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sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Visitas

Hoje o dia foi dedicado a fazer visitas. Primeira vez que eu fiz isso desde que cheguei aqui. Fui ao estaleiro pegar meu correio e conversar com o pessoal. Fui com a bicicleta de ônibus. A bicicleta, apesar da roda de 20 polegadas, encaixou bem no rack na frente do coletivo. Não tinha certeza se ia caber e já estava pronto a pedir para o motorista para levar a bike dentro do busu. Como sempre o ônibus demorou e o sol não ajudou. Mais espera na conexão, e as esperas na volta foram ainda pior. Eu não sabia exatamente onde era a parada no porto mais perto do estaleiro por isso desci do ônibus antes do necessário. Como estava com a bicicleta não foi tão mal (apesar do sol do meio dia). Inventei de passar na frente dos restaurantes... o cheiro de comida me deixou com uma fome enorme... e lembrei dos tacos de peixe deliciosos que um dos restaurantes serve. Várias lembranças vieram a mente: o almoço com o corretor quando comprei o barco, o almoço com J na frente do mar em junho.

Aproveitei que estava no estaleiro para visitar o casal de australianos, o Nick e a Lynn, na marina vizinha. Ela tinha saído para levar o Ipod deles para consertar. Então fiquei quase duas horas conversando sobre reformas com o Nick. Engraçado o fato dele falar de maneira bem onomatopéica, reproduzindo os ruídos das histórias que conta (isso é uma mania que meu irmão e eu temos, por isso achei engraçado... não lembro de muita gente que faz isso).  E o australiano também gostava de imitar sotaques, mas para mim todas as imitações dele paraciam com árabe ou russo falando inglês, mas valeu pela tentativa. Acabamos conversando pouco sobre as dicas para a viagem, mas ele disse que prefere fazer isso quando a mulher dele estiver por lá porque ela tem as fotos e lembra melhor os nomes das marinas e clubes. Mas foi muito interessante escutar as histórias dele sobre as focas fedorentas das Ilhas Galápagos.

Os que criticam a reforma do anjin deveriam estar lá hoje para escutar os relatos dele. Eles compraram o Beneteau 47 cujo dono, sueco, desapareceu entre as Bahamas e a Flórida. Esse barco passou meses ao lado do anjin. A seguradora consertou parte das coisas e a família sueca vendeu o barco para esse casal. Ele me contou que o barco apesar de ter só sete anos já afundou, já bateu e já encalhou. Olhando de fora não se percebe. Nick conseguiu localizar um dos donos anteriores que explicou a história do barco. O australiano comentou que ainda encontram lama e areia em diversos compartimentos do barco  (apesar do dono que ele localizou ter vivido no barco por um ano e meio). Depois o sueco comprou o barco e se escafedeu. O barco apareceu nas costas da Florida com velas rasgadas, uma corda enrolada na hélice, sem bote, sem eletronicos e saqueado. Nick comentou que vai precisar trocar parte da fiação porque ela está estragada pelo tempo que o barco passou naufragado. Mas nas duas vezes as seguradoras trocaram muitas coisas, que pesou favoravelmente para eles comprarem o barco. De qualquer maneira a reforma deles está indo muito mais rápida que a minha. O fato desse ser o quarto barco dele ajuda. E o mais importante é que eles são dois para trabalhar. Enquanto um está acertando coisas no barco o outro está comprando coisas ou providenciando outros detalhes, assim a reforma vai mais rápido. Na hora da despeda Nick ficou curioso com a bike e pediu para dar uma volta. Disse que aprovou a bicicleta, principalmente o preço.

Depois eu passei na loja do "Cérebro". Para minha supresa "Pinky" estava lá. Reapareceu após 2 meses de ausência (ele sumiu no dia que eu fui para a Colombia... faz temo). O Cérebro não me deu nenhuma dica boa para a reforma dessa vez. Falou que eu tinha feito o mais trabalhoso (identificar os fios) e que a partir de agora ele podia trabalhar mais rápido. Disse que deve aparecer aqui na próxima terça. Vamos ver.

Por falar em aparecer, o cara do plástico veio aqui hoje de manhã para tomar umas medidas para  uns suportes no mastro para colocar os stoppers (acho que isso não tem no dicionário: stoppers são travas que deixam os cabos (cordas) deslocarem em apenas un sentido - você caça (puxa) e o cabo não volta). Depois conversamos sobre uma tampa para o suporte da roda de leme. Desnecessário dizer que ele me deu um cano na semana passada. Essas peças já deviam estar prontas nessa altura.

Fiquei sabendo que Joe da fibra veio no meu barco ontem. E hoje quando voltei do porto tinha um cartão do cara da capota na entrada do barco. Eu não entendo porque essas pessoas não ligam. Tudo bem que eu não ia conseguir voltar em tempo, mas eles não sabiam disso. Além do mais, eles podiam avisar que estavam lá e perguntar o que eu precisava. Nenhum deles precisava entrar no barco.

Ontem eu peguei a estada na bike e fui devolver o alternador emprestado e pegar o meu consertado. Achei interessante o fato da viagem ter sido muito mais rápida dessa vez que na semana passada. O fato do sol estar mais fraco e ter sido pela manhã deve ter contribuído. Outro ponto foi que dessa vez não emendei indo até o mercado. Uma vez de volta ao barco acabei nã instalando o alternador porque resolvi aplicar anti-ferrugem no lugar onde ele estava localizado. Depois vou passar uma demão de tinta e recolocar o bruto. Quando terminar isso eu chamo o mecânico para ele ligar as conexões e programar o regulador. Assim tudo deve funcionar e o capítulo motor fica encerrado (espero).

Aproveitei ontem que estava trabalhando no calabouço e botei o motor para funcionar por alguns minutos. Como li que deixar o motor diesel funcionando na marcha lenta é ruim, deixei engrenado para colocar carga no motor, que é o melhor para um máquinas diesel. O motor pegou de primeira - felizmente.

Com isso fico por aqui. Adiante me aguarda um fim de semana de instalação de alternador, mudança das defensas do barco e colocação de rebites no mastro e na gaiuta.

Hasta la vista,

Homenagem

Breu postou esse comentário no site essa semana. Fiquei muito feliz pela demonstração de amizade e pelo (bom) uso do vocabulário naútico e dos dicionários que passei. Merece destaque, por isso coloco aqui, com um post independente e não um comentário.


Amuras a Boreste
Cuidado com os brandais
Reforça a cruzeta
Aguenta um pouco mais

Cambando ou dando um jaibe
Não deixa panejar
Capricha na retranca
Talvez melhor rizar

Muita palavra nova
É Valuma, Garlindéu
E tentando entender
Abro os braços olho pro céu

No dia que eu sacar
Tudo que se está falando
Já compro logo um barco
E saio navegando

Estou aqui torcendo
Pro amigo ganhar mar
Viver não é preciso
O bom é navegar! 


By Breu 2011

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Tradução

Infelizmente ainda não tenho uma tecla SAP no site.

