novela...
Não, não vou falar da novela da reforma, mas sim da novela com o barco argentino. Eles saíram, no domingo, mais atrasados do que o previsto. O americano que faz(ia) parte da tripulação saiu para tomar uns gorós na noite do sábado, levou porrada e perdeu/teve roubada a mochila com máquina fotográfica e passaporte. Como a polícia demorou para aparecer no domingo e os argentinos tinham que deixar a marina, resolveram deixar o americano para trás de mala e cuia. Saíram na vela, justamente quando o vento parou.
O final da história fiquei sabendo pelo pessoal da marina. O americano conseguiu reaver a mochila (e o passaporte) e os argentinos passaram pela ponte que fica do lado da marina rebocados. O resto da novela ninguém sabe. Se alguém ficar sabendo de notícias de um barco americano, usando uma bandeira argentina, chamado Pasqualina, me avisem. Fico curioso para saber o que vai acontecer. E espero, sinceramente, que tudo termine bem.
No domingo voltei a trabalhar na parte elétrica do barco. Gastei horas procurando umas peças que eu mesmo tinha guardado. O problema foi que guardei tão bem que não me lembrava onde. Cansado de procurar comecei a refazer metalmente os passos e consegui lembrar onde estavam as peças.
Falando em reforma, durante o fim de semana troquei uns e-mails com o projetista do barco sobre a quilha. Luz verde para lixá-la. Ontem e hoje fiquei conversando com o estaleiro sobre como e quando fazer essa obra. No final decidi levar o barco para lá amanhã na hora do almoço e içá-lo cedo na quinta feira. Espero que dê para resolver isso de uma maneira simples.
Ah, ontem eu pratiquei malabarismo. Bem, explicando melhor: ontem novamente equilibrei a pesada corrente de ancora na mini-bike e fui lá para o correio. O cara do balcão reclamou do peso da caixa, mas eu não estava fazendo nada de errado, tem uma tarifa aqui que você paga pelo tamanho da caixa independente do peso. Para enviar corrente de âncora, chumbo e bigornas é o melhor custo benefício. Só espero que o cara da loja faça meu reembolso.
Hoje à tarde fui na West Marine comprar corrente (novamente). Bem mais cara que a outra, mas pelo menos o pedaço que testei da corrente deles funcionou. Ah, e como lá já sou cliente vip (e acho que os caras ficam com pena de mim) o gerente vai trazer a corrente na pick-up dele.
Eu sempre escuto umas brincadeiras sobre o tempo que estou aqui: a) que já dá para pedir cidadania, b) que já faço jus a um green card, c) que devia abrir mão da cidadania brasileira e por aí vai. Isso é uma prova de que já estou há tempo demais aqui.
Ontem tambem foi dia das conversas: falei com J e tive depois uma longa conversa com minha mãe. Tudo bem. E depois fiz uma coisa que nunca tinha feito: passei mais de 3 horas assistindo vídeos no youtube, todos sobre barcos fazendo travessias nessa região. Um dos que eu mais gostei foi de um casal de americanos dando meia volta ao mundo em um catamarã de 38', bem inspirador. Se quiserem dar uma olhada, o link é ESSE.
Por uma dessas coincidências do destino, um dos vídeos que encontrei foi do trimarã da amiga do Scott que ficou parado na frente do meu... Como coincidência pouca é bobagem, encontrei a dona hoje lá na West Marine!!!! Mundo pequeno esse.
Então como amanhã tenho que levar o barco para o estaleiro fiquei planejando as manobras, fui no mercado e lavei roupa. Amanhã é amarrar as coisas, encher o tanque de água, recolher a mangueira e a tomada e zarpar. Mandarei notícias.
O final da história fiquei sabendo pelo pessoal da marina. O americano conseguiu reaver a mochila (e o passaporte) e os argentinos passaram pela ponte que fica do lado da marina rebocados. O resto da novela ninguém sabe. Se alguém ficar sabendo de notícias de um barco americano, usando uma bandeira argentina, chamado Pasqualina, me avisem. Fico curioso para saber o que vai acontecer. E espero, sinceramente, que tudo termine bem.
