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quinta-feira, 17 de maio de 2012

Senhor do Bonfim

Há um bom tempo venho usando uma fitinha do Senhor do Bonfim no braço. Não lembro quando a coloquei e muito menos o que foi que pedi. O que sei é que ela partiu hoje enquanto eu trabalhava no barco. Espero que isso seja um bom sinal. Para os não baianos, o Senhor do Bonfim é muito forte lá em Salvador. Para muitos é só uma festa, a lavagem das lavagens. Para mim é o dono de um dos hinos mais bonitos que conheço e de uma igreja no topo de um morro em uma zona da cidade que é bem plana. Por anos a igreja foi um ponto de referência na cidade, principalmente para quem vinha pelo mar, hoje ela está camuflada pelas outras construções.

Mas o Senhor do Bonfim também é Oxalá o que leva a uma separação forte entre o que a igreja Católica prega e aceita e o que os adeptos do candomblé acreditam. E, claro, tem todo o lance das fitinhas. A TV Pirata uma vez falou que fitinha do Senhor do Bonfim é acessório obrigatório de segurança para os carros baianos. Sempre tive nos meus. E a J trouxe umas para o anjin. As fitinhas são como o colar de flores do Havaí na Bahia, recepção boa para turista sempre tem entrega das fitinhas por baianas vestidas a caráter. Mas a fitinha e turista me fazem lembrar um personagem chatíssimo que é o vendedor de fita. O cara se aproxima, oferece (ou joga) umas fitinhas para você e depois cobra (ou te achaca) um pagamento. Aí o turista de cara já gasta  um dos pedidos dele para que não seja mais abordado por um vendedor de fitinhas. C'est la vie.

E falando em vida, hoje eu fiquei olhando uma tempestade chegar. Sei que vou encontrar diversas por aí mas hoje fiquei olhando todo o processo: as nuvens escuras e baixas se aproximando, o roncar dos trovões, o vento mudando de sentido no rio, as ondas surgindo do nada. Subitamente uma rajada de vento fortíssima golpeou o barco fazendo tudo tremer e sinalizando que a tempestade tinha, enfim, chegado. O vento foi tão forte que o medidor do gerador eólico chegar registar uma geração de 20 Amperes antes dele automaticamente acionar o freio (que atua nos 45 nós, se não me engano). O máximo que eu tinha visto ele gerar antes foi 9 amperes!!! E o freio ativou automaticamente mais umas duas ou três vezes durante a tempestade. Não durou muito, felizmente, mas fiquei vendo as amarras esticando, o barco subindo e descendo nas ondas, os estais assoviando e eu seco dentro do cockpit graças à capota. Ajudou o fato do vento estar vindo do norte. Mais tarde ele começou a rondar para leste e agora está a sudeste. A chuva parou e voltou algumas vezes.

Antes disso, saí no meio do tarde com o mecânico para testar o motor. Tudo funcionou bem, o barco andou direito, a pressão do óleo normal, sem ruídos estranhos. Para não dizer que está tudo 100% o mecânico achou outro vazamento, bem pequeno dessa vez. Enquanto eu estava conduzindo o barco o mecânico ficou no compartimento do motor observando o funcionamento dos sistemas. Acho que eu nunca iria perceber esse vazamento. O mecânico só descobriu porque havia forrado todo o porão do barco com toalhas brancas absorventes. Embaixo da transmissão algumas gotas apareceram. O problema é que o óleo da transmissão é vermelho e fica impossível percebê-lo contra o motor vermelho ou no porão escuro. Então a pendência agora é substituir o o'ring da transmissão, por onde o óleo está vazando e recolocar o motor do piloto automático no lugar.

Hoje de manhã instalei suporte de papel higienico e porta toalha de mãos no banheiro. Além disso coloquei dois parafusos que estavam faltando na placa de suporte do jibe. Aproveitei e joguei fora algumas madeiras e conversei com o mecânico sobre o monte de parafusos que eu tenho sobrando, ele falou que o dono da oficina provavelmente vai querer fazer negócio comigo. Veremos!

5 comentários:

  1. Caramba, se já está na instalação de porta-toalhas e faxina geral é um ótimo sinal. Quando falou das fitinhas, me veio imediatamente a imagem chata do assédio dos vendedores, mas você ilustrou bem a coisa. Avante!

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  2. Minha bisavó assinava muitas cartas com a frase: c'est la vie....

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  3. Sexta e dia de branco e também e dia de pensar na Bahia. Talvez anjin nunca vá a Bahia, talvez vá, mas o importante e a Bahia já foi até ele.. Fitinha, iemanja, carranca.. Se depender e proteção da Bahia, meu nego, nao há tempestade nesse mundo que o impeça de seguir..

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  4. Não existe obra acabada,cada passo dado é preparação para mais um desafio.Tenha em mente planos alternativos, para alcançar o objetivo e se necessário lance mão da intuição .(algo nunca imaginado )aproveite o melhor de cada porto.Acredito que isso é viver . Sucesso( o simples fato de tentar já é um sucesso).
    Ps:acompanho seu bloque (indicado pelo Imediato, meu filho)

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  5. @ Breu: sim, os "vendedores" de fitinha são insuportáveis.. e esse estado que estou aqui meio pronto meio inacabado também é difícil. Vou ter que colocar uma pedra de milha e bater o martelo. O barco não estará terminado mas estará pronto.

    @ J: oxalá, linda. Sobre o anjin conhecer a Bahia, isso está escrito nas brumas do destino

    @ Sr. Galvani: pensei que fosse uma mensagem do imediato. Agradeço as palavras e pelo acompanhamento do blog. Seu filho sempre fala que vocês seguem com atenção. Obrigado!

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