Então, atendendo a pedidos dos dois maiores contribuintes do blog, seguem dois links com conteúdo para ajudar a entender os termos técnicos que eu escrevo.

Esse foi o mais completo que encontrei.
Dicionário de termos naúticos, por Abinael Morais Leal

Esse daqui é um glossário mais simplificado, com termos mais correntes:
Glossário Naútico da Eboat.

Bons ventos!

Mais uma semana

Essa semana passou muito rápido. O ano já está acabando, impressionante. Daqui a pouco é o último trimestre e ainda não comecei a viagem, frustrante. Por causa disso, hoje foi um dia de trabalho intensivo no anjin.

Na segunda feira fiquei contente com meus assentos cortados. O marcineiro levou o tampo da mesa para a oficina para colocar o acabamento. Hoje a mulher dos colchões veio aqui. Trouxe meu toldo e a capa das gaiutas. Obs - alguns leitores tem reclamado da dificuldade em entender termos naúticos que eu já expliquei anteriormente. Vou colocar em um post a parte eses links de dicionários para facilitar a vida de vocês, um dicionário naútico e um glossário. Voltando ao que estava falando, ela, a capoteira, tirou a medida do espaço disponível e levou os assentos para fazer as almofadas. Deve entregar no começo da semana que vem. O carpinteiro também falou que deve montar os armários e o resto da mesa e assentos na semana que vem. Progressos.

O cara das redes não falou mais nada desde segunda, apesar de eu estar quase fechando com ele. O prazo de confecção das redes é de duas semanas.

Eu resolvi remover o suporte do leme de vento da popa do barco. Descobri que ele estava instalado em cima do lugar onde deve ser instalado o leme de fortuna (emergência). Além disso, por estar localizado no meio da popa ele estava dificultando a instalação dos cabos do guarda-mancebo (agora vocês tem dicionário, não preciso mais ficar explicando esses termos). O ponto positivo era que ele funcionava como um bom apoio para escalar o espelho de popa. com o suporte fora vou dar uma limpada, examinar as peças e ver o que precisa ser reparado.

A luta ontem (e hoje) foi com os rebites da gaiúta de proa. Eu a coloquei provisoriamente para poder viajar para a Colômbia. Ela tranca, mas não bascula. Então ontem desmontei os suportes para poder ter espaço para colocar as dobradiças e rebitá-las no lugar. Infelizmente descobri, na metade da segunda dobradiça (são três), que os rebites eram muito compridos. Então tive que dar um jeito de remover os rebites já colocados - com uma serra e uma furadeira! Precisei continuar o processo hoje porque ontem não deu tempo.

Onte fiz um modelo de papelão do tanque de água, para ver se caberia no lugar que eu planejava. Fiquei feliz de ter feito o teste pois o tanque que eu planejava comprar não caberia. Acho que vou comprar tanques flexíveis mesmo. Aproveitei que tinha levantado o piso da área da mesa para instalar mais um suporte, assim o piso fica firme, sem risco de ceder ao alguém pisar.

Uma boa notícia é que consegui coloacar o gerador para funcionar hoje. Não é tão barulhento, mas não dá para ficar na cabine de popa com ele funcionando (o gerador fica embaixo da cama). Talvez com a tampa no lugar e os colchões em cima reduza o ruído e a vibração para quem estiver lá, mas não acho muito provável.

Hoje tive que ir no correio. Existe muita especulação sobre o futuro dos correios aqui. Alega-se que por causa dos benefícios garantidos para os funcionários mais antigos e para os aposentados, o correio americano está quase quebrado. Eles querem cancelar a entrega de correspondência aos sábados, diminuir a frota de entrega e fechar muitas agências. A daqui de Cocoa está fechando uma hora mais cedo o atendimento ao público para reduzir despesas. Vou ter que voltar amanhã para postar.

E como sempre eu liguei para pessoas para saber o que está acontecendo e quando vão aparecer no barco para seguir com o trabalho... amanhã é uma das respostas favoritas.

Mas com ou sem ajuda deles amanhã tenho que fazer mais progressos. Vou pegar a bike e enfrentar o sol novamente para pegar o alternador consertado. Depois é colocar no lugar e chamar o técnico para lugar a fiação e fazer as regulagens. Soa fácil, mas com certeza vai tomar toda a manhã, se eu for rápido.

E fico por aqui, esperando que o dólar dê uma baixada porque tenho vários "fornecedores" para pagar...

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Montanha russa

Fim de semana foi cheio de altos e baixos - literalmente.

Aos poucos vou descobrindo um pouco sobre as particularidades locais. Constatei que nos fins de semana de sol anjin balança muito, as vezes insuportavelmente, pois tem muito trânsito de lanchas saindo para pescar que passam em alta velocidade no canal não muito longe daqui. O resultado é que as marolas atingem meu mundinho (aka anjin) duplamente: diretamente vinda dos  barcos e as que refletem no quebra mar onde estamos ancorados. Assim o fim de semana foi subindo e descendo, colidindo contra a parede. Tem horas que eu saio assustado para ver o que está acontecendo, se as defensas estão aguentando. Aparentemente eu já consegui um ajuste que permite resistir a maioria delas, mas tem horas que as marolas são tão grandes que as defensas vão parar em cima do convés. Felizmente o pilar é de madeira macia e não arranha tanto o barco. Mas é chato. E tenho que ficar de olho.

Na sexta eu consegui, enfim, içar a vela mestra. Acordei e não havia vento nenhum. Percebi que aquele era o momento que eu esperava há dias. Não tomei café nem nada e já fui içando a vela com medo de que o vento entrasse. A afobação foi tanta que nem peguei as luvas. Foi na mão e na manicaca (a alavanca que aciona os guinchos do barco - que são chamados de catracas). Resultado - consegui medir a altura da retranca. Notei que a vela é uns 30 centimetros menor do que a retranca... estranho, velas podem encolher com o tempo, dependendo do material, mas essa é de dacron, por isso não deiva encolher. O Scott acha que para conseguir um maior aluamento na vela eles podem ter decidido fazer isso, mas é estranho de qq forma. Bem, acho que nunca vou saber a resposta. Mas percebi que preciso trocar o cabo que iça a vela (adriça). Não só por uma medida de segurança, mas porque esse cabo tem uma alça muito grande que impede aplicar a tensão correta na vela. Ah, e eu também consegui tirar um bife do meu indicador. Era uma bolha, mas dobrando e carregando a vela acabei arrancando a pele da bolha. Resultado, o dedo ficou incomodando todo o fim de semana. Me lembrou das bolhas na mão na época do remo na Inlaterra, só que aquelas bolhas não eram em um lugar tão incomodo quanto no indicador.

Com o dedo fora de combate resolvi fazer uma atividade que não envolvesse produtos químicos nem fazer força. Fui mapear os fios do barco. Passei todo o fim de semana fazendo isso. Consegui mapear tudo (menos a área do motor, porque as conexões ali são independentes do painel. Fiquei feliz em saber que as tomadas do barco estão funcionando e eu não sabia. Tem umas coisas na fiação que terei que discutir com o Cérebro. E vou ter que passar mais uns fios pois existem demasiados fios para luminárias e ventiladores, mas faltam para coisas importantes como geladeira, luz de navegação, e bombas de porão.