No domingo voltei a trabalhar na parte elétrica do barco. Gastei horas procurando umas peças que eu mesmo tinha guardado. O problema foi que guardei tão bem que não me lembrava onde. Cansado de procurar comecei a refazer metalmente os passos e consegui lembrar onde estavam as peças.
Falando em reforma, durante o fim de semana troquei uns e-mails com o projetista do barco sobre a quilha. Luz verde para lixá-la. Ontem e hoje fiquei conversando com o estaleiro sobre como e quando fazer essa obra. No final decidi levar o barco para lá amanhã na hora do almoço e içá-lo cedo na quinta feira. Espero que dê para resolver isso de uma maneira simples.
Ah, ontem eu pratiquei malabarismo. Bem, explicando melhor: ontem novamente equilibrei a pesada corrente de ancora na mini-bike e fui lá para o correio. O cara do balcão reclamou do peso da caixa, mas eu não estava fazendo nada de errado, tem uma tarifa aqui que você paga pelo tamanho da caixa independente do peso. Para enviar corrente de âncora, chumbo e bigornas é o melhor custo benefício. Só espero que o cara da loja faça meu reembolso.
Hoje à tarde fui na West Marine comprar corrente (novamente). Bem mais cara que a outra, mas pelo menos o pedaço que testei da corrente deles funcionou. Ah, e como lá já sou cliente vip (e acho que os caras ficam com pena de mim) o gerente vai trazer a corrente na pick-up dele.
Eu sempre escuto umas brincadeiras sobre o tempo que estou aqui: a) que já dá para pedir cidadania, b) que já faço jus a um green card, c) que devia abrir mão da cidadania brasileira e por aí vai. Isso é uma prova de que já estou há tempo demais aqui.
Ontem tambem foi dia das conversas: falei com J e tive depois uma longa conversa com minha mãe. Tudo bem. E depois fiz uma coisa que nunca tinha feito: passei mais de 3 horas assistindo vídeos no youtube, todos sobre barcos fazendo travessias nessa região. Um dos que eu mais gostei foi de um casal de americanos dando meia volta ao mundo em um catamarã de 38', bem inspirador. Se quiserem dar uma olhada, o link é ESSE.
Por uma dessas coincidências do destino, um dos vídeos que encontrei foi do trimarã da amiga do Scott que ficou parado na frente do meu... Como coincidência pouca é bobagem, encontrei a dona hoje lá na West Marine!!!! Mundo pequeno esse.
Então como amanhã tenho que levar o barco para o estaleiro fiquei planejando as manobras, fui no mercado e lavei roupa. Amanhã é amarrar as coisas, encher o tanque de água, recolher a mangueira e a tomada e zarpar. Mandarei notícias.
sábado, 14 de abril de 2012
Los hermanos
Apesar de eu falar que os dias aqui seguem um roteiro (que eu mencionei no post sobre o dia da marmota) de vez em quando surgem umas surpresas.
Uma das surpresas dessa semana foi um ruído novo no barco. Como sempre acordei meio assustado. Era um barulho que não conhecia... ficava um período de silêncio e depois umas pancadas no casco. Apesar de ser o meio da madrugada fui lá para fora para ver o que estava acontecendo. Para minha surpresa era um peixe que tinha caído em um dos trampolins do barco e estava se debatendo. Acho que ele cansava e parava, mas daí a pouco voltava a se debater - sem sucesso.
Fiquei com pena do escamoso e quebrei o galho dele. Ajudei-o a voltar para a água. Rapidamente ele sumiu. Espero que ele não tenha ficado com nenhuma sequela. No dia seguinte deu para ver que ele deixou umas escamas para trás. Bem, mas vão se os anéis e ficam os dedos. Enquanto fui visitar J o imediato também encontrou um peixe em um dos trampolins. De noite geralmente dá para ouvir peixes pulando. Não sei se eles estão fugindo de alguma coisa, se estão caçando ou brincando. O ponto é que de vez em quando eles erram nos cálculos e morrem no seco.
