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domingo, 27 de maio de 2012

Esquentando os motores

Bem, as coisas continuam parecendo intermináveis, mas já levei sacos e mais sacos de lixo com coisas que não quero mais para a lixeira. Imagino que o barco deve estar ficando mais leve e com menos coisas para ter que me preocupar onde guardar.

Ontem fiz o round dos pagamentos. Acertei as coisas com o chefe da oficina e fui na West Marine pegar minhas últimas encomendas e os isopores que eu já tinha pago umas semanas atrás. O cara da veleria não consegui terminar as coisas ontem e eu fui lá hoje de manhã e acertei tudo.

Depois foi um longo dia de trabalho. Fibrei uns pontos onde nós tínhamos colocado resina para endurecer a madeira. Mas acho que como não selamos a madeira na época, a água arranjou uma forte de infiltrar novamente. Então aproveitei ter feito sol nos últimos dias e a madeira estar seca para aplicar resina e uma camada fina de tecido.

Ontem eu pré-coloquei os lifelines e terminei de instalar o Aleixo (o leme de vento). Hoje praticamente tirei tudo de dentro da cabine do barco que vai para fora. Esvaziei toda a ama de boreste e fui rearrumando tudo. Felizmente estava tudo seco lá dentro. Usei o aspirador para tirar a poeira. Não guardei os camburões pois planejo enchê-los com água e combustível antes de sair daqui. Guardei a bike. Eu só tinha feito isso antes de viajar

A frente fria virou a tempestade tropical Beryl. Ela estava se distanciando mas agora está voltando para a Flórida. Deve chegar aqui amanhã de noite ou na segunda. Continuo de olho na evolução.

 Um outro indicativo de mudança foi minha decisão de cortar o cabelo. Está chegando a hora de partir. Curiosamente isso aconteceu 20 anos depois do vestibular, a primeira vez que rasparam minha cabeça... infelizmente isso virou rotina no exército.


Vamos nessa... clock is ticking, verão chegando acompanhado de furacões!

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Saco sem fundo

É impressionante como é possível acumular coisas em tão pouco tempo. Admito que para mim isso é ainda mais fácil porque tenho mania de ficar guardando coisas que possam vir a ser úteis. Agora me vejo em um desafio não dá para levar tudo o que quero mas não dá para sair sem levar peças de reposição, material para emergências, ferramentas.. E acho melhor começar com pouca coisa porque a tendencia é acumular ainda mais. A não ser que eu consiga realizar faxinas, bota-foras, de grande envergadura durante a viagem.

Bem, esses dias estão corridos. Por mais que eu faça coisa, sempre tem muito mais coisa para resolver. Como um saco sem fundo. Ontem fiquei trabalhando na cabine de popa. Reconectei os fios do piloto automático, prendi a bateria, dei uma limpada no compartimento do motor, aspirei a sujeira acumulada durante a visita do mecânico e meus trabalhos por lá.

Também postei a hélice para a Dinamarca, para que seja re-cortada para se adaptar à nova transmissão. Lavei roupa, testei as luzes de navegação, esvaziei a minha cama antiga  dormi nela ontem à noite.

Mas como expliquei que o trabalho nunca termina,  hoje infelizmente descobri que a bomba de porão do compartimento do motor parou de funcionar. Hoje a manhã foi dedicada a ela. Primeiro tive que tirar o resto de óleo que tinha ainda no porão. Então notei que havia muita sujeira por lá. Novamente usei o aspirador. Removi o interruptor flutuante da bomba e por fim consegui ter acesso e remover a bomba que fica bem lá no fundo. Tinha umas peças de plástico utilizadas para segurar fios (que eles chamam de zip ties por aqui) presas no rotor, acho que isso impedia o funcionamento pois no painel a lâmpada dela acendia. Removi a sujeira e a bomba voltou a funcionar. Foi difícil recolocar a mangueira no lugar. Coloquei mais uma braçadeira na mangueira, joguei todo o lixo fora e fui me lavar. Depois saí correndo para a locadora.

Aluguei um carro para esses próximos dias. Vou ter que ir no mercado, comprar umas últimas coisas, fazer uns pagamentos e de bike não seria viável. Aproveitei que estava com o carro e fui no Porto Canaveral ver onde fica a aduana. Depois passei no mercado e voltei para o barco. Tentei pagar o mecânico e pegar umas coisas na veleria, mas já passava das 17:00 e não teve, literalmente, negócio.

Agora à noite estou de olho na previsão do tempo... junho está chegando e com ele os furacões. Mais uma razão para sair daqui o mais rápido possível.

Uma tempestade exatamente no caminho com 60% de chance de virar furacão

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Banho de água fria

As coisas por aqui andam movimentadas. Estou tentando preparar minha partida. Não posso esconder que além da empolgação também bate um frio na barriga... Robs fez um comentário interessante sobre isso hoje. Ele disse que algumas pessoas que ele conhece chamam isso de "numinoso", algo que dá medo e atraí ao mesmo tempo. Talvez seja pelo fato de eu estar "terreado", descrição da J para a versão de ficar mareado em terra. Quem sabe eu já esteja ancorado a tempo demais. É hora, definitivamente, de partir.