Recebi uma ligação do mecânico na sexta de tarde informando que conseguiram  consertar o alternador. Mas com o dedo incomodando e o sol forte disse que só iria pegá-lo de volta nessa semana. Seria pouco confortável enfrentar a estrada e as manoplas duras da bike.

Na sexta um iate enorme parou na frente do anjin. Como a marina já estava fechada, os vizinhos vieram bater no barco pedindo para eu ir ajudar. Fiquei impressionado com a falta de educação do pessoal do barco que chegou. As pessoas que estavam lá não eram funcionários deles. E sexta foi uma noite que não conseguir dormir direito, estava com muita coisa na cabeça. Para piorar o pessoal do iate saiu antes das 0600 do sábado e me acordaram com a gritaria das manobras. Como continuava com a cabeça cheia não consegui dormir.

Um outro baixo desse fim de semana foram as saudades de J. Tivemos  uma conversa no sábado de tarde que foi importante. Preciso lembrar que é necessário paciência nesses processos a distância e que a questão da comunicação será mais dificil mais adiante. Mas eu fico ansioso, tenho que trabalhar isso. J terminou um capítulo da vida e começou outro nesse fim de semana. Ares novos. Boa sorte.

Domingo teve mais movimento de barcos que no sábado. E eu tive a infeliz idiea de começar a limpar os cascos laterais para tirar a sujeira do rio que se acumulou por lá. Como eu estava com o dedo direito machucado não deu para limpar muito bem e a posição é dificil, mais fácil fazer isso dentro da água com um bote ou nadando. Mas não quero nadar nessa água daqui. O resultado foi que fiquei encharcado de suor e com uma bolha no dedão da outra mão. Isso é que dar ter mão de moça.

Choveu a noite todos esses dias, por isso fiquei no barco assisitindo videos. Não vi nada recente, só filmes antigos que sempre quis assistir e nunca tive a oportunidade. Também andei assistindo episódios de "não conta lá em casa" no Youtube.

Hoje estou desde cedo com o carpinteiro no barco. Ele já cortou a mesa e os assentos!!! Ainda falta fazer os suportes,mas as peças básicas estão prontas. E ele agora está cortando a face externa dos armários.

Saí caçando outros fornecedores hoje: o cara da fibra não pode trabalhar enquanto estiver chovendo, pois as coisas precisam estar secas; o "cérebro" ficou meio surpreso que eu tenha conseguido terminar de traçar os fios e disse que vai examiar as fotos que ele tirou do painel hoje a tarde e me liga amnahã. O cara da capota falou que as dobradiças e conexões chegaram no fim da semana passada, mas os tubos de inox só devem chegar no final desta semana. E por fim estou em conversas avançadas com um fornecedor de redes. Esses são altos da viagem! E começar a aventura será um dos pontos altos.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Novo desafio

Agora estou envolvido em tentar domar a parte elétrica do barco.

O "Cérebro" veio aqui no barco ontem (nota, aparentemente o "Pinky" o abandonou - sumiu sem deixar recado). Ele veio, olhou, tirou fotos e deixou como dever de casa traçar todos os fios do barco pois não dá para seguir adiante sem saber o que é o quê. Para isso eu terei que estender um fiozionho da ponta do fio desconhecido até o painel elétrico e sair testando todas as combinações até descobrir exatamente onde o fio está conectado. Simples né?  O problema é que eu tenho 112 fios pendurados pela cabine principal do barco e vou ter que ver o que está conectado no que...

De tarde veio um mecânico olhar o porquê do alternador não estar funcionando... o veredito foi que havia um curto circuito no alternador. Eu tirei o alternador e as conexões em um pouco menos de uma hora, passando um calor piauiense no compartimento do motor (aka calabouço). Depois peguei a bike e fui até a oficina (uns 8 km daqui, imagino, embaixo do sol forte) com o alternador amarrado no bagageiro da magrela. O mecânico me ofereceu um outro alternador a base de troca e vai investigar o que aconteceu com aquele. Amarrei o bichinho na bike e voltei pedalando, ainda embaixo do sol forte. Para minha decepção, o suporte era diferente e o novo alternador não encaixou. Pelo menos não tive que ficar no "calabouço" por muito tempo.

Hoje de manhã eu preparei um croquis com o formato das redes do barco para facilitar o pedido dos novos orçamentos. A empresa que eu tinha pedido orçamento em junho agora quer ainda mais tempo para fazer as redes. 7 semanas para a rede simples e 9 para rede de "cinto de segurança".

Encontrei um poema do Drummond que parecia que foi escrito para mim. Uma surpresa. Enviei para J emocionado.

Depois sai para comprar o material para mapear os fios: 8 metros de um fio fino, duas bocas de jacaré e um desencapador de fios. Eu tinha como escolha um desencapador de $2,50 e um de $12,50. Comprei o mais caro. O modelo barato eu já conhecia, veio em um kit de ferramentas que comprei para o Mootley. Lembro que o densecampador era cego, ruim de usar e doia as mãos. O desemcapador valeu a pena. Passei grande parte do dia desencapando fios e depois limpando o barco... tinha capa de fio espalhada por todos o cantos. Também coloquei alguns rebites na gaiuta de proa. Mas com estava chovendo não deu para abri-la e colocar os outros.

No final da tarde de hoje fui no correio postar minha camera Fuji pseudo a prova d'agua para a garantia. Ela deu problema na Colômbia e desde então o microfone não funciona. Fiquei esperando colocar o barco na água para levar a máquina para o conserto. Infelizmente com as confusões do cartão no dia do lançamento não consegui gravar quase anda. Liguei antes de ir para o correio para a Fuji e informaram que deve demorar um mês para a máquina voltar, paciência.

Na volta eu entrei na única loja de conveniência que tem por aqui por perto. Experiência frustante. Muito pouca coisa na loja. Pedi um café frapeado do Starbucks. Eles não tinham. Então perguntei se eles tinham café. A resposta foi afirmativa... mas que decepção: uma cafeteira normal, com café meio frio. O cara perguntou quanto eu queria, eu disse que um café pequeno... ele encheu um copo de 750 ml pela metade e colocou no microondas! Novidade para mim. Perguntei quanto era, ele falou que era oferta da casa porque o café estava frio. Não terminei o café...

Ainda não consegui içar a vela... ou está ventando ou está chovendo... e quando não venta é porque tem outra tempestade chegando. Assim fica dificil medir a altura da retranca. Continua na lista de tarefas.