Ontem eu joguei uma água no anjin, para tirar o sal que acumula no barco. Aqui tem pouco sal, mas ainda assim algumas partes ficam com uma camada de poeira que precisa ser removida de vez em quando. Por falar em remover, a água suja do rio deixou o costado do anjin bem manchado. Quando sair daqui vou tratar disso.
Outra coisa, chegou a corrente nova da âncora. Infelizmente não funcionou. Me venderam gato por lebre. Comparei com a amostra que tinha aqui, coloquei no guinho, medi e nada. Liguei para reclamar falando que achava que eles tinham enviado a corrente errada. O gerente falou que era aquela corrente mesmo. Aí eu comentei que tinha uma amostra aqui do tipo da corrente e a que chegou não era igual. Então ele falou que a corrente desse tipo que ele tinha era essa, mas se eu não estivesse satisfeito podia devolver. Coloquei quilos de corrente em cima da bike e fui até o correio. De novo esqueci que a agência daqui fecha as 1600. Então tive que voltar (com a corrente) para o barco. E vou ter que repetir todo o processo na segunda e esperar que me reembolsem.
Ontem eu vi o primeiro casal de love bugs... sinal definitivo que já faz quase um ano que cheguei :(
A maior surpresa, contudo, aconteceu hoje: um dos caras da marina apareceu aqui no barco pedindo ajuda. Queria que eu traduzisse algo. Perguntei para quem e ele respondeu que para uns argentinos. Achei estranho e perguntei, no telefone? Ele prontamente respondeu, não chegaram agora em um barco de 28' sem motor.
Então conheci o hermano... aparentemente uma história meio parecida com a minha: achou um barco com um preço irrecusável aqui nos EUA e resolveu comprá-lo. Ele também contratou alguém para consertar o barco e resolver as coisas para ele enquanto ele estava na Argentina. Mas quando ele chegou aqui os serviços não tinham sido feitos na íntegra (acho que isso é mania do povo daqui). Então ele fez uns improvisos e partiu.
Senti um misto de pena, reprovação e admiração. Pena porque os caras (o pai, a filha, um amigo e um americano que se voluntariou para participar da viagem para aprender a velejar) estão sem grana. Reprovação porque achei temerário fazer o que ele está fazendo: não pesquisou as coisas direito, o barco está com o motor desmontando, velas erradas, sistema elétrico precário, sem rádio, e isso foi só o que descobri após uma conversa rápida. E admiração porque o cara arregaçou as mangas e partiu na cara e na coragem. E ele quer chegar até o Brasil. Disse que vai chegar em Angra em 4 meses. Desejei sorte para ele e ele não gostou, me olhou com uma cara feia.
Fiquei pensando, enquanto trabalhava na parte elétrica do anjin, no eterno dilema: fazer as coisas rápido ou devagar? O ideal é fazer rápido e direito ao contrario de devagar e direito, porque rápido e errado é suicídio. O equilíbrio se encontra em algum lugar aí no meio. E aparentemente nem eu nem o argentino conseguimos encontrá-lo. Mas o que importa é estar confiante. Ele já esta confiante e partiu. Eu falto pouco para sentir que está tudo pronto para partir, mas isso é assunto para outro post!
Uma das surpresas dessa semana foi um ruído novo no barco. Como sempre acordei meio assustado. Era um barulho que não conhecia... ficava um período de silêncio e depois umas pancadas no casco. Apesar de ser o meio da madrugada fui lá para fora para ver o que estava acontecendo. Para minha surpresa era um peixe que tinha caído em um dos trampolins do barco e estava se debatendo. Acho que ele cansava e parava, mas daí a pouco voltava a se debater - sem sucesso.