Ontem o mecânico terminou o motor. Ele removeu a tampa lateral da transmissão e levou para a oficina para colocar um novo retentor. O retentor havia partido bem no meio... estranho, uma vez que ele não recebe nenhum esforço lateral. O novo retentor, uma peça de plástico, precisa ser colocada no lugar com uma prensa, por isso que ele levou a peça para oficina. Espero que agora os problemas dos vazamentos estejam resolvidos. Ah, e eu também pedi para ele trocar o pré filtro de diesel, isso revolveu acabou com o vazamento que me acompanhava desde que vim para essa marina. Ficou claro que a causa era algum defeito no filtro anterior. Bom saber.

Fui na veleria hoje perguntar quando chegam meus cabos e os moitões para o screecher. Fui informado que amanhã tudo deve estar aqui. Fica faltando apenas colocar um moitão de pé para a escota da mestra que tende a subir na catraca. Um moitão vai permitir que ela mantenha uma altura fixa de entrada na catraca.

E também resolvi vários detalhes pequenos pelo barco: joguei madeiras fora, coloquei o suporte do motor de popa no lugar, estudei a situação das baterias no compartimento do motor para providenciar uma fixação, limpei o compartimento do motor, removi cabos elétricos desnecessários, fiz um batente de borracha para quando a quilha subir de vez não acertar direto na madeira e reduzir a possibilidade dela ficar travada (para isso corteis dois pedaços de havaianas, colei um no outro e depois fixei no compartimento da quilha).

Agora o fato mais importante foi o mini-acidente no domingo. Muita adrenalina rolou nesse evento. Domingo eu me flagrei com a bateria da furadeira descarregada, sem parafusos do tamanho correto para colocar o suporte do motor de popa no lugar, com as madeiras todas cortadas. Não tinha muita coisa que desse para fazer nessas circunstâncias então resolvi dar a primeira volta no bote inflável. Reli o manual de instruções do motor, chequei o nível do óleo, abasteci com gasolina, tirei a capa do bote e o coloquei na água, dei um jeito de colocar o motor de popa lá dentro. Não foi muito fácil. Como já antevia problemas, amarrei um cabo no motor de popa e outra ponta no anjin (depois que o motor estava no bote, amarrei a ponta solta no suporte do remo, por las dudas).

O motor pegou razoavelmente rápido. Tive que insistir algumas vezes e usar o afogador. Dei minhas voltas pela marina. Não deu para ir muito longe porque o vento estava meio forte e tinha um monte de ondas pequenas que faziam o trajeto molhado e pouco confortável.

Voltei para o anjin. Amarrei o bote pela proa e pela popa e fiquei imaginando como colocar o motor de volta à bordo. Apesar das amas do anjin não serem tão altas, não era fácil puxar o motor de cima para baixo. A solução mais fácil pareceu ser colocar o motor no barco a partir do bote. Então que aconteceu a surpresa. Algum barco grande passou pela ponte e como estava de costas não vi as marolas se aproximando. Então tudo saiu de controle. Metade do motor de popa no anjin, metade em minha mão, o bote indo para cima e para baixo, para frente e para trás. Perdi o equilíbrio e acabei caindo na água. Não sei exatamente como, mas ainda consegui evitar que o motor mergulhasse de cara. Mas o motor foi pendendo cada vez mais para cima de mim e não deu para segurar. Não tinha o que fazer, só esperar que o cabo e o nó segurassem a onda. Não lembrei dos jacarés, dos peixes bois nem das águas vivas. Fiquei tão desesperado com o motor novo dentro da água que rapidamente subi no bote, pulei para o anjin e de lá puxei o motor pelo cabo. Adrenalina.

Um motor submerso deflagra  uma corrida contra o tempo. Quando mais tempo você demora para consertar, pior vai ficando a situação. Mais adrenalina. Eu tinha comprado um manual de oficina para motores de popa da Yamaha. Foi caro mais já valeu a pena. Lá eles falavam: você tem 3 horas para levar o motor em uma assistência técnica antes que o processo de corrosão atinja proporções danosas. Era um domingo, já passava das cinco da tarde. Eu não tinha muitas opções. A sugestão deles era mergulhar o motor em um tonel com água doce até que pudesse levar o motor para a assistência técnica ou tentar fazer os reparos eu mesmo. O resto da matéria apontava isso como o maior abuso que um motor de popa pode sofrer. Paciência motorzinho... Primeiro coloquei o motor de pé, lavei tudo com bastante água doce. Depois que o motor estava mais seco apliquei WD40 para remover a umidade do sistema elétrico. Fiquei desesperado buscando uma chave de boca que desse para sacar a vela do motor. Nada. E o tempo passando. Fiquei meio perdido. Tentei ligar para a J, mas sem sorte. Lembrei do meu curso de mecânica, do que eu já tinha lido sobre reparos de motores de popa e resolvi seguir adiante. Sabia que o tempo estava contra mim.

Primeiro peguei o kit de peças extras que eu tinha comprado. Separei uma vela nova, pois ela que ia, se tudo desse certo, ressuscitar o motor. Chequei a medida da chave que precisava para a instalação. Então montei na bike, cruzei a ponte e fui para a loja de ferragens que ainda estava aberta. Eles não vendiam uma chave soquete do tamanho que eu precisava avulsa (obs: eu tinha uma chave do tamanho correto, o problema era que ela era curta e não encaixava em toda a vela). Comprei um kit e outro WD. Bicicleta novamente e uma volta em tempo recorde. Incrível o que essas situações são capazes de fazer.