Mais adiante vou falar sobre a "tripulação" do anjin. Mas, eu já tenho outro cooperado muito interessado. Pensem no anjin como um coletivo, não é tripulação com hierarquia, nem precisa estar necessariamente presente... J contribui de maneira ativa e foi a primeira pessoa a ingressar no grupo. Quem quiser ajudar é só mandar um e-mail. O(a)s interessado(a)s em fazer uma travessia são bem vindos. E a colaboração com o processo é feita de acordo com a capacidade de cada um(a). Se tem gente que leva o timão, tem outros que descascam batata no porão ou pensam em possibilidades de patrocínio. Por isso, quem tiver interesse, manifeste-se.

Abraços da Florida!

terça-feira, 20 de setembro de 2011

2000 hits

Poxa, 2000 hits no blog! Obrigado por me acompanharem até aqui e que continuem seguindo!!!

É verdade que é preciso dar um desconto nesse número porque o contador do blogspot não é preciso (entretanto ele não conta as minhas visitas - que são muitas - talvez isso até equilibre o resultado).

Hoje um vizinho aqui da marina perguntou como foi meu dia... falei que foi um dia de pequenas vitórias. Tem dias que não tem vitória nenhuma, tem dias memoráveis, como o dia em que o mastro voltou, o dia que o motor funcionou, a colocação do barco na água, a chegada na nova marina. Setembro foi então  um mês forte nesse aspecto. Mas  hoje foi de pequenas vitórias.

Mas aos poucos a gente (leia-se anjin e eu) vamos avançando. Queria tratar de um tema que há muito eu deveria ter falado e até agora esqueci de tratar (ou se eu já tratei esqueci e sinto que preciso tratar novamente). Fiquei sabendo que um dos meus mais fiéis leitores, um ávido ítalo-baiano, ficou preocupado com a segurança do barco. Agradeço a preocupação e acho que é pertinemente. Sei que já disse isso antes, mas uma das razões pela qual essa reforma anda devagar é porque eu quero acompanhar e ver como a coisa está sendo feita. É muito fácil dar uma pintada no barco, colocar as coisas de qualquer jeito e dizer que está pronto. Mas antes da pintura e da colocação temos que ver se as coisas estão seguras. Até porque se acontecer algo, eu terei mais chance de saber o que saiu errado. Tem pontos que nunca vai dar para saber com 100% de certeza, como o casco, por exemplo. Só destruindo o barco para saber o estado real, mas aí você terá certeza mas não terá mais barco. É uma questão de equílibrio em sentir confiança e achar que está pronto para começar. Aos poucos a gente chega lá. Então meu caro M, agradeço a preocupação. E quando eu chegar em SSA vamos fazer um pega de barcos.

Ontem e hoje andei resolvendo pequenas e grandes coisas. Já que o início da viagem se aproxima, terei que resolver um monte de coisas, principalmente aspectos pessoais e familiares que ficam meio de lado com a reforma.

No domingo eu terminei a faina de trocar os filtros e ainda assim o motor não funcionou direito. Descobri que a razão era um mal contato na bomba de combustível. Isso explica porque eu não conseguia ligar o motor quando cheguei na marina. Ficou claro que o mecanismo de fixação (um contato de encaixe coberto com fita adesiva) não funcionou direito. Isso terá que ser melhorado. Mas depois de reconectada a bomba, o motor pegou de primeira. Dei umas aceleradas e ele funcionou sem falhas.

Também saí com a bicicleta dobrável algumas vezes nesses dias. O que eu posso dizer? O cãmbio parece precisar de um leve ajuste; os freios funcionam bem; a bicicleta parece ser rígida, o quadro não apresenta muita torção; o guidon sobe bastante assim com o selim. Mas a bicileta não é tão confortável quanto a bicleta dobrável que eu tinha na Inglaterra e o câmbio não tem relações boas nem é tão preciso quando o sturmey-archer, que era o câmbio que equipava a bike verde. Além do mais, as manoplas são bem duras. O selim é aceitável, mas mais confortável que o da minha Trek no Brasil.

E já que a viagem começa a se aproximar está na hora de começar a prestar mais atenção no meu condicionamento físico, pois eu já levei um puxão de orelhas sobre isso. Comecei o processo, mas bem gradualmente. Não dá paa sair atropelando depois de tanto tempo "parado". O problema recorrente durante as travessias é que não tem muito como exercitar as pernas. Tem gente que nada em calmarias, mas eu não gosto muito dessa ideia. Não que tenha medo do mar fundo, mas o receio é o barco ir embora, ou não conseguir voltar a bordo.

Ontem eu passei um bom tempo rebitando peças de volta no mastro, me lembrei de J fazendo isso embaixo do sol forte em junho. Pelo menos estava meio nublado ontem no final do dia. E eu consegui uma rebitadeira industrial... o ponto ruim é que eu demorava mais tempo para conseguir tirar o pino usado do rebite do que para colocar o rebite.

Hoje de manhã eu tentei içar a vela mestra. Preciso saber a altura exata da retranca para definir o pé direito da capota. O empecilho foi que começou uma chuva forte. Depois que chuva passou o vento não parou, e soprava pelo través. Não dava para içar a vela desse jeito.

Então, para quebrar a rotina, resolvi almoçar fora. Finalmente consegui ir em um restaurante mexicano. Já tem semanas que eu tentava e não conseguia. Saí com a barriga cheia de chimichanga, embaixo do sol, com o vento no rosto. A tarde foi dedicada a mandar uma série de e-mails sobre pendencias diversas: redes, tanques, cartão clonado, etc.

Como tem chovido não tem dado para trabalhar na parte de cima do casco. Então comecei a preparar uma lista do que fazer dentro do barco quando chover. É uma forte de otimizar o tempo disponível. Sonecas aparecem nessa lista,mas eu acho melhor deixar para agora: no final do dia.

Até a próxima, folks!

domingo, 18 de setembro de 2011

Nova fase

Quinta feira foi um dia bem dificil. Não tive vontade de fazer nada, fiquei meio cabisbaixo com a partida de J. Por causa do correcorre da partida não sabia os horários do vôos. Para complicar, aconteceu algum problema de comunicação e entendi que o vôo partia ao meio dia. Resultado, liguei para o celular na hora que achava que fosse o vôo e não conseguir falar. Queria ter me despedido.

Por uma dessas coisas do destino, minutos depois que eu desliguei o computador para sair e resolver umas coisas fora de tarde J me enviou um e-mail lá de Guarulhos. Infelizmente só fui ler a mensagem bem mais tarde o que prolongou meu tempo cabisbaixo. Pelo menos J ficou sabendo que eu tinha ligado e mandou uma dessas mensagems que animam.

Na quinta de tarde vieram me pedir para mover o barco mais para trás, para que coubessem um número maior no pier. anjin estava no mesmo lugar desde que chegara na sexta: mal parado por causa do problema do motor e do vento forte que soprava na hora da chegada. Movemos o barco, eu e mais dois caras da marinq que e sugeriram uma amarração diferente. O barco passou a jogar menos, mas o problema não desapareceu. Outra coisa, como anjin está mais para trás está ainda mais perto daquele barco grande e mais dificil de ser visualizado pela câmera da marina.