Fiquei com pena do escamoso e quebrei o galho dele. Ajudei-o a voltar para a água. Rapidamente ele sumiu. Espero que ele não tenha ficado com nenhuma sequela. No dia seguinte deu para ver que ele deixou umas escamas para trás. Bem, mas vão se os anéis e ficam os dedos. Enquanto fui visitar J o imediato também encontrou um peixe em um dos trampolins. De noite geralmente dá para ouvir peixes pulando. Não sei se eles estão fugindo de alguma coisa, se estão caçando ou brincando. O ponto é que de vez em quando eles erram nos cálculos e morrem no seco.
Ontem eu joguei uma água no anjin, para tirar o sal que acumula no barco. Aqui tem pouco sal, mas ainda assim algumas partes ficam com uma camada de poeira que precisa ser removida de vez em quando. Por falar em remover, a água suja do rio deixou o costado do anjin bem manchado. Quando sair daqui vou tratar disso.
Outra coisa, chegou a corrente nova da âncora. Infelizmente não funcionou. Me venderam gato por lebre. Comparei com a amostra que tinha aqui, coloquei no guinho, medi e nada. Liguei para reclamar falando que achava que eles tinham enviado a corrente errada. O gerente falou que era aquela corrente mesmo. Aí eu comentei que tinha uma amostra aqui do tipo da corrente e a que chegou não era igual. Então ele falou que a corrente desse tipo que ele tinha era essa, mas se eu não estivesse satisfeito podia devolver. Coloquei quilos de corrente em cima da bike e fui até o correio. De novo esqueci que a agência daqui fecha as 1600. Então tive que voltar (com a corrente) para o barco. E vou ter que repetir todo o processo na segunda e esperar que me reembolsem.
Ontem eu vi o primeiro casal de love bugs... sinal definitivo que já faz quase um ano que cheguei :(
A maior surpresa, contudo, aconteceu hoje: um dos caras da marina apareceu aqui no barco pedindo ajuda. Queria que eu traduzisse algo. Perguntei para quem e ele respondeu que para uns argentinos. Achei estranho e perguntei, no telefone? Ele prontamente respondeu, não chegaram agora em um barco de 28' sem motor.
Então conheci o hermano... aparentemente uma história meio parecida com a minha: achou um barco com um preço irrecusável aqui nos EUA e resolveu comprá-lo. Ele também contratou alguém para consertar o barco e resolver as coisas para ele enquanto ele estava na Argentina. Mas quando ele chegou aqui os serviços não tinham sido feitos na íntegra (acho que isso é mania do povo daqui). Então ele fez uns improvisos e partiu.
Senti um misto de pena, reprovação e admiração. Pena porque os caras (o pai, a filha, um amigo e um americano que se voluntariou para participar da viagem para aprender a velejar) estão sem grana. Reprovação porque achei temerário fazer o que ele está fazendo: não pesquisou as coisas direito, o barco está com o motor desmontando, velas erradas, sistema elétrico precário, sem rádio, e isso foi só o que descobri após uma conversa rápida. E admiração porque o cara arregaçou as mangas e partiu na cara e na coragem. E ele quer chegar até o Brasil. Disse que vai chegar em Angra em 4 meses. Desejei sorte para ele e ele não gostou, me olhou com uma cara feia.
Fiquei pensando, enquanto trabalhava na parte elétrica do anjin, no eterno dilema: fazer as coisas rápido ou devagar? O ideal é fazer rápido e direito ao contrario de devagar e direito, porque rápido e errado é suicídio. O equilíbrio se encontra em algum lugar aí no meio. E aparentemente nem eu nem o argentino conseguimos encontrá-lo. Mas o que importa é estar confiante. Ele já esta confiante e partiu. Eu falto pouco para sentir que está tudo pronto para partir, mas isso é assunto para outro post!
quinta-feira, 12 de abril de 2012
Ausências
Fiquei bastante ocupado nesses últimos dias. E nem foi com coisas do barco, mas preenchendo minha declaração do IR. Ah, e claro que na declaração eu terei que apresentar os gastos no barco. Isso me forçou a classificar um monte de notas e recibos que eu tenho espalhado por aqui. Até setembro eu vinha fazendo o processo detalhadamente, mas com as viagens de outubro e com a chegada no imediato as coisas tomaram um passo mais rápido e não daria para tirar dias para colocar as coisas em ordem. Agora eu não tive alternativa.
