Foram dias sem descanso. Na verdade, todo dia aqui é dia de trabalho. Tenho que terminar logo essa etapa porque a temporada de furacão se aproxima.
Na sexta tive que remedir umas coisas e tirar umas fotos da mastreação do barco para definir o que vai ser feito. Estou começando a concluir que abaixar o mastro pode ser uma boa. Vai ser mais uma grana de cara mas vai dar para eu fazer coisas sozinho e economizar no longo prazo. Com o mastro no lugar forçosamente vou ter que contratar alguém para fazer o serviço ou para me ajudar a subir. Com o mastro no chão fica mais fácil instalar as coisas, fazer a inspeção. Devo aproveitar para pinta-lo.
Também entrei em contato com o fabricante do leme de vento Auto-helm. Só consegui achar algumas peças e não sei exatamenteo o que falta além da pá e da conexão com o leme externo.
Os eletricistas vieram na sexta. Também sofreram com o plug na parede que não é compativel com plugs comuns e com disjuntores desligados. Me fez me sentir melhor. A boa notícia foi que minha extensão estava funcionando. A parte ruim é que o inversor não deu sinal de vida.
Inversor é um aparelho que trata da energia no barco. No caso da unidade que está instalada, ela recebe a corrente 110 ou 12V, recarrega baterias, conecta com o gerador, manda para o painel e por aí vai. Muito bom na teoria, mas na hora de funcionar nada. A recomendação foi tirar a unidade para avaliação. O eletricista disse que podia fazer isso, mas a US$85/hora eu preferir fazer eu mesmo.
Gastei mais de 3 horas para conseguir fazer o serviço. O acesso era ruim, as chaves que eu tinha eram pequenas e por aí vai. Mas a grande dificuldade foi que a unidade estava colada na parede! Depois de uma hora brigando com ela usando uma chave de boca para fazer alavanca, resolvi improvisar um pé de cabra. Achei uma barra de metal chata, coloquei ela dentro de uma mangueira para não estragar a madeira e fiz força. Nada... o silicone que foi usado era bom e esticava e voltava para o ponto inicial.
Churchill disse que "desperate times call for desperate measures". Já estava cansado e com as mãos doendo. Isso para não falar no calor da cabine de popa (já comentei sobre isso anteriormente). Então coloquei os dois pés na parede, me apoiei na cama e puxei o pé de quase-cabra. O inversor saiu, arrancou um pouco da madeira a parede com ele... quebrou a cordinha que eu tinha colocado para segurá-lo, mas felizmente nada de sério aconteceu. O bicho é muito pesado. Pensei em uns 15 quilos mas deve ter uns 30. Agora vou ter que pagar alguém para me ajudar a carregá-lo até o carro e dirigir até Orlando. Como o eletricista disse que o cara não daria desconto para ele, resolvi fazer isso eu mesmo. Até pq, teria que pagar ao eletricista pare ele vir aqui pegar e despachar o inversor.
Com isso resolvi encerras os trabalhos pesados na sexta. Fui organizar as listas de coisas para comprar e instalar. Estou usando o programa Xmind, seguindo sugestão enviada por J. O programa oferece uma boa visualização, mas ainda tenho que explorar as potencialidades.
Não sei se comentei, mas a internet de grátis daqui é meio vagalume... fica indo e vindo. Não só acaba com a paciência mas torna conversas via internet quase impossíveis. Acho que isso é para me preparar para as travessias.
Recebi um telefonema na manhã do sábado, nada de fornecedores, técnciso, vendedores nem era o corretor. Era só para saber como eu estava. Confesso que isso me deixou muito feliz. Chamadas inesperadas sem noticias ruins são excelentes para a moral.
No sábado fui para o depósito novamente. Passei o dia separando o que serve, do desconhecido e do imprestável. Deduzi que os love bugs dão plantão no fim de semana pois o número deles estava muito maior que durante os dias úteis. Na estrada dava para ver nuvens de insetos. No depósito consegui organizar as coisas em fios, mangueiras, material de acabamento, material de obra, ferragens, material eletrico e material hidraúlico. O unico problema no meu processo organizacional foi uma tempestade tropical. Molhou um monte de coisa... se o cheiro de mofo já estava ruim, imagine agora.
Na volta parei para comer um sorvete... já estou sem geladeira há quase uma semana. O que me força a ir ao mercado dia sim dia não. De vez em quando compro alguma coisa gelada e consumo logo. No sábado de manhã veio um técnico olhar minha geladeira. Ele disse que acha que tem conserto, mas o fato do sistema ter ficado aberto pode ter comprometido a capacidade de refrigeração. Anotou os números de referencia e me responde depois dizendo se é melhor consertar ou trocar. Ele perguntou se eu preferia uma geladeira ou um freezer. Disse que preferia um freezer. Com um freezer dá para fazer gelo, congelar coisas e manter um isopor. Vivi quase um ano na república, em Brasilia, com uma "arca conservadora". Acho que vai ser um revival.
A noite de sábado foi movimentada... o vento que começou de tarde foi só aumentando. O ar zunia nos estais e balançava o barco. Não tive medo do mastro desabar, mas sim do barco cair do suporte. Levantei umas 3 vezes de noite. Duas para prender/apertar uns cabos que soltaram e outra para mover meu carro de lugar. Estava com medo que o vento jogasse alguma tabua solta no carro por isso estacionei em um lugar mais abrigado e voltei a dormir. Essa noite foi maravilhosa: não teve muriçoca e não fez calor. Mudança bem vinda. :)
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