Chegando a bordo o motor já estava seco (o problema é que o sal também seca). O fato da água ser salobra torna a situação menos pior. Tirei a vela e deitei o motor de lado, exatamente como o resgate de um afogado. Saiu água de dentro do cilindro... mal sinal. Então fui, aos poucos, puxando a corda de partida. Umas vinte vezes. O objetivo dessa manobra, a massagem cardio pulmonar no motor era tirar a água do cilindro, válvulas e escapamento. Depois drenei toda a gasolina do tanque, que também devia estar contaminada. Abri o dreno do carburador (saiu água também). Pior do que eu imaginava. O manual explicava que a transmissão é selada e não deve ter problema de contaminação. Como o motor é novo, acreditei nisso. Mas o cárter não ia ter salvação.

Peguei a bomba de óleo manual e comecei a bombear. No começo só saiu água, ou seja, tem que drenar todo o óleo e limpar o sistema. Isso já era mais de 20:00. Depois de muito trabalho para achar uma chave de boca que servisse consegui sacar o bujão de óleo. Primeiro saiu a água, depois o óleo. Então saí de bike pelas ruas escuras de Cocoa em busca de um posto que tivesse óleo para vender aquela hora. Apesar o motor só precisar de 600 ml (uma cerveja de garrafa), o manual recomendava, no caso de contaminação, lavar o cárter do motor com pelo menos um litro de óleo. Despejei o óleo no cárter, com o bujão aberto, enquanto mexia o motor de um lado para o outro para permitir que o óleo levasse toda a água que ainda estivesse alojada lá dentro.

Depois coloquei uma vela nova, mais WD, gasolina, um balde com água doce para funcionar o motor. Improvisei um suporte para o motor e comecei o tedioso processo de puxar a corda para que motor começasse a funcionar. A cada 20 ou 30 puxadas da corda eu desconectava o plug da vela, colocava WD, removia o excesso e tentava novamente. Acho que depois de uns 2 ciclos desses o motor deu sinal de vida. Isso não significa que ele passou a funcionar, mas sim que eu voltei a ter forças para puxar a cordinha.

O motor voltou a funcionar. Meio titubeante no começo, mas depois voltou a full. Deixei ele funcionando por pelo menos meia hora, como falava o manual de oficina. Depois disso comecei uma série de testes de liga e desliga e de usar toda a gasolina do carburador. Quando terminei os procedimentos já era quase meia noite. Não tinha comido nada, só tinha bebido um pouco de água e andando de cima para baixo com uma lanterna na cabeça. Estava esgotado, mas a adrenalina foi o combustível.

Mas a novela não terminou ali. No dia seguinte testei o motor várias vezes, ligando a cada uma hora para ver se ele pegava fácil. Funcionava, mas tinha que usar o afogador, que é considerado normal de acordo com o manual. Troquei o óleo mais uma vez.

Depois de um curso relâmpago, na marra, de manutenção de motores de popa, estou mais perto da partida. Só preciso agora é aprimorar o processo de içamento do motor, porque até agora não foi positivo, e esperar que todos os roxos que estou nos braços desapareçam.

sábado, 19 de maio de 2012

A preparação

Uma das coisas que percebemos, na época em que o imediato estava por aqui, é que sempre gastamos muito tempo para achar parafusos, separar ferramentas e coisas afins. Para otimizar o tempo resolvemos nos concentrar na preparação antes de começar o trabalho em si.

Hoje o dia foi mais ou menos isso, preparação de  uma série de atividades que deveriam ter acontecido/ acontecerão, em breve. Separei parafusos, arruelas e porcas, medi todas as coisas que tinha que cortar com a serra tico-tico e no final da manhã serrei tudo.

Mas aí as complicações começam a surgir... tem coisas que é difícil antever. Quando você está montando, ou está prestes a montar, percebe que não vai funcionar. Isso aconteceu com o suporte para motor de popa que eu construí hoje. Tive que refazer, até aí tudo bem. O grande problema foi quando furei o casco para fixar a peça descobri, para minha surpresa, que ao invés de uma peça maciça de madeira são duas peças mais finas com um vão entre elas. E claro que o vão tinha que ser maior do que a maior broca disponível no barco - a boa e velha "lei de Murphy". Então depois de cortar, medir, montar, marcar e fazer  um único furo, tive que ir na loja de ferragens comprar uma broca nova. Aproveitei para ir no mercado.

Ontem eu também fui na loja de ferragens. Além de comprar arruelas e porcas comprei duas manilhas para o caso de ter que içar o barco, em algum momento, usando um guindaste. Também fui na veleria encomendar o cabo e os moitões para o screecher. Aparentemente agora está resolvido o caso. E também estou bem perto de fechar o painel elétrico. Só parei de trabalhar nele ontem porque escureceu e mesmo com a lanterna na cabeça, fica mais fácil trabalhar de dia. Instalei umas tomadas estilo acendedor de cigarro para poder ligar coisas diretamente no sistema de 12 volts.

Ontem à noite fiquei até tarde resolvendo a questões de comunicação quando estiver em alto mar. Em breve apresentarei as novidades.

Pelo menos hoje não choveu, mas o vento forte soprou praticamente o dia todo.

Uma coisa que lembrei que tenho que resolver antes da minha partida é comprar o resto do equipamento de pesca. Vou aproveitar e pedir umas dicas de sushi para meu irmão, quem sabe não rola alum insght.

Bom domingo para vocês!

