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domingo, 6 de novembro de 2011

Meio aniversário

Ontem completou seis meses que cheguei nos EUA para trabalhar no barco. Sei que devia ter ficado contente, exultante por ter chegado até aqui, por ter seguido o sonho. Mas na verdade fiquei meio de baixo astral. Teve uma combinação de fatores, mencionadas mais adiante, que levaram a esse estado, mas hoje estou melhor, felizmente. Não precisam se preocupar. Escrever esse post não foi fácil, pois sei que vai preocupar muita gente. Entretanto, quero poder no futuro olhar para trás e lembrar desse dia dificil. E de preferência rir dele. Serve também para lembrar, a mim inclusive, que isso aqui não é férias nem um mar de rosas.

O aniversário de seis meses aconteceu em um dia cinzento, chuvoso e com muito vento. Também fazia frio... nada que lembrava a Flórida de seis meses atrás. O lado bom da coisa é que agora não tem love bugs e quase nenhum inseto. Mas o vento forte zumbe na mastreação, cria ondas que faz você se perguntar se isso aqui é mesmo um rio. Rapidamente meu pequeno universo parece uma máquina de lavar daquelas com porta na frente: a onda me joga para o pier, as defensas e o pier jogam o barco para longe; aí pode ser que as amarras estiquem e puxem o barco de volta, ou pode ser que as ondas empurrem o barco de volta. Mas o pior é quando uma onda atinge o barco assim que ele começa a se afastar do pier. Ah, claro, nesse meio tempo o barco fica balançando para cima e para baixo. Como o pessoal daqui da marina diz, isso aqui é uma montanha russa com voltas ilimitadas.

Ontem aconteceu um fenômeno desses meio inexplicáveis. Umas ondas grandes surgiram do nada (imagino que foram ondas causadas por algum barco passando e foram vitaminadas pelo vento forte). Elas atingiram a marina e causaram um monte de problemas. anjin ganhou novas cicatrizes (e isso porque tinha um mecanico aqui na hora que ajudou a segurar o barco enquanto eu voava para colocar mais uma defensa entre barco e o pier). O catamarã na frente do meu quebrou a madeira que evitava ele esbarrar no pier e entortou umas peças. O barco atrás de mim, o Bejamin Constant do Luiz, quebrou a escada, e um monte de coisa saiu do lugar em outros barcos.

Enquanto o vento rugia e ondas surravam o casco do anjin aviões rasgavam o céu. Até pensei em ir para o show aéreo para me distrair, mas o dia cinzento, frio e molhado de 1/2 aniversário não me animou. De quebra, ontem os eletricistas vieram no barco. Sim, eu chamei outros eletricistas pois Pinky viajou novamente e o Cérebro está muito devagar. Os eletricistas novos me deram um choque de realidade ao falar que não dava para trabalhar no meu barco por causa da bagunça. Então passei ontem (e hoje) arrumando e limpando coisas. Vai facilitar a vida deles mas vai dificultar meu trabalho porque tive que guardar as ferramentas e coisas das outras reformas/consertos.  Estou despindo um santo para vestir outro. Mas como preciso de ajuda para fazer essa parte elétrica, acho que vale o esforço de ter que desempacotar as coisas depois.

O resultado foi que ontem no final do dia eu estava cansado de arrumar coisas, ficar de olho no barco e nas ondas e de pensar que já passaram seis meses e eu ainda não consegui começar a viagem. A cabeça doia e imperava um sentimento de frustração. OK, passei mais de um mes fora do barco viajando, não chega a 6 meses de trabalho, mas de qualquer forma é mais tempo (e dinheiro) do que eu planejava. Tive uma conversa com J no final do dia que foi boa para colocar coisas em perspectiva. Mais adiante listarei os acertos e erros desse projeto. Mas um elemento fundamental e recorrente para os atrasos e minha frustração é a dificuldade com a mão de obra. Isso é uma praga que envolve todo mundo que tem barco. Infelizmente fiquei sabendo que aqui na Florida isso é muito pior que em outros locais. E entre os locais da Florida esse é um dos piores. Que azar!

Eu já devia estar preparado para isso por causa da minha experiência com o Mootley. Quando comprei o barco o pintor pediu um mês  para fazer o serviço. Ele demorou 3 meses só para pintar o barco. E o barco só ficou pronto 13 meses depois de comprado!!!

Mas tudo bem, os progressos nesses ultimos dias foram: comprei uma balsa salva-vidas Zodiac Xtrem, um bote inflavel, motor de popa. Muita pesquisa envolvida para comprar esses produtos. O mais dificil foi a balsa. Não é uma coisa fácil a decisão de ter que abandonar o barco. Mas se isso acontecer, pelo menos que seja uma balsa com boas referências. De quebra, ela é super slim e aprovadas pela SOLAS (dá para usar na REFENO). O bote inflável Achilles, japonês, é de hypalon, um material mais resistente que o PVC e relativamente leve. E o motor de popa da Yamaha foi escolhido por duas razões: é provavelmete a marca que mais vende e ele pode ser guardado em apoiado em qualquer um dos 3 lados. Além dos aspectos consumista eu arranjei os eletricistas novos e um mecânico que vem resolver o problema dos filtros. Além disso acertei com o marcineiro vir aqui fazer uma porta para o banheiro e outra para o compartimento do motor.

Acho que essa será uma semana de grandes progressos. Vamos que vamos. Manterei vocês informados.

3 comentários:

  1. Para pr vo
    nes da quer
    mui felic
    mui an d vi !!

    Já foi uma grande conquista chegar até aqui, falta muito pouco. Um friozinho na barriga e um dia de desânimo é normal, faz parte de tudo na vida. BORA AÍ que vai dar tudo certo!

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  2. A torcida é grande pra tudo dar certo. E também pro Benjamin sair da frente aí!! Boa sorte e bom trabalho.

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