Claro que os números assustam. Já comentei que o projeto saiu mais caro do que o imaginado por conta das surpresas. Teixasboy me disse em uma conversa lá em São Paulo, pouco antes da minha partida, para eu dobrar o orçamento. Sábias palavras. Entretanto, o interessante foi visualizar em que foi destinado o dinheiro. Depois da compra do barco (casco), a parte elétrica/eletrônica foi a mais cara, principalmente porque se trata de um barco para navegação oceânica seguido depois pela parte de velas e ferragens. Mais para frente apresentarei umas análises de gastos por grupos.
No domingo chegou um outro trimarã na marina. Novamente eramos três tris aqui. As pessoas estavam até fazendo brincadeira dizendo que estava ocorrendo uma invasão de trimarãs. O nome do barco é Mandolin e era conduzido por um navegador solitário. Fiquei olhando eles (o navegador e seu barco) partirem hoje de manhã. Na verdade foi meio estranho ter um barco tão perto do meu. Os outros barco quando param em minha frente ficam mais para o lado, mas por ser um trimarã o casco central dele ficava no alinhamento do meu, assim cada peça que ele mexia ou trabalhava no barco dele eu escutava no meu e achava que tinha alguém mexendo no meu barco. Isso até me traiu, pois um cara apareceu aqui no barco para trazer uma peça e eu nem me mexi porque eu achei, mais uma vez, que era no barco vizinho.
Por falar em barco vizinho, o casal do Janus, um veleiro de 42' daqui da marina me chamou para visitar o barco deles. A conversa toda começou por causa do meu problema com o guincho da âncora. Como eles tem um guinho igual, o marido me chamou para ver a corrente que eles estavam usando. Daí para uma tour no barco foi um pulo. A mulher dele não gostou muito de ser pega de surpresa mas foi uma boa anfitriã. Eles já possuem o barco há 26 anos e nesse ano se mudaram para bordo. Foi bom conversar e olhar o barco deles, que por sinal está muito bem conservado. Nunca vi uma sala de máquinas tão limpa e clara. Parecia oficina de carro de marca japonesa. Além de ter tido vários insights por lá ainda ganhei umas cartas naúticas velhas e conversamos sobre a rota que estava pensando em fazer.
O maior aprendizado da visita só ficou claro depois, após conversar com J. A lição é que na vida nós podemos ter ideias de rota, mas no final das contas temos que nos adaptar ao que aparecer no caminho. Eu tenho uma ideia do que gostaria de fazer nessa viagem, mas vão ser os ventos, os tempos e humores que vão definir o curso final.
E por falar em curso e vida, uma das surpresas que tive nesse retorno de viagem foi a decisão do Imediato em deixar a tripulação. Ele decidiu fazer "um ajuste de rota" para buscar caminhos que lhe deem mais satisfação. Ele esperava partir no final do ano passado e já estamos em abril e o barco ainda não saiu, isso gera uma frustração e gastos. E ele falou uma coisa que eu já vivi: ele falou que quer descobrir o chamado dele. Respeito isso e falei para ele seguir sem preocupação. Essa era uma aventura que eu iria fazer sozinho, mas o tempo que o imediato passou por aqui já mudou isso. Essa já é uma viagem em que eu tive companhia(s). Tive com quem contar histórias, rir, discutir, traçar planos de viagem. Apesar de alguns trancos, acho que foi um período de aprendizados para ambos. Veremos o que acontecerá mais adiante. O Imediato pode ter partido, mas cada vez que alguém abrir uma torneira, andar pelas redes estará desfrutando do suor e da dedicação dele no tempo em que passou por aqui.