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Senhor do Bonfim

Há um bom tempo venho usando uma fitinha do Senhor do Bonfim no braço. Não lembro quando a coloquei e muito menos o que foi que pedi. O que sei é que ela partiu hoje enquanto eu trabalhava no barco. Espero que isso seja um bom sinal. Para os não baianos, o Senhor do Bonfim é muito forte lá em Salvador. Para muitos é só uma festa, a lavagem das lavagens. Para mim é o dono de um dos hinos mais bonitos que conheço e de uma igreja no topo de um morro em uma zona da cidade que é bem plana. Por anos a igreja foi um ponto de referência na cidade, principalmente para quem vinha pelo mar, hoje ela está camuflada pelas outras construções.

Mas o Senhor do Bonfim também é Oxalá o que leva a uma separação forte entre o que a igreja Católica prega e aceita e o que os adeptos do candomblé acreditam. E, claro, tem todo o lance das fitinhas. A TV Pirata uma vez falou que fitinha do Senhor do Bonfim é acessório obrigatório de segurança para os carros baianos. Sempre tive nos meus. E a J trouxe umas para o anjin. As fitinhas são como o colar de flores do Havaí na Bahia, recepção boa para turista sempre tem entrega das fitinhas por baianas vestidas a caráter. Mas a fitinha e turista me fazem lembrar um personagem chatíssimo que é o vendedor de fita. O cara se aproxima, oferece (ou joga) umas fitinhas para você e depois cobra (ou te achaca) um pagamento. Aí o turista de cara já gasta  um dos pedidos dele para que não seja mais abordado por um vendedor de fitinhas. C'est la vie.

E falando em vida, hoje eu fiquei olhando uma tempestade chegar. Sei que vou encontrar diversas por aí mas hoje fiquei olhando todo o processo: as nuvens escuras e baixas se aproximando, o roncar dos trovões, o vento mudando de sentido no rio, as ondas surgindo do nada. Subitamente uma rajada de vento fortíssima golpeou o barco fazendo tudo tremer e sinalizando que a tempestade tinha, enfim, chegado. O vento foi tão forte que o medidor do gerador eólico chegar registar uma geração de 20 Amperes antes dele automaticamente acionar o freio (que atua nos 45 nós, se não me engano). O máximo que eu tinha visto ele gerar antes foi 9 amperes!!! E o freio ativou automaticamente mais umas duas ou três vezes durante a tempestade. Não durou muito, felizmente, mas fiquei vendo as amarras esticando, o barco subindo e descendo nas ondas, os estais assoviando e eu seco dentro do cockpit graças à capota. Ajudou o fato do vento estar vindo do norte. Mais tarde ele começou a rondar para leste e agora está a sudeste. A chuva parou e voltou algumas vezes.

Antes disso, saí no meio do tarde com o mecânico para testar o motor. Tudo funcionou bem, o barco andou direito, a pressão do óleo normal, sem ruídos estranhos. Para não dizer que está tudo 100% o mecânico achou outro vazamento, bem pequeno dessa vez. Enquanto eu estava conduzindo o barco o mecânico ficou no compartimento do motor observando o funcionamento dos sistemas. Acho que eu nunca iria perceber esse vazamento. O mecânico só descobriu porque havia forrado todo o porão do barco com toalhas brancas absorventes. Embaixo da transmissão algumas gotas apareceram. O problema é que o óleo da transmissão é vermelho e fica impossível percebê-lo contra o motor vermelho ou no porão escuro. Então a pendência agora é substituir o o'ring da transmissão, por onde o óleo está vazando e recolocar o motor do piloto automático no lugar.

Hoje de manhã instalei suporte de papel higienico e porta toalha de mãos no banheiro. Além disso coloquei dois parafusos que estavam faltando na placa de suporte do jibe. Aproveitei e joguei fora algumas madeiras e conversei com o mecânico sobre o monte de parafusos que eu tenho sobrando, ele falou que o dono da oficina provavelmente vai querer fazer negócio comigo. Veremos!

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Motor outra vez

Boas notícias. O motor voltou a funcionar. O mecânico passou o dia remontando o motor. Infelizmente não deu para achar arruelas de nylon do tamanho e espessura necessárias para o motor. Então a solução foi usar arruelas de uma liga dourada e pintadas para evitar que se deteriorem novamente. O mecânico disse que deu uma limpada na arruela antiga e concluiu que ela era de alumínio. De acordo com ele o alumínio reage mais com o aço do bloco do motor que essas ligas douradas.

Quase todo o óleo foi removido do porão (como tinha muita sujeira embaixo do motor a bomba entope toda hora e a retirada final tem que ser manual). A mangueira foi trocada, bem como os terminais e uma braçadeira foi posta para aumentar a segurança do sistema. Todo o fundo do motor foi pintado com uma tinta emborrachada, para selar o metal e evitar ferrugem.

O mecânico ficava lá em baixo e eu ficava no cockpit levantando e abaixando o motor até conseguir chegar na posição correta. Após desmontar o suporte, apliquei uma amada de resina na madeira exposta do buraco para evitar inflitrações. No final do dia o motor foi ligado e aparentemente nenhum vazamento surgiu. Mas ainda tem coisa para terminar: é preciso tapar o buraco por onde o motor foi içado, verificar o nível do óleo novamente, recolocar o piloto automático no lugar e fazer um teste com o barco no rio.