Um dos aspectos negativos daqui dessa marina é que o rio é meio sujo. Não sei se é poluição, mas a água é escura e sempre tem muita coisa boiando. O casco do anjin já está todo sujo e não é só na linha d'água. De vez em muito junta  um monte de espuma escura do lado do barco e ela vai manchando o casco. Tanto trabalho para polir e já está com um monte de sujeira. Outra coisa é que de vez em quando surge um mal cheiro forte por aqui... não sei se é esgoto ou alguma virada do vento, o fato é que o odor é horrível.

J mandou notícias no final do dia na sexta. Agora temos, também, o fuso horário para nos atrapalhar. Mas como eu já tinha dito, quando a viagem começar o fuso vai piorar, vai mudar a data e aos poucos vai melhorar.

Hoje depois do almoço eu devolvi o carro. Espero não ter mais que alugar um a não ser para alguma situação específica. Aproveitei para trazer duas âncoras, 15 metros de corrente, ferragens e outras coisas pesadas que estava no depósito. Ontem resolvi comprar uma bicicleta para ter como me deslocar. É contra minha política comprar bicicletas muito baratas porque elas geralmente não andam direito, não duram e são pouco confiáveis e/ou confortáveis. Mas como precisava de alguma coisa logo comprei uma bicicleta dobrável em uma promoção na West Marine. Pelo menos o quadro é de aluminio... vamos ver o que acontece. Um fator que me incentivou foram os 5 anos de garantia.

Também aproveitei para comprar10 garrafas de suco de dois litros e 12 galões de água. Não ia ser fácil equilibrar essas coisas em uma bike ainda menor do que a minha bicicleta verde de Oxford.

Ontem fui encontrar com o eletricista para dizer que o inversor está no lugar e que ele já podia instalar o resto das coisas. Ele se deculpou dizendo que estava com bronquite e que fez uma cirurgia no olho. Também estou caçando o mecânico, que me disse que além de estar gripado ainda sofreu um acidente jogando basebol com o filho... ah, esses fornecedores naúticos.

Ontem o pessoal da vela veio instalar o estai de popa. Isso é algo que nunca tinha sido instalado no barco. Toda vez que uma peça é instalada pela primeira vez eu vibro bastante. Agora o mastro já está firme no lugar, falta só a regulagem.

Aproveitei para pegar meu correio no estaleiro e conversei com um casal australiano. Eles compraram o barco do sueco que desapareceu e vão levá-lo (o barco) de volta à Austrália. Como comentei que vou fazer um percurso parecido, o cara me chamou para conversar com eles, pois eles já fizeram esse trajeto duas vezes.

Andei de ônibus pela primeira vez aqui depois de deixar o carro na locadora. Meus comentários: o ônibus passa no horário, mas só passa uma vez, no máximo duas, por hora. Isso é ruim. Pelo menos tem ar condicionado (que funciona) e a passagem que custa $1,25 permite fazer conexões ilimitadas entre as linhas. Outra coisa positiva é que os ônibus tem um rack na frente para levar 2 - 3 bikes. O problema é que o sol e o calor no ponto estavam brabos e o ônibus da conexão demorou. Outra coisa que chamou minha atenção é que aqui a cordinha para sinalizar que você quer descer não é uma corda de varal xexelenta como em Salvador ou em Brasília - que indefectivelmente está partida ou prestes a partir - mas um cabo de aço com cobertura amarela de borracha.

Hoje conversei com J no final do dia. Muito bom. Aproveitei para fazer uma caipirinha e ver o sol se por. Como tinha bastante vento as muriçocas (nem os love bugs) incomodaram. De noite dei uma saída...  Aprendi a lição: jantei mais cedo e fui atrá do roqui en rou. Mais uma vez vi uma dessas coisas de americano que não entendo: a fixação com togas. Os bares cheio de gente enrolada com lençois, trajes greco- romanos ou fantasias dos Flinstones, quase todos com louros na cabeça... era o Toga Crawl, as pessoas iam de bar em bar fantasiadas. Fui para um bar meio tosco de motoqueiros onde ninguém fantasiado ousou aparecer. Tinha uma banda tocando R&Bs por lá, os tiozões só tocando e bebendo Becks. Mas o cansaço bateu (ou será que foi a caipirinha com cerveja?) e resolvi vim para o barco escrever no blog.

Hora de dormir crianças! Até o próximo post,

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

A nova casa

Me acostumando a nova marina. Sem dúvida a infraestrutura aqui é muito melhor do que no estaleiro. E de quebra a vizinhança também. Não estou mais no fundo do porto, agora estou na frente da parte histórica da cidade. E isso é muito bom para a moral da "tripulação". Com escrevi no post anterior, dá para ir andando para restaurantes, banco, loja de ferragem... falta uma loja de conveniência, mas pelo menos passa ônibus aqui na porta e dá para ir para o supermercado.

A parte complicada daqui, como falei, é que o barco fica por fora do quebramar, recebendo todo o impactos dos barcos que passam e da mudança dos ventos. Por isso hoje fui comprar umas pranchas de madeira. Vou seguir uma sugestão que me deram de colocá-las entre as defensas e o pier, para evitar que as defensas escorregem de um lado para o outro. Achei muito engraçado ir em uma loja tipo Tend-Tudo (a Home Depot) e comprar um pedaço de madeira reflorestada com 2,5 de comprimento, 10 de largura e 5 de espessura por US$2,50... Da última vez que eu comprei um saquinho de palitinhos para fazer churrasco aí no Brasil eu paguei mais que isso.

Esses dias iniciais aqui na marina foram de acertar as coisas no barco: instalei as bateiras e o inversor, troquei pré-filtro, arranjei filtros separadores novos, conectei o barco na rede elétrica e lavei roupa. Agora preciso que o eletricista apareça aqui para conectar o painel e instalar os eletrônicos.

Ontem eu fui no estaleiro ver se tinha correspondência para mim. O pessoal lá comentou que o dono do estaleiro comemorou quando eu saí. Não vou comentar sobre isso, afinal não sei se é veradade. O fato é que ontem já tinha um barco enorme no lugar onde o anjin habitou. E o dono recolocou os trailers e carretas no meio do pátio novamente... vai entender.

Hoje o capoteiro veio medir o cockpit para fazer uma capota.  É muito sol minha gente, confirmei lá no Caribe que isso é fundamental.

Na segunda feira um marcineiro veio aqui tomar medidas para fazer uns armários para a cozinha e para a mesa e os assentos da sala. Originalmente estava pensando em fazer essas coisas no Caribe, mas a viagem já está tão atrasada que não quero parar por lá e gastar tempo para fazer isso. Seguindo essa mesma linha de raciocínio, vou dar uma demão de tinta no anti-derrapante do barco que está todo manchado. Assim o deck fica com uma aparência melhor e quem sabe eu consigo reduzir a aspereza da superície. A maior parte dos barcos usa o antiderrapante moldado no convés, ou então uns compostos próprio para isso que são misturados à tinta... tem também uns que preferem colocar umas placas de borracha (minha solução predileta, mas não é muito duradoura). No anjin o construtor usou algum granulado áspero. Eu achava que fosse areia misturada com tinta, mas o Joe falou que é pedrapome triturada coberta com tinta (um escorregão alí vai ser fatal).

