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sexta-feira, 13 de maio de 2011

Velas e velhas

Dia 12 foi um dia corrido... minha cabeça estava cheia, coisas de barco e coisas não barco. Volta e meia estava pensando sobre Brasilia. Pensei muito, de gente a velejadas. Lembrei da reforma do Mootley, a beira do lago Paranoá, que demorou 4 vezes o estimado. O objetivo aqui é não cair nessa mesma armadilha. Mas é tanta coisa para fazer que tem horas que me perco. Vou seguir o conselho dado por J e montar listas.

Para minha surpresa o corretor apareceu aqui de manhã cedo. Eu tinha comentado com ele que a reforma do fundo ficou faltando uns pontos. Ele insistiu que só faltavam os pontos onde o barco está apoiado. Mostrei para ele, que teve que aceitar a verdade e falou que na próxima semana vai resolver isso.

Depois fiquei esperando o eletricista aparecer... estava com medo de ligar o barco na tomada e alguma coisa estourar. Cansado de esperar, resolvi tentar ligar e nada aconteceu. Passei horas, então, limpando contatos nas extensões, tentando diferentes adaptadores e nada. Depois eu descobri, por acaso, que a tomada que estava tentando usar estava com o disjuntor desligado. Isso é que dá não ter um multímetro. Fui fazer outra coisa chateado por ter gasto todo esse tempo com as tomadas que não funcionam.

Comecei a montar uma lista inicial. A prioridade são as velas. Não só pq isso é um veleiro mas também porque elas demoram para ficar prontas.

De tarde fui visitar o depósito que estou alugando. Sim, precisei alugar um quartinho para guardar todas as peças extras que vieram com o barco. Lá estão todas as ferragens do barco, peças elétricas e um monte de coisas velhas.

Pelo que fiquei sabendo o cara que construiu o trimarã era um comandante de esquadra da Marinha Americana. O sujeito era bem metódico. Muitas das embalagens das ferragens tinham sacos plásticos com data. Fiquei com pena de ver coisas compradas em 97 e ainda embaladas. O cara morreu de ataque cardíaco na cadeira do dentista antes de terminar a obra. Uma pena.

Já o segundo dono era um engenheiro maluco desorganizado. Guardava tudo sem muita lógica e não acho que ele tinha o conhecimento de naútica do comandante. A paixão do engenheiro eram os sistemas elétricos. Confesso que isso me deixa meio preocupado. O barco tem paineis solares,  alternadores extras, gerador, inversoro, diodos, bloqueadores, filtros... uma babel. Nisso ele avançou, mas na parte de navegação, o barco ficou mais ou menos como o comandante deixou: inacabado.

Mas bem, voltando ao depósito o objetivo era ver o que tinha de ferragem diponível. Tinha um monte de coisa que eu nunca vi e um outro tanto que eu não entendia porque ele comprou tantas iguais. Achei o enrolador de genoa, o motivo da minha ida ao depósito, no canto em que eu tinha guardado há quase um mês. O problema foi que a caixa de papelão desmontou e o conteúdo caiu dentro de outra caixa maior cheia de miudezas. Como não sabia extamente o que estava buscando, a garimpagem demorou bastante. Aproveitei para jogar coisas velhas fora: revistas de propaganda do caribe, um rádio VHF de 1977, trapos, sacos, ferramentas enferrujadas. Esse depósito vai me dar trabalho...

O final do dia foi na forneria, digo, veleria. Devo encomendar uma genoa 2 e um jibe. Estou decidindo se vou fazer um balão assimétrico. O veleiro falou que estava quase tudo lá, mas as peças estão cobertas com tinha e eu vou ter que limpar tudo porque a tinta está impedindo o encaixe correto. Ele também me passou um dever de casa: mais medidas das ferragens e fotos da mastreação. Velas novas, vela velha, peças velhas, partes novas, com perseverança e pensando no meu farol, vou seguindo adiante.

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