De resto não teve muita coisa por aqui, só uma chuva incessante ontem à noite e que está se repetindo agora de noite. Descobri que os moitões que comprei para o screecher (a vela para ventos leves) não vão funcionar pois os postes do púlpito de proa (a estrutura metálica na frente do barco) são grossos demais. Tenho que pensar em outra solução.

Um problema com essa chuvas são os insetos que aparecem logo em seguida. Eles chegam voando, perdem as asas e começam a tentar entrar no barco. Alguns parecem formigas gordas, mas outros eu acho que são cupins. Não quero esses clandestinos famintos em meu barco de madeira.

Ontem fui no mercado correndo, antes da chuva começar a cair. Consegui ir e voltar antes da chuva, mas para compensar esqueci de comprar um monte de coisa. Também inventei de assar um bolo. Tudo ia bem até a hora que fui colocar a assadeira no forno. A equação assadeira muito cheia mais fogão que balança pode dar resultados ruins. Dito e feito, caiu massa dentro do forno (que já estava pré-aquecido) e rapidamente ela começou a queimar, soltar muita fumaça e grudar em tudo. Tive que parar a sessão cozinha, esperar o forno esfriar, limpar tudo, esfregando bastante. Demorou um bom tempo mas consegui limpar o forno e assar o bolo.

Ontem na hora do almoço fiquei separando as cartas náuticas que comprei. As cartas são bem grandes para minha mesa de navegação compacta. Pensei que bastaria dobrar na metade mas vou ter que fazer uns experimentos de origami para ver como trabalhar com elas. Organizei as cartas de leste para oeste... também descobri que umas duas ou três cartas que comprei não parecem ser muito úteis e que também estão faltando umas cartas, mas isso dá para resolver depois.

Prioridades agora: testar o barco e terminar o motor, resolver os cabos do screecher, pegar cabos na veleria, terminar os itens de acabamento, fixar os fios pendurados, terminar a instalação do acendedor de cigarros, colocar a buzina, fechar o painel elétrico, jogar coisas fora, fazer compras, arrumar o barco. Incrível como essa lista de coisas nunca diminui!!!

terça-feira, 15 de maio de 2012

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Motor

Depois de ir dormir olhando pedras crescerem no sábado, ontem passei o dia trabalhando com cabos. Estiquei mais uma vez o cabo da âncora (350 pés). Cortei um pedaço de 50 pés para a âncora de popa e um pedaço de 100 pés para a âncora de proa extra. Além disso ainda vai ter uns 20 pés de corrente em cada uma delas. Esses conjuntos de corrente e cabo vão ficar guardados para serem instalados quando necessário.

Mais tarde eu usei uma hot knife para cortar e selar a ponta de todos os cabos soltos do barco, para evitar que eles desfiem. Isso foi particularmente importante para as amarrações dos trampolins. No final da tarde eu fiz a emenda da corrente com o cabo de nylon. Depois eu coloco fotos.

Hoje de manhã fui na loja do cara da vela levar um cabo para trocar. Descobri antes do teste que o cabo do enrolador do jibe estava muito curto. A veleria me deu um cabo para eu usar no teste, mas o cabo era da mesma cor do outro, o que dificultou muito a tomada de ações mais rápidas. Eles vão me entregar um cabo com outra cor.

A boa notícia é que o mecânico apareceu. Ele terminou de desconectar o motor. Para içá-lo foi feito um furo no piso do cockpit, que será depois fechado com uma tampa de inspeção. Dois cavaletes foram colocados no cockpit e em cima deles foi posicionado uma barra de metal. Na barra foi colocada uma talha com uma corrente para puxar o motor. O maior problema foi que o motor só possui um ponto de içamento e para poder levantar o motor foi preciso improvisar com outras correntes e uns pedaços de madeira para manter o motor imóvel.


Para minha felicidade havia muito pouca ferrugem na parte inferior do motor. O problema do sumiço do óleo se deu à falha em duas arruelas. Duas prosaicas arruelas que custam centavos me custarão centenas de dólares de mão de obra mais duas semanas de atraso em minha partida. Incrível isso, mas felizmente foi algo simples. Diferente do motor do carro que tem um bujão (uma espécie de tampa por onde se escoa o óleo) devido a dificuldade de acesso muitos barcos tem uma conexão para ligar uma mangueira no fundo do motor para drenar o óleo sem ter que remover o bujão. Esse adaptador, chamado aqui de válvula banjo, tem duas arruelas.  No caso do anjin seja por tempo, corrosão ou eletrólise as arruelas desgastaram e deixaram o adaptador relativamente frouxo, o que permitiu o vazamento do óleo.

A foto permite ver o miolo do adaptador, que nada mais é um bujão com um buraco do lado onde se encaixa o banjo. Vai uma arruela encostada no motor (que é a metade do semi-circulo na parte de baixo) e outra arruela entre o bujão e o banjo (que é a arruela de cima, bem desgastada). As arruelas estavam muito abaixo da espessura original, a de cima parecia um pedaço de papel alumínio. Além disso a mangueira que estava conectada ali, apesar de aparentemente inteira deverá ser trocada, pois se der problema novamente, não será preciso levantar o motor de novo.

O mecânico levou as peças e deixou o motor apoiado em uns blocos de madeira e semi-suspenso por aquela armação. No final do dia o chefe dele passou no barco para saber o resultado. Contei para ele e ele disse que dei sorte por ser um problema simples e relativamente comum em motores mais antigos. Mas que não dá para consertar sem levantar o motor. Ele falou que vai trocar as arruelas por outras de nylon ou alumínio, para evitar a corrosão.