O Imediato ajudou a moldar o anjin e, porque não, a mim também. Por tudo isso, termino esse post com sinceros agradecimentos, em meu nome e do anjin.
Bons ventos, Imediato. Que a estrela polar, o cruzeiro do sul e as constelações que você conhece tão bem guiem sem caminho até o seu chamado. Sucesso!
Comandante & anjin
Claro que os números assustam. Já comentei que o projeto saiu mais caro do que o imaginado por conta das surpresas. Teixasboy me disse em uma conversa lá em São Paulo, pouco antes da minha partida, para eu dobrar o orçamento. Sábias palavras. Entretanto, o interessante foi visualizar em que foi destinado o dinheiro. Depois da compra do barco (casco), a parte elétrica/eletrônica foi a mais cara, principalmente porque se trata de um barco para navegação oceânica seguido depois pela parte de velas e ferragens. Mais para frente apresentarei umas análises de gastos por grupos.
No domingo chegou um outro trimarã na marina. Novamente eramos três tris aqui. As pessoas estavam até fazendo brincadeira dizendo que estava ocorrendo uma invasão de trimarãs. O nome do barco é Mandolin e era conduzido por um navegador solitário. Fiquei olhando eles (o navegador e seu barco) partirem hoje de manhã. Na verdade foi meio estranho ter um barco tão perto do meu. Os outros barco quando param em minha frente ficam mais para o lado, mas por ser um trimarã o casco central dele ficava no alinhamento do meu, assim cada peça que ele mexia ou trabalhava no barco dele eu escutava no meu e achava que tinha alguém mexendo no meu barco. Isso até me traiu, pois um cara apareceu aqui no barco para trazer uma peça e eu nem me mexi porque eu achei, mais uma vez, que era no barco vizinho.
Por falar em barco vizinho, o casal do Janus, um veleiro de 42' daqui da marina me chamou para visitar o barco deles. A conversa toda começou por causa do meu problema com o guincho da âncora. Como eles tem um guinho igual, o marido me chamou para ver a corrente que eles estavam usando. Daí para uma tour no barco foi um pulo. A mulher dele não gostou muito de ser pega de surpresa mas foi uma boa anfitriã. Eles já possuem o barco há 26 anos e nesse ano se mudaram para bordo. Foi bom conversar e olhar o barco deles, que por sinal está muito bem conservado. Nunca vi uma sala de máquinas tão limpa e clara. Parecia oficina de carro de marca japonesa. Além de ter tido vários insights por lá ainda ganhei umas cartas naúticas velhas e conversamos sobre a rota que estava pensando em fazer.
O maior aprendizado da visita só ficou claro depois, após conversar com J. A lição é que na vida nós podemos ter ideias de rota, mas no final das contas temos que nos adaptar ao que aparecer no caminho. Eu tenho uma ideia do que gostaria de fazer nessa viagem, mas vão ser os ventos, os tempos e humores que vão definir o curso final.
E por falar em curso e vida, uma das surpresas que tive nesse retorno de viagem foi a decisão do Imediato em deixar a tripulação. Ele decidiu fazer "um ajuste de rota" para buscar caminhos que lhe deem mais satisfação. Ele esperava partir no final do ano passado e já estamos em abril e o barco ainda não saiu, isso gera uma frustração e gastos. E ele falou uma coisa que eu já vivi: ele falou que quer descobrir o chamado dele. Respeito isso e falei para ele seguir sem preocupação. Essa era uma aventura que eu iria fazer sozinho, mas o tempo que o imediato passou por aqui já mudou isso. Essa já é uma viagem em que eu tive companhia(s). Tive com quem contar histórias, rir, discutir, traçar planos de viagem. Apesar de alguns trancos, acho que foi um período de aprendizados para ambos. Veremos o que acontecerá mais adiante. O Imediato pode ter partido, mas cada vez que alguém abrir uma torneira, andar pelas redes estará desfrutando do suor e da dedicação dele no tempo em que passou por aqui.