Também fui ver as velas hoje. Todas prontas. O veleiro deve vir aqui até o final dessa semana para ajustar o mastro no lugar. Estou preocupado com todo esse balançar do barco. Além do mais, os cabos de aço roçando no mastro estão começando a arranhar a pintura (de novo).

Apesar de toda essa atividade por aqui, eu ando com a cabeça no Brasil. J está deixando Brasília e nossa comunicação vai ficar mais dificil, mas eu já sabia que isso ia acontecer, só não sabia que já seria agora. Uma coisa legal, que me surpreendeu, foi participar virtualmente da festa de despedida ontem. Graças ao Gtalk e a conexão rápida daqui da marina, puder ver o que acontecia na festa e os presentes (e viceversa - muitos presentes queridos, BTW). Confesso que fiquei emocionado. Não esperava isso. E aindei pensando muito em nós esses últimos dias, mas melhor parar por aqui porque isso daria assunto para vários posts.

J partiu... espero que anjin e eu partamos logo.

Godspeed, J! Que nos encontremos logo, em algum lugar do mundo ;)

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Para ver anjin online

Quem estiver curioso para saber como está o tempo, o barco, ou até tentar me ver, pode acessar o link abaixo de uma das cameras da marina. anjin é o último barco à direita do pier.

anjinonline@cocoavillagemerina!

Obs:
Algumas pessoas tiveram dificuldade em localizar o barco. Uma das razões é que tem um barco grande logo na frente do meu que dificulta a visão. Pls usem o mapa que Breu preparou clicando aqui, a seta mostra a doca e a localização aproximada do anjin hoje. Na verdade o barco está mais ou menos no lugar do segundo barco à direita.

Breu também descobriu que apertando "ctrl" e a tecla "+" dá um zoom na imagem. Vale a pena testar.

domingo, 11 de setembro de 2011

Drops!

Dormi muito bem de quinta para sexta.

anjin praticamente não balançava na vaga. Os milhares de barulhinhos que me deixaram meio preocupado foram considerados normais pelas pessoas com quem conversei. Isso em deixou relaxar.

No café da manhã da sexta descobri que ainda tinha umas bananas dentro do barco. Aqui nos EUA eles são muito bolados com bananas e barcos.s Dizem que dá azar, assim como passar por baixo de escadas e gatos pretos. Para não dar mole, joguei as bananas fora e fui comprar mais diesel para o teste do motor na água com o mecânico e depois para levar o barco para a nova marina.

O mecânico chegou às 0830, deu uma olhada na instalação. Às 0900 nós (o mecânico, eu e o David - um cara que contratei para me ajudar) já estávamos navegando pelo canal de Port Canaveral entre transatlânticos e barcos de pesca. anjin deslizava facilmente pela água, as ondas dos barcos menores não faziam os 3 cascos adernarem. Isso me deixou empolgado. Sair a vaga não foi dificil. O único problema foi que o barco não estava atingindo a velocidade máxima. Ao acelerar o máximo o motor acabava desacelerando. O mecanicmo descobriu que uma mangueira tinha uma rachadura que deixava entrar ar no sistema. Na marcha lenta isso é imperceptível, mas ao acelerar aumenta a entrada de ar e a rotação variava. Ele trocou a mangueira e recomendou trocar todos os filtros de combustível novamente pois os sintomas eram de problemas na alimentação.

Ao voltar para o estaleiro encontrei com o Joe que me acompanhou até a marina nova. Deixei meu carro por lá e aproveitamos para ir em um centro de reciclagem levar sucatas da reforma do anjin. Interessante o processo, principalmente com minha visão de curioso por reciclagem. Para materiais mais nobres (caros) como bronze e aço inox os itens são pesados em uma balança industrial. Para metais normais eles pesam o carro na entrada e na saída! E te pagam pela diferença de peso. Já que falei de supersitções, comecei a ver uns love bugs naquela parte da cidade. Ver esses insetos me pareceu a sinalização de uma fase... será que minhas fases aqui começam com eles?

De volta ao estaleiro começou a nova fase. Soltamos as amarras pouco depois das duas da tarde. Tivemos que parar para esperar pela primeira ponte móvel. Depois tivemos que parar para esperar a eclusa abrir, amarrar o barco, esperar o nível da água subir, aguardar autorização e entrar na laguna. Tudo isso com velocidade baixa por causa dos peixe-boi. Barcos não podem andar rápido para evitar ferir os peixes boi. O motor funcinou sem problemas.

De qualqur forma, em um dado momento houve uma pequena explosão na frente do casco de boreste (direita). Pensei que a fibra tivesse quebrado ou algo do tipo, isso me deixou muito preocupado. O David me tranquilizou. Apenas assustamos um peixe-boi que rapidamente submergiu, levantando água com sua cauda. Ufa, que bom. Estavamos muito devagar para ter machucado o bicho e a proa do barco é arredondada.

O problema foi que andar devagar nos fez chegar atrasado na segunda ponte. Eu não sabia (e o David não lembrou) que tem uma hora limite para passar pela ponte (até as 15:10). Chegamos faltando 5 mintuos para o prazo, mas a operadora falou que não daria mais para interromper o fluxo do transito. Por isso tivemos que esperar 3 horas até que ponte pudesse ser elevada novamente, às 18:00. Ancoramos o barco em uma bifurcação do canal e passamos horas falando sobre amenidades, pesca, reforma de barco e de casa. E toda hora passava alguém de barco e perguntava se estávamos bem. Até o mecânico que no viu da estrada mandou um sms perguntando se tinha acontecido algum problema.

Às 1759 a operadora interrompeu o trânsito e mandou nos aproximar. Ao sairmos do canal onde estávamos encontramos uma tempestade... Vento forte, chuva que doia no rosto e uma visibilidade de menos de 10 metros... mal enxergávamos os sinais das bóias. Passamos por baixo de outra ponte e passamos a ter o vento de cara. Resolvi acelerar pois o vento estava forte e ali não tinha mais a restrição para peixe-boi. Infelizmente ao acelerar o motor o problema de redução de velocidade voltou. Assim, ao invés dos 5 - 6 nós que estávamos indo antes passamos a velejar a 3 - 4.

Para nossa sorte estava acontecendo um happy hour na marina, por isso haveria pessoas disponíveis para nos ajudar a atracar. Comuniquei minha chegada pelo canal 16 do rádio e ao chegar perto da marina deu para ver 3 pessoas me esperando, apesar da chuva. Achei isso auspicioso.

Claro que as bananas resolveram cobrar seu preço. Ao chegar perto do cais o motor parou de funcionar. E o vento foi nos levando para cima de outros barcos... caótico. O motor pegou cada vez que eu liguei, mas bastava eu engatar a marcha que ele morria. Descobri que ao engatar a ré ele segurava a rotação por alguns segundos antes de morrer. Assim, com uns 4 liga e desliga, consegui chegar no cais. anjin completou sua primeira "travessia"... meras 7 milhas, mas para mim isso foi emblemático.