O que me preocupou foi ele ter dito ao sair que os mecânicos estão todos muito ocupados nessa semana e que ele só mandou o mecânico aqui hoje porque meu problema poderia requerer a encomenda de peças ou partes. Bem, vou dormir tranquilo hoje pois as coisas estão mais bem encaminhadas.

sábado, 12 de maio de 2012

Jardins de pedra

Não tenho vergonha em confessar que a maior parte dos meus parcos conhecimentos sobre cultura japonesa são frutos da leitura de Xogum durante minha adolescência. Sim, foi um livro que marcou, primeiro porque tem mais de 1000 páginas e segundo porque foi a descoberta de um mundo novo. Ele influenciou minha decisão de querer fazer intercâmbio e despertou meu interesse pelas diferenças culturais. Então, se puder, vá ler o livro, conheça o anjin-san.

Um dos pontos que chamou minha atenção no livro foi o anjin-san explicando os "jardins de pedra". De acordo com o alter-ego do James Clavell, os samurais ficavam fitando o jardim para relaxar, concentrar-se e exercitar a paciência. Para isso eles observavam "as pedras crescerem".

Agora me vejo exercitando minha paciência. O mecânico ainda não apareceu. Estou em uma situação delicada porque já estou sentindo que o dono da oficina está ficando incomodado com minhas ligações quase diárias. O cara da veleria me confirmou que essa época é uma das mais movimentadas na região e que a oficina deve estar realmente cheia. A dificuldade é que bons mecânicos são poucos. Achei esse cara honesto e gostei do serviço dele (após minhas desventuras com outros dois (quase três) mecânicos).

Eu deveria me acostumar com isso. Acho que minha grande dificuldade é já ter ficado aqui por tanto tempo e estar pronto para sair. Mas vela requer paciência. Saber o tempo certo para partir, esperar a maré correta para entrar em um porto, esperar o peixe morder a isca, esperar o vento aparecer ou acalmar, esperar a hora de ir descansar e mal poder esperar para abraçar e beijar novamente a mulher que ama ;)

Então, tenho que ver as pedras crescerem e começar a pensar em um plano B (e até mesmo em um C). Pensei também que tenho sorte de estar esperando um mecânico para consertar um motor, e não esperando um órgão para transplante ou milhares de possibilidades de espera muito piores.

Nesse meio tempo terminei de instalar as luminárias e ventiladores. Ontem troquei a corrente antiga da âncora pela corrente nova; medi quanto tenho de cabo de nylon para ancoragem; comecei a jogar coisas fora; dei a corrente velha.

E na quinta feira passei a tarde consertando o vaso sanitário. Saiu uma água com uma cor suspeita e um cheiro pouco agradável. "It is a dirty job but someone gotta do it", como já dizia o Faith no More. Tive que furar novamente os suportes para a válvula porque com a nova posição das mangueiras a furação antiga não funcionava. No final, o vaso está funcionando a contento.

Com toda a chuva que teve por aqui na semana passada o nível do rio deu uma subida. Fica bem mais fácil para entrar e sair do barco. E graças ao vento forte que começou a soprar ontem (e principalmente pelo sol porque parou de chover) as baterias saíram do mínimo para o máximo. A vida pode ser boa e simples.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Compasso de espera

Deja vú all over again. Mais uma vez me vejo parado esperando um fornecedor para resolver meus problemas. No caso, sigo esperando pelo mecânico. Hoje fez uma semana que o dono da oficina veio aqui e sugeriu uma linha de ataque. O problema é que os mecânicos dele estão ocupados... é perto do início do verão e, para complicar, quase início da temporada de furacões quando muita gente vai sair daqui, não necessariamente para o Caribe, mas geralmente para o Norte, para cumprir com os requerimentos das seguradoras.

Mas agora estou percebendo que tem algo diferente... Apesar de ainda estar instalando coisas (no caso ventiladores, lâmpadas, tomadas e fios) começo, enfim, a viver o barco. A identificar as pequenas coisas, ver detalhes que antes passavam batidos.

Uma das coisas que notei é que tem problemas com o vaso sanitário (observação, eu só uso o sanitário do barco para escovar os dentes de vez em quando, para todo o resto sigo usando o banheiro da marina, ou seja, a proa do barco é muito pouco utilizada). Não entendi direito quando depois de usar o "aspirador" da marina, na volta do teste com o barco, o tanque de águas negras não foi todo esvaziado. Bem, deixa eu explicar. Aqui nos EUA a legislação proíbe jogar para fora esgoto do vaso sanitário quando navegando por águas costeira. A solução é usar um tanque que guarda as "águas negras" até chegar em um ponto no qual seja possível descarregá-lo. Ou em uma estação de bombeamento, onde o esgoto é aspirado por um mangueirão ou em alto mar, caso o barco tenha uma bomba para esvaziar o tanque. Descobri dois problemas no anjin: o primeiro é que o seletor para aspirar o tanque não está funcionando e a outra é que a bomba não está conseguindo puxar o conteúdo do tanque. Dá para entender agora porque o tanque não foi todo esvaziado. O problema é que as válvulas foram instaladas no sentido errado. Agora vou ter que desconectar, mudar as válvulas de lugar e reconectar. É um trabalho sujo, acreditem...

A previsão de visita do mecânico é amanhã... espero que ele apareça mesmo.

Todas as luminárias já estão instaladas, agora só falta dois ventiladores na cabine do popa.

