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quinta-feira, 12 de abril de 2012

Ausências

Fiquei bastante ocupado nesses últimos dias. E nem foi com coisas do barco, mas preenchendo minha declaração do IR. Ah, e claro que na declaração eu terei que apresentar os gastos no barco. Isso me forçou a classificar um monte de notas e recibos que eu tenho espalhado por aqui. Até setembro eu vinha fazendo o processo detalhadamente, mas com as viagens de outubro e com a chegada no imediato as coisas tomaram um  passo mais rápido e não daria para tirar dias para colocar as coisas em ordem. Agora eu não tive alternativa.

Claro que os números assustam. Já comentei que o projeto saiu mais caro do que o imaginado por conta das surpresas. Teixasboy me disse em uma conversa lá em São Paulo, pouco antes da minha partida, para eu dobrar o orçamento. Sábias palavras. Entretanto, o interessante foi visualizar em que foi destinado o dinheiro. Depois da compra do barco (casco),  a parte elétrica/eletrônica foi a mais cara, principalmente porque se trata de um barco para navegação oceânica seguido depois pela parte de velas e ferragens. Mais para frente apresentarei umas análises de gastos por grupos.

No domingo chegou um outro trimarã na marina. Novamente eramos três tris aqui. As pessoas estavam até fazendo brincadeira dizendo que estava ocorrendo uma invasão de trimarãs. O nome do barco é Mandolin e era conduzido por um navegador solitário. Fiquei olhando eles (o navegador e seu barco) partirem hoje de manhã. Na verdade foi meio estranho ter um barco tão perto do meu. Os outros barco quando param em minha frente ficam mais para o lado, mas por ser um trimarã o casco central dele ficava no alinhamento do meu, assim cada peça que ele mexia ou trabalhava no barco dele eu escutava no meu e achava que tinha alguém mexendo no meu barco. Isso até me traiu, pois  um cara apareceu aqui no barco para trazer uma peça e eu nem me mexi porque eu achei, mais uma vez, que era no barco vizinho.

Por falar em barco vizinho, o casal do Janus, um veleiro de 42' daqui da marina me chamou para visitar o barco deles. A conversa toda começou por causa do meu problema com o guincho da âncora. Como eles tem um guinho igual, o marido me chamou para ver a corrente que eles estavam usando. Daí para uma tour no barco foi  um pulo. A mulher dele não gostou muito de ser pega de surpresa mas foi uma boa anfitriã. Eles já possuem o barco há 26 anos e nesse ano se mudaram para bordo. Foi bom conversar e olhar o barco deles, que por sinal está muito bem conservado. Nunca vi uma sala de máquinas tão limpa e clara. Parecia oficina de carro de marca japonesa. Além de ter tido vários insights por lá ainda ganhei umas cartas naúticas velhas e conversamos sobre a rota que estava pensando em fazer.

O maior aprendizado da visita só ficou claro depois, após conversar com J. A lição é que na vida nós podemos ter ideias de rota, mas no final das contas temos que nos adaptar ao que aparecer no caminho. Eu tenho uma ideia do que gostaria de fazer nessa viagem, mas vão ser os ventos, os tempos e humores que vão definir o curso final.

E por falar em curso e vida, uma das surpresas que tive nesse retorno de viagem foi a decisão do Imediato em deixar a tripulação. Ele decidiu fazer "um ajuste de rota" para buscar caminhos que lhe deem mais satisfação. Ele esperava partir no final do ano passado e já estamos em abril e o barco ainda não saiu, isso gera uma frustração e gastos. E ele falou uma coisa que eu já vivi: ele falou que quer descobrir o chamado dele. Respeito isso e falei para ele seguir sem preocupação. Essa era uma aventura que eu iria fazer sozinho, mas o tempo que o imediato passou por aqui já mudou isso. Essa já é uma viagem em que eu tive companhia(s). Tive com quem contar histórias, rir, discutir, traçar planos de viagem. Apesar de alguns trancos, acho que foi um período de aprendizados para ambos. Veremos o que acontecerá mais adiante. O Imediato pode ter partido, mas cada vez que alguém abrir uma torneira, andar pelas redes estará desfrutando do suor e da dedicação dele no tempo em que passou por aqui.

O Imediato ajudou a moldar o anjin e, porque não, a mim também. Por tudo isso, termino esse post com sinceros agradecimentos, em meu nome e do anjin.

Bons ventos, Imediato. Que a estrela polar, o cruzeiro do sul e as constelações que você conhece tão bem guiem sem caminho até o seu chamado. Sucesso!

Comandante & anjin

2 comentários:

  1. Valeu, meu caro!
    Foi mesmo um período de grande aprendizado e curtição também. As muitas risadas, vinhos, ver o Anjin ensaiando na waterway, além da solidariedade mútua em enfrentar os obstáculos que apareciam... tudo deu um tom especial. Me perguntaram se eu me arrependia de ter ficado no barco esses meses. Sinceramente, não! Tenho cada vez mais certeza que eu precisava desses 5 meses pra amadurecer minhas ideias, fosse com o barco em águas salgada ou doce. Contribuir pra essa criação, pra fazer o Anjin nascer, foi melhor que chegar num barco pronto e sair desembestado procurando fora o prazer que está dentro da gente.

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  2. Muita sorte e alegrias na jornada, Comandante. Seguimos em contato e nos ajudando um ao outro, da forma que der.
    Um forte abraço e bons ventos,
    Imediato.

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