O problema dessa marina é que a vaga onde estou é muito exposta e o barco é jogado contra o pier, seja pela mudança de vento ou por barcos grandes que passam perto. Para piorar o pier é sustentado por uns pilares de madeira. Como resultado as defensas teimam em sair da posição e o barco fica roçando na madeira. Ao invés de usar defensas redondas que são melhores para os cascos laterais do trimarã eu usei umas defensas normais na posição longitudinal. Mas ainda assim várias vezes eu tenho que sair e ajustar as amarras ou das defensas.

Depois de atracar fui levar o David de volta ao estaleiro... uma chuva fortissima.. eu estava todo molhado e com frio.  Parei para comprar comida e fui direto para o barco. Me sequei, comi e fui dormir.

O sábado amanheceu sem sinais da tempestade do dia anterior. Fiz meu check-in. A senhora que me atendeu é velejadora e passou horas me explicando o que tem por aqui por perto, o perfil dos supermercados, mecânicos etc. Impressionante. Ela me falou umas coisas que eu não fazia ideia apesar dos meus 4 meses por aqui. Tenho certeza que vou aprender muito nessa marina com esses velejadores mais experientes.

Renovei o aluguel do carro pela última vez. Como aqui tem ônibus na porta e comércio atravessando a estrada, vai dar para deixar o carro de lado. Que bom, esse é um custo fixo alto que tenho por aqui, mas lá no estaleiro era fundamental.

No resto do dia fiquei cochilando, arrumando defensas, limpando o interior do barco, amarrando coisas e começando a reisntalar o inversor.

Uma outra coisa boa daqui é que a conexão internet é melhor. Deu até para falar com J com vídeo. Depois eu saí para explorar o centro da cidade. É claro que a maldição USA me atacou novamente e o único lugar que consegui para jantar (as 22:00) era um restaurante italiano com karaoke. O engraçado é que a idade méida era beirando os 60 anos, assim as músicas que a galera cantava eram todas old school. E o(a)s coroas cantavam bem. E ainda escaldaram o cara mais novo que "tentou" cantar. Às 2315 tentei ir para um pub que tinha rock e ao chegar lá a banda já tinha encerrado... resultado, fui para cama compusloriamente.

Na manhã do domingo tive uma longa conversa com o Chris, que é um especialista em mastreação e mora aqui na marina. Ele me deu um monte de dicas sobre assuntos diversos. Essa convivência é importante. Lembrei quando comecei a mochilar na Europa em '96... no começo da viagem eu estava verde, verde, mas depois de 10 semanas já estava dando aula. Espero que o mesmo aconteça aqui, mas torço que a curva de aprendizado seja mais rápida.

De tarde fiquei arrumando umas coisas dentro do barco, respondendo e-mails e atualizado a contabilidade. No final do dia com o sol mais fraco fui mexer nos filtros... estou com dúvida se o registro de combustível está funcionando mesmo, pois equanto tirava o filtro não parava de sair diesel. Talvez seja só o combustível dentro do filtro e na tubulação. Como começou a ficar escuro recoloquei o filtro e sigo amanhã.

E assim foi meu primeiro fim de semana transportando pelo anjin. Que venham outros, e em novas localizações.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Aconteceu


É com alegria que informo que anjin voltou para seu habitat natural.

Foi um dia corrido, com calor, chuvas, mosquitos. Só faltaram os love-bugs para ser  um revival desses meses aqui na Florida. Pois bem, 4 meses depois, o barco foi para a água. Isso não quer dizer que a viagem já vai começar pois ainda tenho que resolver elétrica, parte da hidráulica e algumas coisas do interior. Mas é um grande passo. Já dá para testar o motor, sentir o balanço do barco e começar a conhecer os ruídos do barco.

Hoje eu estava com  uma máquina extra para gravar videos do processo de recolocar o barco na água mas as coisas acabaram não dando certo. Esqueci o conector do tripé para uma das cameras que eu pretendia usar. E com o barco pendurado no travellift não é permitido a entrada de pessoas a bordo por questões de segurança. Bem, mas eu ainda tinha minha câmera com o microfone em greve.

O outro problema foi o cartão de crédito emergencial que insistiu em não funcionar. Quando ele resolveu funcionar, o barco já estava na água e não deu para filmar nada da parte mais importante, a entrada na água. O dono do estaleiro ficava relembrando todo o tempo "no cash, no splash", algo como "sem grana, não anda".

Quando eu vi que o barco já estava na água bateu uma apreensão... será que está entrando água? O dono do estaleiro disse que não, que um dos funcionários tinha olhado o barco. Mas eles não sabiam todos os lugares. E ao inspecionar o barco acabei encontrando  um lugar onde entrava um pouco de água, pelo sensor de velocidade. Mas foi só apertar um pouco a trava que a água deixou de entrar.

Então o dono do estaleiro falou que eu tinha 10 minutos para "estacionar" o barco em outra vaga ou ele ia me cobrar a hora dos dois funcionários que estavam comigo no barco. Para minha sorte o motor pegou de primeira. Mas aí começou a parte mais dificil para mim: como estacionar esse bichão na vaga? Lembrem-se, não é só o comprimento, mas principalmente a largura. A vaga não era longe, mas eu nunca tinha pilotado esse barco antes... não conhecia as resposta do leme nem do motor. Não foi fácil, mas depois de vários vai para frente e para trás e sob o olhar de alguns curiosos eu consegui parar o barco.

Os funcionários colocaram as espias (cabos que seguram o barco) e foram embora. Eu coloquei os espringues e montei as defensas. No finalzinho Joe, o cara da fibra, apareceu. Foi reconfortante... ele foi a única pessoa que apareceu, apesar de mais gente saber e eu ter dito para aparecer. E ele elogiou o resultado e falou o quanto o barco melhorou de maio para cá. Queria ter meus amigos, família e J aqui hoje.

Depois eu chamei o pessoal do estaleiro para um brinde. Eles ficaram emocionados pois ninguém nunca tinha chamado eles para celebrar um lançamento. Infelizmente não fiz as caipirinhas... começou a chover e o pessoal foi para casa.

Fiquei apreciando o barco, vendo o fruto do trabalho desses ultimos meses e fiquei mais aliviado. Fiquei aliviado por não ter caído do barco durante esses meses. Feliz pq já tenho algo palpável agora e porque a reforma deve ser mais rápida daqui para frente.

Quando fui para o carro olhei para o lugar onde o barco costumava ficar e por uns segundos não entendi o que tinha acontecido com barco... cadê anjin. Ainda vou me acostumar. Sorte que amanhã já mudo para outra marina, pois tenho certeza que esqueceria que o barco está na água e iria para o lugar antigo... Well, acabou  um capítulo da aventura hoje e começo outro.