Como eu usei muito o aspirador de pó nesse fim de semana limpando o barco + dias com pouco sol e muita chuva + pouco vento, o nível das baterias está bem baixo. Mas estou resistindo e ainda não conectei o barco na tomada. Vamos ver até onde consigo ir. Qualquer coisa, é só plugar o barco e deixar o carregador de baterias fazer o serviço dele.

Depois de terminar o esgoto e ventiladores, vou dar  uma olhada nas coisas de proa a popa, depois começar a arrumar o interior, fazer as compras de comida e por fim dar  uma testada em tudo e estaremos prontos para partir. Só espero que a novela do motor não se arraste muito.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Novos problemas

Aqui estou pagando minha língua. No mesmo dia em que escrevi sobre barcos velhos com velhos problemas e problemas novos, me apareceu um problema novo. Misteriosamente todo óleo do motor  sumiu. Fui checar o nível na vareta e ela estava seca. E eu tinha olhado o nível antes de ir para o estaleiro e estava normal. Surpreendentemente o óleo foi parar no porão do barco!!!

Pensei que o óleo tivesse vazado pelo filtro ou pela própria vareta do nível, mas consegui falar com o mecânico na quinta que pediu que eu completasse o nível do óleo novamente para ver o que acontecia. Pois bem, o motor ligou sem ruídos estranhos mas o óleo, aos poucos, sumiu. Provavelmente deve ser algum bujão solto no  fundo do motor ou um buraco causado por ferrugem.

Para descobrir o que aconteceu exatamente vai ser preciso levantar o motor. Por isso esvaziei a cabine de popa abrindo espaço para os mecânicos colocarem ferramentas e peçase e dei uma esvaziada no cockpit. Para terminar o quadro, passei o final da tarde de domingo desconectando mangueiras do motor. Também desconectei o motor do piloto automático. Teve coisas que não consegui terminar por falta de ferramentas - que já estão na lista de compras.

Na quarta feira passada o "Eletricista Novo" veio aqui no barco e encerrou a novela do piloto automático. Paradoxalmente foi mal ele resolver o problema que eu tenho que tirar o motor do piloto para que os mecânicos possam trabalhar melhor no motorzão... é despir um santo para vestir outro, impressionante. Mas voltando à história do piloto automático: o Cérebro passou semanas e não conseguiu fazer o controle remoto do piloto automático funcionar. O Eletricista Novo olhou as conexões e já apontou o problema: faltava um cabo extra para alimentar os dados para o transmissor receptor do controle remoto. De quebra ele ainda identificou que o Cérebro não tinha conectado o cabo de força incorretamente e isso causaria o funcionamento errático do piloto (provavelmente nas horas com mais ondas e desespero).

O mecânico deveria ter aparecido aqui hoje, mas ainda está enrolado em outro barco. Talvez amanhã. Espero que ele apareça logo porque a temporada de furacões está se aproximando (de novo).

Nesse meio tempo voltei a trabalhar no interior do barco. Recoloquei a lâmpada fluorescente da cozinha que tinha quebrado (recebi uma nova na garantia), instalei luminárias na bancada de trabalho na proa e na minha antiga cama, instalei 4 ventiladores e no final do dia fiquei tentando testar a buzina que veio no barco. Ainda está na caixa, mas aparentemente não funciona.

Amanhã, se o mecânico não aparecer, devo terminar essas últimas coisas da parte elétrica, que não são fundamentais e estava deixando para fazer mais adiante.

domingo, 6 de maio de 2012

As milhas de pedra

Tem umas expressões em inglês que são bem legais. Uma que gosto muito é a milestone, o título desse post. Historicamente eram as marcações de milhas nas estradas romanas e vocês, como bons estudantes de história, devem lembrar que a milha eram 1000 passos de um legionário romano (só lamento se o cara tivesse perna curta).

Hoje me deparei com uma dessas pedras no meu caminho. Meu primeiro aniversário no projeto. Há um ano  aterrissei em Miami, aluguei  um carro e fui para o estaleiro ver o barco, crente que em três meses tudo estaria resolvido e logo estaria começando minhas navegações. Sempre pensei muito nesse projeto em relação à distância e tempo de navegação, mas não de preparação.

Conversando com J, fiz um resumo desse projeto, a razão de ser do meu sabático. O maior aprendizado até agora foi tentar relaxar e deixar as coisas fluírem. Para mim isso não é fácil. Adoro planejar, imaginar e executar, mas essa empreitada está sendo muito diferente. As surpresas são muitas. Na verdade tem horas que até acho que estou em um campo minado. Nunca sei se o próximo passo vai ser tranquilo ou explosivo.

Um ano depois tenho um barco quase pronto, um orçamento estourado e praticamente nada navegado. Entretanto, nesse intervalo consegui tocar uma obra cujas dimensões e complexidade ultrapassam o trivial; logrei manter um relacionamento; vivi só, vivi acompanhado; fiz viagens de curta duração para manter minha sanidade e matar saudades. Se tudo terminasse hoje ficaria orgulhoso de ter chegado até aqui, ter superado as privações do início, viver em um barco (na água e no seco) por todo esse tempo, presenciar amanheceres e por do sol lindos, acompanhados de golfinhos, peixes boi, e peixes escamosos. Percebi até que tem gente por aqui que, da maneira deles, se preocupa comigo (ou tem pena) e tentam, na maneira deles, ajudar. Já foi mais tempo do que quando fiz intercâmbio. E se por um lado tem o lance de viver em outro país novamente, por outro lado não tem a mesma interação com a sociedade, o que me leva a classificar a situação com um "exílio voluntário".

