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quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Iemanjá e do caos à lama

Caymmi já cantava que dia dois de fevereiro é dia de festa no mar e que ele queria ser o primeiro a saudar iemanjá. Quando acordei já tinha um monte de homenagens para ela na internet,  mas acho que fui o primeiro a saudá-la por essas bandas. Bem, pelo menos no barco eu fui o primeiro. Acertei o manto da imagem dela que tenho e agradeci. Tenho muito o que agradecer.

Lembrei que no ano passado fui lá na Igreja do Rio Vermelho levar flores para ela. Me equilibrei até a pedra mais para fora depositar minhas oferendas. Depois encontrei com Léo Hard e Edu... foi minha última festa em Salvador. Só não foi melhor porque tentaram me roubar na volta para casa. Mas não teve nenhum problema, só aquela tristeza da insegurança onde você mora.

Hoje no final do dia a tripulação do anjin foi prestar homenagens a rainha das águas. Depositamos as flores no rio salobro que desagua no mar... Como era fim de tarde, quando chegamos no local escolhido já era noite. Por isso foi possível ver as flores brancas como pontos mais escuros no reflexo prateado da lua nas águas do Indian River. Que em breve nós também possamos seguir o reflexo da lua nas águas.

Apesar de toda a felicidade e boas vibrações de Iemanjá, o dia 02/02 também é um dia que me faz pensar como a vida é efemera, que por isso devemos aproveitar sempre que podemos. Lembro disso porque nessa data é o aniversário de morte do Francisco França, mais conhecido como Chico Science.

Os sons que chegavam na velha Bahia provenientes de Recife no início da década de 1990 marcaram o final da minha adolescência. Chico Science com sua Nação Zumbi, Mundo Livre com Otto na percussão, Jorge Cabeleira acompanhado do Sheik Tosado tomando Querosene Jacaré animavam o toca fitas do meu carro. Assisti esses caras em shows praticamente intimistas no Pelourinho... Essa época foi importante porque era um contraponto tropical ao modelo grunge (que eu também gostei muito) - mas não dava para usar flanela em Salvador. Chico Science marcou: a presença de palco, as letras, os comentários. O primeiro show deles, em Salvador, na Concha Acústica , em meio a uma arquibancada semi vazia, foi memorável. Fui sem grandes expectativas porque queria assistir o Mundo Livre. Mas os passos dos homens caranguejo me impressionaram. Foi o melhor show que já fui. Quando escutei aqueles tambores acompanhados por uma guitarra percebi que eles fariam  história.

Depois disso, sempre que pude segui o Chico, não o Buarque, mas o Science. Em Brasília fui assisti-los duas vezes, pelo menos. Infelizmente houve  um acidente de transito, acompanhado por um cinto de segurança com defeito e recheado com nossos carros populares com equipamentos de segurança franciscanos. CDA escreveu que tinha uma pedra no caminho. No caso de Chico França tinha um poste.

Quando Chico Science morreu comecei a pensar se ia ficar sem heróis musicais... Kurt Cobain morreu em 1994, os Ramones acabaram em 1996, em 97 morre Chico Science. Me perguntei se era o armageddon chegando. Do caos à lama! Lembro bem que quando Chico Science morreu eu tinha acabado de voltar para Salvador... tinha ocorrido  uma greve e as aulas avançara até o final de janeiro. Eu não conseguia bem acreditar naquilo... o Chico, que iria se tornar o novo Chico da MPB, morrera.

Imagino que lá de cima o chico ciência deve presentear a rainha das águas com poesias. Ela merece. Neste ano completa 15 anos que ele se foi... que na valsa debutante no compasso do maracatu soem os tambores do mangue.

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