Queria aproveitar e agradecer a mami, Abreu e Edu pelas msgs e telefonemas de felicitação pelo barco. E não tenho como agradecer J por todo o apoio e paciência ao longo desses meses. Ela é madrinha do barco que hoje ficou satisfeito em sair dos cavaletes duros e poder voltar para água. J, anjin e eu estamos contentes!

A seguir algumas fotos do anjin na água depois do processo de lançamento.

Pessoal do estaleiro e alguns visitantes

A galera que rala...

Brindando, e com anjin ao fundo

Com o fiberglass Joe

anjin na vaga


lugar onde ficava o barco já está ocupado!!




É hoje!

Aguardem confirmação, mas aparentemente é hoje que o barco vai para a água. Já compreio espumante e  uns limões para fazer umas capirinhas depois.

A seguradora me ligou ontem confirmando a aprovação do seguro contra terceiros com validade para os EUA.

Então, tenho que esperar pela maré cheia hoje, no final do dia para colocar o barco na água.

Mantenham os dedos cruzados!!!!

terça-feira, 6 de setembro de 2011

O inimigo do meu inimigo é meu amigo

Calma, não tem nada de belicoso nesse post, nem estou com pensamentos nefastos para cima de ninguém. Eu só estava pensando nas libélulas nesses últimos dias. Descobri que elas são meus maiores aliados por aqui. Deixe explicar: com as chuvas os mosquitos estão cada vez piores. E, como já falei, os repelentes não funcionam muito bem.. no começo eles não deixam os insetos pousarem, mas as muriçocas ficam voando ao meu redor e logo depois já estão fazendo a farra. Ultimamente os mosquitos tem ficado na tocaia nos lugares por onde eu passo: na escada, no cockpit, embaixo do barco esperando eu aparecer... mas descobri que quando as libélulas estão por aí os sanguessugas desaparecem. Então, que apareçam muitas libélulas por aqui, por isso o título do post.

Fim de semana foi cansativo. No sábado eu tive que ir pegar o material de mergulho e no domingo eu acordei às 0400 da manhã para estar em um barco antes das 0730. Dei dois mergulhos em uma formação de coral com muita correnteza. O primeiro a favor da correnteza e o segundo meio contra... assim o ar acabou rapidinho. Mas foi legal. O mais surpreendente foi ver a quantidade de barco na água aqui no fim de semana e feriado... o Brasil tá mto longe disso. A outra coisa foi o discurso do capitão do barco. O cara começou a lamentar que durante a saída perdeu 5 estudantes, mas complementou que em compensação conseguiu trazer 5 novos mergulhadores de volta. Depois foi dirigir mais duas horas até a loja. Lavar tudo e devolver o equipamento. Ah, e peguei minha carteira provisória de mergulho. Depois fui dormir pq estava um caco.

Segunda foi feriado, dia do trabalho aqui nos EUA, mas eu tinha muita coisa para resolver no barco para pensar em feriado. Entretanto, gastei a manhã pendurado no telefone falando com a operadora do cartão porque descobri que alguém clonou meu cartão aqui nos EUA. O lado bom é que o cartão emergencial já chegou hoje. O ruim é que ao emitir um cartão definitivo o cartão emergencial deixa de valer. E o banco já avisou que vai demorar até uns 15 dias para eles emitirem o cartão e mais o tempo para mandarem o cartão para mim. Haja paciência... ah, o banco é o Bradesco.

Outro assunto: eu tive que desistir de registrar o barco em Belize. Depois explico melhor, mas o problema era que havia requisitos técnicos demais para registrar o barco por lá que implicariam em mais obras, tempo, vistorias e dinheiro. Ah, e tinha o caso do kit de primeiros socorros que eles exigem que contém medicamentos que não podem ser vendidos aqui nos EUA. Então resolvi registrar o barco no Panamá. O pré registro chegou hoje, felizmente.

Conforme falei no sábado, para acelerar a novela do seguro e não perder tempo esperando a resposta dos corretores, solicitei um seguro contra terceiros. Enviei o material requerido e eles devem responder em até 48 horas. Com esse seguro dá para colocar o barco na água e levar para a outra marina.

Mas vou continuar pressionando os corretores para conseguir outras propostas. Hoje finalmente eu consegui um segundo orçamento (eu solicitei a 8 empresas). Algumas já disseram de cara que não podiam segurar o barco. E outros 3 eu sigo aguardando resposta.

Ah, e o anjin está lindo... brilhando após camadas de cera terem sido aplicadas nos últimos dias. Estou orgulhoso.

sábado, 3 de setembro de 2011

Semana seguro

A semana já acabou e eu não consegui resolver o lance do seguro, que é a razão pela qual sigo no estaleiro.

Algusn detalhes tornam a contratação de um seguro mais dificil: o fato de eu não ter carteira de motorista americana (para analisarem minha ficha corrida), a bandeira do barco não ser de um país de "primeiro mundo", a pequena tripulação e o fato do barco ser de construção amadora.

Nesse meio tempo a nova tempestade tropical, que já virou furacão, a Katia, continua circulando pelo Caribe, mas ainda com um rumo incerto. Estou de olho.

Aproveitei a semana para ver minha vela nova, o screecher, que acabou maior do que a encomenda (literalmente). Por falar nisso, encomendei uma capota para o barco. Não vai dar para ficar o tempo inteiro no cockpit com o sol no lombo, ainda mais depois de sentir os efeitos durante a breve viagem para o Caribe.

O dono do estaleiro todo dia me interroga quando vou colocar o barco na água. De fato, se demorar muito de colocar o barco na água a tinta antiincrustante começa a perder suas características. Duas semanas é chegando no limite...e a pintura completa duas semanas nesse fim de semana.

Essa semana rolou uma desavença com um fornecedor. A primeira até agora. Fiquei na minha, mas o cara ficou reclamando porque eu queria que ele fizesse  uma nova peça, pois a que ele fez não encaixou, ao invés de reaproveitar a atual. O que eu achei mais incrível foi o cara me dizer "eu estou aqui fazendo isso como amigo e você quer que eu faça uma peça nova?" Pois bem, não sou amigo, sou cliente. Estou pagando e quero minha peça correta. O engraçado foi que essa foi a segunda vez que me chamam de "amigo" por aqui. E a segunda vez em uma mesma semana. O outro foi o cara que enviou uma peça para meu enderço no Brasil... ele assinou o e-mail: seu amigo XXX. Estou percebendo que quando falam amigo por aqui é porque alguma coisa saiu errado... muy amigos.

Já que o barco deve ir para a água em breve estou terminando de polir os cascos.

Outra coisa boa é que o motor está funcionando. O único senão é o alternador... mas aí, como falei, é uma coisa de auto-elétrico. Não sei se é problema no alternador ou na fiação... como não tem ninguém para perguntar, não dá para saber se isso funcionava antes.

Segunda é feriado aqui, dia do trabalho... vou ver se termino as pendencias para estar com o barco pronto. Terça feira eu resolvo o problema do seguro de uma maneira ou de outra. Aguardem...