Importante esclarecer que as coisas tomaram esse rumo por causa das prioridades que dei. O imediato viveu aqui menos tempo que eu mas conhece muito mais da cidade e dos estabelecimentos. Sou um  homem com um objetivo,  espero poder atingi-lo em breve. Esse projeto é um sonho de longa data, vou me esforçar para torna-lo realidade, mas se perceber que a coisa está tomando um aspecto muito negativo, abortarei a missão. Como acabei de explicar, é para ser a materialização de um sonho e não de um pesadelo.

Ontem e hoje tenho trabalhado no acabamento do barco, para me livrar de  um monte de madeira que tem aqui por dentro. Basicamente estou colocando anteparas nas prateleiras para evitar que as coisas caiam e também estou montando pequenos detalhes. Aproveitei a relevância da data para colocar o presente de natal que o Felipón enviou. A primeira obra de arte do barco que ao mesmo tempo é um pedido de proteção. Como os ideogramas permitem múltiplas interpretações e também levou-se em consideração o significado de angin (vento em indonésio), tem se a frase, em uma interpretação livre minha baseado no doc de apoio do presente:

"Que os ventos, anjin e eu nos protejamos mutuamente."


Sob a luz da mega lua refletindo no Indian River me despeço de vocês.




quarta-feira, 2 de maio de 2012

Calma crianças

À medida que se aproxima a data de partida (que ainda não sei quando é), aumenta a ansiedade. E já vou avisando que não é só a minha. Minha mãe, por exemplo, está tão (ou mais) ansiosa do que eu. E não sei bem o que as outras pessoas estão pensando. J e Breu estão empolgados, mas não sei o grau de preocupação deles,  que no meu caso materno é alto. Talvez vendo minha ansiedade eles não queiram jogar gasolina no fogo.

Mas acho que nesse um ano por aqui deu para aparar várias arestas e aprender alguma coisa. Ainda tenho muito o que aprender mas já tenho alguma bagagem.

Lendo essa matéria da revista Cruising World sobre um casal que decide, do nada, comprar um catamarã e viajar me faz me sentir melhor. O fato deles terem muito dinheiro, é apenas um detalhe...

http://www.cruisingworld.com/videos/cruising-life/beginners-luck

Uma das coisas que eles contam, que achei importante dividir com vocês,  foi a decisão deles de comprar um barco novo porque acreditavam que assim teriam menos problemas. Eles explicam que não foi isso que ocorreu e contam que tiveram que reparar muitas coisas, entre elas:

  • rabetas dos dois motores
  • cruzeta do mastro
  • motor do dessalinizador
  • compressor
  • ancora
  • plataforma de entrada
  • TODOS OS ELETRONICOS
  • conta giros
  • adriças
  • enroladores de velas de proa
  • uma bateria
  • lavadora de roupas
  • e três vazamentos


A parte boa (para eles) é que pelo fato do barco ser novo eles foram ressarcidos, mas ainda assim aguentaram dores de cabeça e tiveram que buscar fornecedores para resolver os problemas em outros países. Sintetizando: barcos dão problema. Barcos novos dão problemas novos. Barcos semi novos dão menos problemas e barcos velhos dão problemas novos e velhos. Mas barco é uma cachaça, então...

Ou seja, tenham fé!

terça-feira, 1 de maio de 2012

primeira saída no mar?!

Não tenho muita certeza disso mas eu arrisco dizer que o primeiro a levar o anjin para um passeio no mar foi eu. Se tivesse velejado de fato, eu teria certeza, mas indo ao mar só com o motor não sei se é uma experiência nova para o barco. O que posso dizer é que foi uma experiência nova para nós.

O barco foi para a água cedo, pouco depois das 08:00. Mas não consegui ir para o mar imediatamente porque gastei um bom tempo fazendo a calibração do piloto automático. Esse tempo investido em fazer o piloto funcionar valeu a pena porque me permitiu a tranquilidade para poder filmar e resolver coisas pelo barco enquanto o piloto automático tocava o leme.

O que não me deixou satisfeito foi a qualidade do vídeo. Essa câmera Fuji tem dificuldade em focar, faz ruído ao utilizar o zoom e tem um white balance precário que frequentemente deixa os vídeos superexpostos. Não sei se o comando para vídeo é o mesmo para fotos. De qualquer forma, segue abaixo minha empolgação.


Lavagem do anjin

Processo de limpeza do casco para aplicação de uma demão de tinta venenosa.

Segundo o pessoal do estaleiro a pintura deve durar aproximadamente um ano, mas como o barco se movimentou pouco, mais sujeira grudou no casco. No geral a tinta não estava tão mal, apesar de que em diversos pontos ela já tinha sumido por completo e em breve permitiria o surgimento de colônias de limo, algas, cracas e afins.

O jato de água que está sendo utilizado possui uma pressão de 4 mil libras. Para efeito de comparação, o pneu de um carro é calibrado com 30 libras... Dessa forma o jato consegue tirar grande parte da sujeira incrustrada (percebe-se também que ele remove parte da tinha). O melhor seria não aplicar o jato para preservar a tinta. Contudo, não dá para pintar o casco sem remover a sujeira incrustrada, que impediria a aderência correta da tinta.