O Imediato ajudou a moldar o anjin e, porque não, a mim também. Por tudo isso, termino esse post com sinceros agradecimentos, em meu nome e do anjin.
Bons ventos, Imediato. Que a estrela polar, o cruzeiro do sul e as constelações que você conhece tão bem guiem sem caminho até o seu chamado. Sucesso!
Comandante & anjin
sábado, 7 de abril de 2012
video imediatico
Videozinho filmado e editado pelo imediato sobre o processo de testes do sistema hidráulico do anjin. Como dá para perceber, foi uma série de tentativas e erros.
O video não está aparecendo corretamente, por isso segue AQUI o link para ele no youtube
O video não está aparecendo corretamente, por isso segue AQUI o link para ele no youtube
sexta-feira, 6 de abril de 2012
De volta
Para a felicidade geral da nação anjin, estou de volta. Passei duas semanas fora, recarregando as baterias e acalmando o coração para começar a reta final. E os trabalhos já estão no pipeline.
Voltei na quarta de noite, na quinta de manhã já estava visitando os prestadores de serviço para tentar resolver as pendencias.
A primeira parada foi na West Marine, onde comprei dois pedaços de corrente para fazer o teste sobre qual corrente devo usar no guincho. Infelizmente vou ter que trocar a corrente e refazer umas coisas no sistema de ancoragem, mas paciência, esse é um capítulo muito importante. Depois fui no porto resolver umas coisas.
Conversei com o Cérebro que disse não ter conseguido atualizar o software do piloto automático. O aparelho veio com a versão 1.2 instalada e a versão atual é a 3.03. A Raymarine reconheceu que a versão instalada gera conflitos entre os aparelhos. O problema é como atualizar, uma vez que o procedimento padrão não está dando certo. Eu não quero pagar (mais) essa conta para resolver um problema do sistema. Por isso já fui conversar com a Westmarine sobre o uso da minha garantia estendida nessse caso. A dificuldade é que com o feriado de Páscoa está difícil encontrar alguém para resolver isso.
Conversei com o cara da fibra sobre algumas pendências. Resolvi tentar resolver o problema da quilha de não baixar facilmente de uma vez por todas. Vou levantar o barco (mais uma vez) e lixar os dois lados da quilha, dessa forma vai ter mais espaço para ela descer e vai ficar mais fácil remover as cracas e detritos que por acaso se alojem por lá. Depois fui no estaleiro tentar agendar uma data.
Por fim peguei o Epirb de volta, já destravado para o registro no Panamá.
Depois fui fazer compras para aproveitar que estava com o carro alugado. Ao fazer compras no mercado eu fico meio confuso. Não sei se nos EUA as comidas possuem formúlas mais bizarras que no Brasil ou se em nosso país existe menos transparência e não sabemos exatamente o que estamos comendo. Sucos que não tem suco, carnes com restos processados, e por aí vai. Aparentemente, por aqui, um monte de coisa nos mercados é animal, vegetal e mineral ao mesmo tempo!!!
Ontem á noite após encher os tanques de água houve um vazamento a bordo. Acordei com um barulho estranho, era uma das bombas de porão funcionando. Ao levantar o piso tinha água... tive que fazer o célebre teste do dedo e provar se a água era doce ou salgada... é relativamente comum tanques vazarem. Se a pessoa não provar nunca vai saber se a água é doce ou salgada e vai ser difícil achar uma solução. Descobri que era o filtro da bomba de pressurização que estava vazando. Então fechei os registros dos tanques, desliguei a bomba de porão e fui dormir mais tranquilo. Hoje removi o filtro de vez. Ele vem apresentando problemas desde que comprei. Como já existe um filtro na entrada de água do barco, diminui a necessidade desse segundo filtro.
Depois lavei os pisos do barco para tentar remover a sujeira acumulada. Melhorou, mas ele ainda está longe do "branco que sua família merece"... usei água sanitária. Vou ver se tenho outro produto por aqui ou vou diliuir menos da próxima vez. E vou arranjar uma luva melhor porque minha mão ficou toda irritada depois dessa faxina com agua sanitária grau industrial... ela chega a ser espessa de tão forte.
Durante minhas "ferias" fui em um simulador da Volvo Ocean Race. Bem impressionante, apesar de durar menos de cinco minutos. Mas o que fiquei pensando é que no futuro talvez tenha que enfrentar aquela pauleira ao vivo. Acho que a solução para isso é, como dizem os britânicos, keep calm and carry on.
Voltei na quarta de noite, na quinta de manhã já estava visitando os prestadores de serviço para tentar resolver as pendencias.
A primeira parada foi na West Marine, onde comprei dois pedaços de corrente para fazer o teste sobre qual corrente devo usar no guincho. Infelizmente vou ter que trocar a corrente e refazer umas coisas no sistema de ancoragem, mas paciência, esse é um capítulo muito importante. Depois fui no porto resolver umas coisas.
Conversei com o Cérebro que disse não ter conseguido atualizar o software do piloto automático. O aparelho veio com a versão 1.2 instalada e a versão atual é a 3.03. A Raymarine reconheceu que a versão instalada gera conflitos entre os aparelhos. O problema é como atualizar, uma vez que o procedimento padrão não está dando certo. Eu não quero pagar (mais) essa conta para resolver um problema do sistema. Por isso já fui conversar com a Westmarine sobre o uso da minha garantia estendida nessse caso. A dificuldade é que com o feriado de Páscoa está difícil encontrar alguém para resolver isso.
Conversei com o cara da fibra sobre algumas pendências. Resolvi tentar resolver o problema da quilha de não baixar facilmente de uma vez por todas. Vou levantar o barco (mais uma vez) e lixar os dois lados da quilha, dessa forma vai ter mais espaço para ela descer e vai ficar mais fácil remover as cracas e detritos que por acaso se alojem por lá. Depois fui no estaleiro tentar agendar uma data.
Por fim peguei o Epirb de volta, já destravado para o registro no Panamá.
Depois fui fazer compras para aproveitar que estava com o carro alugado. Ao fazer compras no mercado eu fico meio confuso. Não sei se nos EUA as comidas possuem formúlas mais bizarras que no Brasil ou se em nosso país existe menos transparência e não sabemos exatamente o que estamos comendo. Sucos que não tem suco, carnes com restos processados, e por aí vai. Aparentemente, por aqui, um monte de coisa nos mercados é animal, vegetal e mineral ao mesmo tempo!!!
Ontem á noite após encher os tanques de água houve um vazamento a bordo. Acordei com um barulho estranho, era uma das bombas de porão funcionando. Ao levantar o piso tinha água... tive que fazer o célebre teste do dedo e provar se a água era doce ou salgada... é relativamente comum tanques vazarem. Se a pessoa não provar nunca vai saber se a água é doce ou salgada e vai ser difícil achar uma solução. Descobri que era o filtro da bomba de pressurização que estava vazando. Então fechei os registros dos tanques, desliguei a bomba de porão e fui dormir mais tranquilo. Hoje removi o filtro de vez. Ele vem apresentando problemas desde que comprei. Como já existe um filtro na entrada de água do barco, diminui a necessidade desse segundo filtro.
Depois lavei os pisos do barco para tentar remover a sujeira acumulada. Melhorou, mas ele ainda está longe do "branco que sua família merece"... usei água sanitária. Vou ver se tenho outro produto por aqui ou vou diliuir menos da próxima vez. E vou arranjar uma luva melhor porque minha mão ficou toda irritada depois dessa faxina com agua sanitária grau industrial... ela chega a ser espessa de tão forte.
Durante minhas "ferias" fui em um simulador da Volvo Ocean Race. Bem impressionante, apesar de durar menos de cinco minutos. Mas o que fiquei pensando é que no futuro talvez tenha que enfrentar aquela pauleira ao vivo. Acho que a solução para isso é, como dizem os britânicos, keep calm and carry on.
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